São Bernardo de Claraval. Juan Correa de Vivar (1510-1566) |
“Se for por Deus que de conde vos tornastes um simples soldado; e em pobre de rico que fostes, eu vos felicito do mais fundo de meu coração, e dou glória a Deus, porque eu estou convencido de que essa mudança foi obra da destra do Altíssimo.
“Entretanto, sinto-me obrigado a vos confessar que não posso facilmente renunciar, por uma ordem secreta de Deus, a vossa amável presença, e de nunca mais voltar a vos ver, a vós junto a quem eu teria desejado ter passado minha vida inteira, se isso tivesse sido possível.
“Poderia eu, com efeito, esquecer vossa antiga amizade, e os benefícios com que tendes cumulado nossa Casa?
“Eu rogo a Deus, cujo amor vos inspirou tanta munificência por nós, de vos ter em conta de um verdadeiro fiel.
“Da minha parte, conservarei uma gratidão eterna, da qual quereria poder vos dar as provas.
“Ah! Se me tivesse sido dado viver convosco, com quanta sofreguidão eu teria querido atender às necessidades de vosso corpo e de vossa alma.
“Mas posto que isso me é impossível, só me fica vos garantir que, apesar da distância, vós não cessareis de estar presente em meu espírito durante minhas orações.”
(Fonte: Obras completas de São Bernardo, abadia de Saint-Benoit, Cartas aos Templários)