Museu de Arte Popular dos Pirineus, Lourdes, França |
Luis Dufaur Escritor, jornalista, conferencista de política internacional, sócio do IPCO, webmaster de diversos blogs |
Nos camponeses de certa região da Espanha, o pai de família presidia a refeição numa poltrona; a esposa ao lado direito dele também numa poltrona.
Poltrona de camponês, de madeira, feita até com bonito trabalho por eles nas noites de inverno.
Depois, cadeiras com encosto para os filhos mais velhos, sem encosto para a criançada.
E sobre a mesa um pão enorme que a dona de casa tinha mandado cozinhar entre outras coisas para o almoço.
Quando o pai chegava à cabeceira da mesa ele fazia o nome do padre. Todos seguiam, e ele dizia uma oração: “Que o Menino Jesus que nasceu em Belém bendiga esse alimento e nós também”. Bom, daí todos diziam “Amém”.
Sentavam-se, ele pegava o pão, cortava o primeiro pedaço e ia distribuindo para cada um. Aí começava a refeição.
Qualquer refeição dos “famosos” de hoje não tem um centésimo dessa respeitabilidade.
Mas não é que não tem, eles não querem que tenha; odeiam! Se oferecessem a eles, eles repudiariam com furor, não gostam disso.
Não é dizer que eu esteja fazendo um elogio da aristocracia; eu elogio a aristocracia porque ela tem a sua razão de ser na ordem posta por Deus.
Mas, não é disso que eu estou tratando, esta forma de grandeza séria que existe em tudo dentro da ordem católica, e que se estendia até um trinco ou uma fechadura.
Há portas medievais com uma ferronerie, com uma tira de ferro prendendo várias ripas de madeira. É uma coisa tão comum!
É só para manter a madeira da porta toda unida, e não poder ser arrebentada. É preciso dar mais coesão às tábuas: então prendiam uma tira de ferro.
A cultura contemporânea faz isso de um modo horrendo.
Eles faziam de um modo bonito. Faziam tiras de ferro que terminava em geral numa cabeça de flor de Lys, uma coisa qualquer assim.
Eles adornavam, mas o adorno simples, do pobre, no ferro, hoje em dia se vende por uma fábula num antiquário.
Esta respeitabilidade era acompanhada de uma coerência em tudo na Idade Média.
Na organização da sociedade civil, da eclesiástica, das partes internas da sociedade, e tudo mais, tudo é coerente com tudo.
Cena familiar, Museu de Arte Popular dos Pirineus, Lourdes, França |
(Fonte: Plinio Corrêa de Oliveira, 2/6/91. Sem revisão do autor)