Faculdade de Medicina de Salerno |
Luis Dufaur Escritor, jornalista, conferencista de política internacional, sócio do IPCO, webmaster de diversos blogs |
Por volta de 1150 são fundadas as primeiras universidades medievais – Bolonha (1088), Paris (1150) e Oxford (1167) — em 1500 já seriam mais de setenta. Esse foi efetivamente o ponto de partida para o modelo actual de universidade.
Algumas dessas instituições recebiam da Igreja ou de Reis o título de Studium Generale; e eram consideradas os locais de ensino mais prestigiados da Europa, seus acadêmicos eram encorajados a partilhar documentos e dar cursos em outros institutos por todo o continente.
Tratando-se não apenas de instituições de ensino, as universidades medievais eram também locais de pesquisa e produção do saber, além de focos de vigorosos debates e muitas polêmicas. Isso também ficou claro nas crises em que estas instituições estiveram envolvidas e pelas intervenções que sofreram do poder real e eclesiástico.
A filosofia natural estudada nas faculdades de Arte dessas instituições tratava do estudo objetivo da natureza e do universo físico. Esse era um campo independente e separado da teologia; entendido como uma área de estudo essencial em si mesma, bem como um fundamento para a obtenção de outros saberes.
Influxo decisivo das ordens religiosas
Outro fator importante para o florescimento intelectual do período foi a atividade cultural das novas ordens mendicantes: especialmente os Dominicanos e os Franciscanos.
São Francisco e franciscanos, Benozzo Gozzoli |
A integração dessas ordens nas universidades medievais proporcionava a infra-estrutura necessária para a existência de comunidades científicas e iria gerar muitos frutos para o estudo da natureza, especialmente com a renomada escola Franciscana de Oxford.
O influxo de textos gregos, as ordens mendicantes e a multiplicação das universidades iriam agir conjuntamente nesse novo mundo que se alimentava do turbilhão das cidades em crescimento.
Em 1200 já havia traduções latinas razoavelmente precisas dos principais trabalhos dos autores antigos mais cruciais para a filosofia : Aristóteles, Platão, Euclides, Ptolomeu, Arquimedes e Galeno.
Nessa altura a filosofia natural (e.g. ciência) contida nesses textos começou a ser trabalhada e desenvolvida por escolásticos notáveis como: Robert Grosseteste, Roger Bacon, Alberto Magno e Duns Scot, que trariam novas tendências para uma abordagem mais concreta e empírica, representando um prelúdio do pensamento moderno.
A Igreja Católica, alma da reta glorificação da razão
Universidade Jagellonica, Cracovia, Polônia |
Além disso, afirmou que esses dois caminhos deveriam ser verificados - ou invalidados - através de experimentos que testassem seus princípios. Grosseteste dava grande ênfase à matemática como um meio de entender a natureza e seu método de pesquisa continha a base essencial da ciência experimental.
Roger Bacon, aluno de Grosseteste, dá atenção especial à importância da experimentação para aumentar o número de fatos conhecidos a respeito do mundo. Ele descreve o método científico como um ciclo repetido de observação, hipótese, experimentação e necessidade de verificação independente.
Bacon registrava a forma em que conduzia seus experimentos em detalhes precisos, a fim de que outros pudessem reproduzir seus experimentos e testar os resultados - essa possibilidade de verificação independente é parte fundamental do método científico contemporâneo.
continua no próximo post: Ordenadas pela lógica floresceram ciências como a mecânica, as matemáticas, a física e a astronomia