Luis Dufaur Escritor, jornalista, conferencista de política internacional, sócio do IPCO, webmaster de diversos blogs |
Carlos Magno, em sua primeira carta ao Papa São Leão III (eleito em 795), falou de seu próprio cargo de protetor da Fé católica nos seguintes termos, capazes de chamar muito a atenção do Sumo Pontífice.
À maneira de Clóvis e Pepino, Carlos propunha ao sucessor de São Pedro um verdadeiro pacto bilateral.“Conforme ao que pactuei com Vosso Predecessor, quero conservar conVosco uma aliança inquebrantável de amor e lealdade no teor seguinte: da Vossa parte me acompanhará em tudo a Bênção apostólica; e de minha parte estará protegida sempre a Santa Sé”.
Segundo esse, o Papa ficava incumbido de procurar para Carlos a bênção do Céu, que – como já sabemos – significava para o franco não só a bem-aventurança eterna, mas a conquista de todos os povos bárbaros para convertê-los e a obtenção “das coisas boas deste mundo”.
E em troca de tudo isso Carlos Magno defenderia o Papa contra hereges, pagãos, bizantinos e todos os inimigos temporais.
Mais adiante acrescenta, dirigindo-se ao Papa:“Meu dever é – continua Carlos – proteger-Vos em todas as partes, com as armas, contra inimigos exteriores, contra ataques dos gentios e a devastação pelos infiéis (ficavam portanto justificadas as guerras contra os bárbaros saxões); e também é meu dever robustecer, no interior, a Santa Igreja, mediante o reconhecimento da Fé católica”.
Esta carta já contém toda a teoria da posição universal do Rei como protetor da Igreja; tão universal é o cargo do protetor como o do Sumo Pontífice.“Vosso dever é ajudar-me nas minhas empresas guerreiras, levantando Vossas mãos a Deus a fim de que o povo católico (a Cristandade do Ocidente) vença sempre e por todas as partes os inimigos do Nome dEle, e a fim de que se glorifique o Nome de Cristo em todo o orbe”.
(Fonte: Guilherme Oncken, “História Universal”, Montaner y Simón, Editores, Barcelona, Tomo XII, pp. 395 e 396.)