Carlos Magno |
Luis Dufaur Escritor, jornalista, conferencista de política internacional, sócio do IPCO, webmaster de diversos blogs |
No século IX, o grandioso Império Carolíngio ficou reduzido a escombros pelos desacordos entre seus descendentes e nobres.
Sobre essas ruínas lançaram-se em novas e devastadoras incursões os bárbaros, os normandos, os húngaros e os sarracenos.
Não podiam as populações, assim acometidas de todos os lados, resistir a tantas calamidades com o mero recurso ao já muito debilitado poder central dos reis.
Voltaram-se, muito naturalmente, para os respectivos proprietários de terras, em demanda de quem as comandasse e as governasse em tão calamitosa circunstância.
Acedendo ao pedido, os proprietários construíram fortificações para si e para os “seus”.
Normandos: re-encenação da batalha de Hastings |
Essa era formada pelos empregados domésticos, trabalhadores manuais e respectivas famílias, que habitavam as terras do proprietário.
Para todos havia guarida, alimento, assistência religiosa e comando militar nessas fortificações.
Essas fortificações, com o tempo, se foram transformando nos altaneiros castelos senhoriais, de que restam hoje tantos exemplares.
E, no recinto desses castelos, cabiam por vezes até os bens móveis e o gado que cada família de camponeses conseguia subtrair assim à cupidez dos invasores.
Na reação militar, o proprietário rural e os seus familiares eram os primeiros combatentes.
O dever deles era comandar, estar na vanguarda, na perigosa direção das ofensivas mais arriscadas, das defensivas mais obstinadas.
À condição de proprietário somou-se assim a de chefe militar e de herói.
Muito naturalmente, todas essas circunstâncias revertiam, nos intervalos de paz, em poder político local sobre as terras circundantes.
Esse poder político fazia do proprietário um senhor, um Dominus no sentido pleno da palavra, com funções de legislador e juiz.
E, enquanto tal, um traço de união com o rei.