Brunwart von Augheim e esposa, Codex Manesse |
Luis Dufaur Escritor, jornalista, conferencista de política internacional, sócio do IPCO, webmaster de diversos blogs |
“Por toda parte a civilização começou pela família.
“Aqui e ali nascem homens nos quais se desenvolvem e atuam mais poderosamente o amor paterno e o desejo de se perpetuar nos seus descendentes.
“Eles se dedicam ao trabalho com mais ardor, impõem aos seus apetites um freio mais contínuo e mais sólido, governam sua família com mais autoridade, inspiram-lhe costumes mais severos, que eles imprimem nos hábitos que a fazem contrair.
“Esses hábitos se transmitem pela educação, e se tornam tradições que mantêm as novas gerações na via aberta pelos ancestrais.
“A marcha nessa via conduz a família a uma situação cada vez mais alta.
Frederico de Sonneburg e filhos. Codex Manesse, fol. 407r |
“Nessa situação eminente, esta família torna-se o centro de atenção daquelas que a circundam.
“Estas lhe pedem abrigo e proteção, e em contrapartida prometem assistência.
"Entre eles há os que se sentem estimulados pela prosperidade que presenciam, e a ambicionam para si mesmos, deixando-se governar e instruir, esforçando-se por praticar as virtudes cujos exemplos e resultados eles têm diante dos olhos....
“No caso da França, em meio às ruínas acumuladas pelas invasões dos bárbaros [principalmente dos normandos e magiares a partir do século X], não havia mais ordem, porque não havia mais autoridade.
“Sob a ação dos santos, várias famílias se ergueram, animadas pelos sentimentos que o cristianismo começava a difundir no mundo: sentimentos de devotamento pelos pequenos e os fracos, sentimentos de concórdia e amor entre todos, sentimentos de reconhecimento e de fidelidade para com os protegidos.
O imperador Carlos IV recebe a rainha e esposa de Carlos V |
“Acima de todas se ergueu, no século X, a família de Hugo Capeto, que edificou a França pela paciência do seu espírito, pela perseverança do seu devotamento, pela continuidade dos seus serviços.
“É necessário acrescentar: `E pela vontade e a graça de Deus'.
“Quando o Conde de Maistre ressaltou a frase da Sagrada Escritura `Sou Eu que faço os reis', ele não deixou de acrescentar:
`Isto não é uma metáfora, mas uma lei do mundo político.
`Ao pé da letra, Deus faz os reis.
`Ele prepara as raças reais, e as amadurece em meio a uma nuvem que esconde as suas origens. Assim elas aparecem coroadas de glória e honra'”.
(Autor: Mons. Henri Delassus, L'Esprit Familial dans la Maison, dans la Cité et dans l'État, Société Saint-Augustin, Desclée, De Brouwer, Lille, 1910, pp. 11-21).