Mosteiro de Santa María la Real de las Huelgas, Burgos |
Luis Dufaur Escritor, jornalista, conferencista de política internacional, sócio do IPCO, webmaster de diversos blogs |
Algo inédito e que nos dias de hoje ‒ tão democráticos ‒ jamais aconteceria:
No século XII, Robert d'Arbrissel, um dos maiores pregadores de todos os tempos resolveu fixar a multidão de seguidores seus na região de Fontevrault.
Para isso ele criou um convento feminino, um masculino e entre os dois uma Igreja que seria o único local aonde os monges e as monjas poderiam se encontrar.
Ora, este mosteiro duplo foi colocado sob a autoridade, não de um abade, mas de uma abadessa.
Esta, por vontade do fundador, devia ser viúva, tendo tido a experiência do casamento.
Mosteiro de Santa María la Real de las Huelgas, Burgos |
(Um parêntesis: nos dias de hoje alguém imaginaria um acontecimento destes sequer ser considerado?
Pois ele aconteceu na época em que os ignorantes costumam taxar como “Idade das trevas”).
No período feudal o lugar da mulher na Igreja apresentou algumas diferenças daquele ocupado pelo homem.
Mas este foi um lugar iminente, que simboliza, por outro lado, perfeitamente o culto, insigne também, prestado à Virgem Maria entre os santos.
E não é curioso como a época termine por uma figura de mulher ‒ Joana D'Arc, que seja dito de passagem, não poderia, jamais, nos séculos seguintes obter a audiência do rei, sendo ela mulher, plebéia e ignorante, conseguindo mesmo assim suscitar a confiança que conseguiu, afinal.
Pobre Joana D'Arc!
Luc Besson fez um filme de Santa Joana D'Arc digna dos melhores hospícios, completamente esquizofrênica e que confundia sua vingança pessoal com o que seria a voz de Deus. Sem comentários.
(Autor: Régine Pernoud, “Idade Média ‒ o que não nos ensinaram”).