Reunião dos Estados Gerais (Assembleia dos representantes de todas as classes sociais) na França |
Luis Dufaur Escritor, jornalista, conferencista de política internacional, sócio do IPCO, webmaster de diversos blogs |
No feudalismo, não havia uma concentração do poder numa pessoa ou num parlamento.
Pelo contrário, o rei estava em relação ao senhor feudal como um original está para a sua miniatura, mas uma miniatura viva, dotada de verdadeira iniciativa e poder efetivo próprio.
Um príncipe de Condé, por exemplo, era uma miniatura de rei da França.
Quer dizer, as autoridades locais eram, em ponto pequeno, reis locais com larguíssima dose de autonomia.
Como se fez isso?
Na França, por exemplo, o rei desmembrava o seu reino em feudos, e dava a cada senhor feudal uma parcela do poder real.
Desse modo o senhor feudal não era apenas uma miniatura do rei, mas participante do poder do rei.
Carlos Magno é beijado pelo seu filho Luis, o Piedoso |
Ela era, por assim dizer, uma extensão do rei. É miniatura no sentido de que é uma parcela, e não porque possua tamanho
menor e se lhe pareça.
Essa ligação que o senhor feudal tem com o rei faz dele uma espécie de desdobramento do próprio rei.
Os senhores feudais de categoria secundária têm um desdobramento do poder do primeiro senhor feudal. Assim, de participação em participação, chegamos às últimas escalas da hierarquia feudal.
Partimos de uma grande fonte de poder, que é o rei, e encontramos nas várias escalas da hierarquia feudal participações sucessivas, que se assemelham aos galhos de uma árvore.
O rei seria o tronco, e as várias categorias de nobreza seriam os galhos, sucessivamente menores e sucessivamente mais delgados, até constituir o cimo da copa da árvore.
E a árvore toda é alimentada por uma mesma seiva, que é o poder real, do qual tudo emana e para o qual tudo tende.
Entretanto não é absorvente. Pelo contrário, deita seus inúmeros galhos em todas as direções.
Eis aí configurada a ideia da participação do poder feudal, um dos aspectos originalíssimos do feudalismo.
Custa-nos compreender isso no nosso século onde tudo é planificado por governos que pairam sobre os cidadãos a anos-luz de distanciamento psicológico.
E onde parlamentos e organizações mundiais decidem sobre o destino do simples cidadão, sem interpretar bem o que ele quer, e sem que ele saiba o que se passa de fato nesses cenáculos, como também não entende o que acontece dentro de um OVNI, se é que existe.