Luis Dufaur Escritor, jornalista, conferencista de política internacional, sócio do IPCO, webmaster de diversos blogs |
Durante toda a Idade Média a nobreza, sem esquecer a sua origem fundiária, dominial, teve um modo de viver sobretudo militar.
Efetivamente o seu dever de proteção comportava em primeiro lugar a função guerreira de defender o seu domínio contra as possíveis usurpações.
Embora se esforçassem por reduzir o direito de guerra privada, ele subsistia e a solidariedade familiar podia implicar a obrigação de vingar pelas armas as injúrias feitas a um dos seus.
Uma questão de ordem material se lhe acrescentava, pois detendo com exclusividade a posse da terra, que era a principal fonte de riqueza, senão a única, os senhores eram os únicos com a possibilidade de equipar um cavalo de guerra, armar escudeiros e sargentos.
E o serviço militar será portanto inseparável do serviço do feudo.
A fé prestada pelo vassalo nobre supõe o contributo das suas armas, sempre que “disso for mester”.
É o primeiro encargo da nobreza, e um dos mais onerosos, é essa obrigação de defender o domínio e os seus habitantes.
Assim se vê num poema de Carité, de Reclus de Molliens:
L'épée dit: C'est ma justice
Garder les clercs de Saint Église
Et ceux par qui viandes est guise.
A espada disse: é meu dever
Manter os clérigos da Santa Igreja
E aqueles por quem os alimentos são obtidos.
As praças-fortes mais antigas, que foram construídas nas épocas de perturbação e de invasões, mostram a marca visível dessa necessidade.
A aldeia, as casas dos servos e dos camponeses, estão ligadas às encostas da fortaleza, onde toda a população irá refugiar-se em caso de perigo, e onde encontrará ajuda e abastecimento em caso de cerco.
(Autor: Regine Pernoud, “Luz da Idade Média”. Ed. original: “Lumière du Moyen Âge”, Grasset, Paris, 1944)