Luis Dufaur Escritor, jornalista, conferencista de política internacional, sócio do IPCO, webmaster de diversos blogs |
Tradição vem de tradere, que é transmitir. A tradição é a transmissão que vem do passado.
Mas a tradição não é para nós o que é, por exemplo, para o índio.
O hábito de usar cocar, aquela coisa toda, no índio é tradição. Para nós tradição não é isso só.
Pela tradição, nós recebemos no fundo da alma um lampejo da Igreja, um luzimento da Luz de Cristo, ou Lumen Christi.
A Igreja é para nós uma espécie de Céu na Terra. Olhando-a e contemplando-a, a gente se sente convidado para entrar numa espécie de Céu da alma nesta Terra.
Tudo quanto é medieval e que estava nessa linha –é a nota tônica da Idade Média – está impregnado dessa luz.
A sociedade medieval, mesmo nos seus aspectos temporais mais infimos, tocando até no prosaico, tinha algo do Céu na Terra.
Por isso uma ogiva, um vitral, uma torre de castelo, uma batalha, a armadura de um cavaleiro, etc., etc., parecem ter algo de celeste.
A Idade Média expirante deixou, entretanto, veios disso.
Esses veios a Revolução igualitária e sensual foi extenuando e empobrecendo, empobrecendo, empobrecendo, até nossos dias.
Porém, essa cintilação do Céu brilhando na Cristandade é a única influência que pode criar o ambiente plenamente adequado e próprio ao homem, aonde ele se sente aconchegado e elevado.
Esse brilho não é o único alimento para a vida espiritual: há em primeiro lugar os sacramentos.
Mas, para viver a vida terrena com espírito de Fé precissamos do alimento desse Lumen Christi que recebemos por obra da graça através da ordem cristã, a Cristandade.
A Idade Média foi para nós um exemplo palpável dessa impregnação, dessa presença palpável da Luz de Cristo, ou Lumen Christi, não só na hora de ir à igreja, mas em todos os momentos da existência das pessoas, das famílias, das cidades, das regiões e das nações.