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Channel: Idade Média * Glória da Idade Média
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A última despedida, o luto e os gisantes medievais

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Jazigo definitivo de Felipe Pot, senescal e governador da Borgonha  em seu castelo de Châteauneuf-en-Auxois. O grupo original está no Louvre.
Jazigo definitivo de Felipe Pot, senescal e governador da Borgonha
em seu castelo de Châteauneuf-en-Auxois. O grupo original está no Louvre.
Quando um membro da família senhorial vinha a falecer, era exposto na grande sala do castelo, revestido com seus mais belos ornamentos, e, freqüentemente, embalsamado.

O luto era caracterizado pela cor violeta, e mais raramente pelo preto.

Mas a viúva guardava-o habitualmente de branco, à imitação das Rainhas, às quais a etiqueta prescreve esta cor, o que explica às Rainhas-mães o titulo de 'reines-blanches'.

O caixão, recoberto de damasco dourado ou de tecido vermelho, era conduzido à igreja, não sobre os ombros de servidores ou aldeões, mas sobre os dos mais próximos parentes e dos principais vassalos.

Felipe Pot, senescal e governador da Borgonha, falecido em 1493.
O monumento representa "pleurants" carregando um jacente do falecido.
Museu do Louvre, Paris.
Quando transladaram à França o relicário com os ossos de São Luis, morto em Tunis, ele foi levado até Saint-Denis por Philippe le Hardi, filho do defunto.

Os nobres carregadores vestiam, para a ocasião, longas túnicas negras com capuz, e receberam a denominação de 'pleurants'.

Acontecia de o corpo ser seguido por um personagem, que, por seus trajes, maquilagem, modo de andar e atitudes, esforça-se por se assemelhar ao senhor defunto .

Estátua jacente do Príncipe Negro, catedral de Cantuária.
Estátua jacente (gisant) do Príncipe Negro, catedral de Cantuária, Inglaterra.
Quanto aos túmulos edificados sobre a sepultura, no coro ou nas criptas da capela ou igreja, são todos, ou quase todos, do mesmo modelo: o gisante.

Ou seja, a estátua do falecido, deitada sobre a laje funerária.


Estes túmulos permitiam reconhecer, num olhar, certos detalhes da existência do morto.

Se o cavaleiro pereceu em campo de batalha, o escultor o representa completamente armado, espada desembainhada na mão direita, escudo à esquerda e os pés apoiados sobre o flanco de um leão deitado.

Jacente de um rei da França, basílica de Saint-Denis, Paris.
Jacente real, basílica de Saint-Denis, Paris.
Se morreu no leito, é figurado de cabeça descoberta, sem cinto, sem espada nem escudo, tendo aos pés um galgo.

Uma grade de ferro em torno da estátua, indicava que o senhor morreu no cativeiro.

Quanto às damas, sua efígie as mostra de vestido longo, mãos postas, os pés sobre o flanco de um cão, símbolo da fidelidade conjugal.

Só os muito altos senhores tinham o direito de se fazerem representar em mármore.

Este era ainda, na Idade Média, um material muito custoso e raro.

Basílica de Saint-Denis, França.
Os nobres de menor hierarquia deviam contentar-se com um gisante de pedra, do qual só o rosto e as mãos são de mármore.

Os burgueses não tinham direito senão à pedra.


Fonte: Alfred Carlier, "Sous les Voútes dos Cháteaux-Forts -- La Vie Féodale", Editions Desoer, Liège, pp. 147 a 150.



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