Universidade de Cambridge, Inglaterra |
Luis Dufaur Escritor, jornalista, conferencista de política internacional, sócio do IPCO, webmaster de diversos blogs |
Muitos ainda repetem o velho “chavão” de que a Idade Média foi uma época de trevas, ignorância, superstição e repressão intelectual.
Mas não é preciso ir muito longe para verificar o contrário.
Basta considerar uma das máximas realizações medievais: as universidades.
Aliás, foi um aporte exclusivo à História. Nem Grécia ou Roma conheceram algo parecido.
A Cátedra de Pedro foi a maior e mais decidida protetora das universidades. O diploma de mestre, outorgado por universidades como as de Bolonha, Oxford e Paris, dava direito a ensinar em todo o mundo.
Gregório IX aprova os Decretais, Rafael, Stanza della Segnatura, Roma |
A Igreja protegeu os universitários com os benefícios do clero. Os estudantes da Sorbonne dispunham de um tribunal especial para ouvir suas causas.
Na bula Parens Scientiarum, Gregório IX confirmou à Universidade de Paris o direito a um governo autônomo e a fixar suas próprias regras, cursos e estudos.
Também a emancipou da tutela dos bispos e ratificou o direito à cessatio — a greve das aulas — se os seus membros fossem objeto de abusos, como aluguéis extorsivos, injúrias, mutilação e prisão ilegal.
Os Papas intervinham com força, a fim de que os professores fossem pagos dignamente.
Completados os estudos, o novo mestre era oficialmente investido. Em Paris, isso ocorria na igreja de Santa Genoveva, padroeira da cidade. O novo mestre ajoelhava-se diante do vice-chanceler da Universidade, que pronunciava esta bela fórmula:
"Eu, pela autoridade com que fui revestido pelos Apóstolos Pedro e Paulo, vos concedo a licença de ensinar, comentar, disputar, determinar e exercer outros atos magisteriais seja na Faculdade de Artes de Paris, seja em qualquer outra parte, em nome do Pai, do Filho e do Espírito Santo. Amem”.
Vídeo: O sistema universitário foi criado pela Igreja.