Combate de Roland contra o gigante Ferragut |
Luis Dufaur Escritor, jornalista, conferencista de política internacional, sócio do IPCO, webmaster de diversos blogs |
Na Idade Média, os conceitos de cavalaria e de nobreza em certo sentido se confundiam.
Assim, nem sempre o cavaleiro era nobre, mas muitos deles participavam dessa condição; nem todos os nobres eram cavaleiros, embora muitos o fossem.
Que característica do cavaleiro medieval o tornou célebre na História?
O traço marcante foi a Fé.
Daí a coragem que o cavaleiro revelava nas mais terríveis das lutas, as cruzadas, visando libertar o Santo Sepulcro de Nosso Senhor Jesus Cristo.
Tais empreendimentos almejavam esse objetivo no Oriente, e, na Península Ibérica, aspiravam livrar, do jugo maometano, as populações espanhola e portuguesa.
Batalha de Pharsalos vista com olhos medievais |
Tal característica existiu no cavaleiro medieval em harmonia com outras notas, aparentemente contraditórias.
O cavaleiro era homem de Fé.
Contudo, dotado também de espírito prático, chegou a edificar grandes fortificações, esplêndidos castelos e, em alguns casos, imponentes catedrais, levando mais longe do que ninguém a arte de construir maravilhas.
Ele, corajoso na luta, requintou, pouco a pouco, as regras de boa educação e do convívio amável.
Altivo perante seus iguais, mas benevolente no trato com o sexo frágil, os velhos, os doentes e os feridos na guerra.
Então, parecia ele, por assim dizer, feito de açúcar.
Entretanto, era só o inimigo ousar qualquer coisa contra os interesses da Igreja que aquele homem tão doce transformava-se num leão.
Ele, um batalhador, não obstante favoreceu enormemente a cultura, revelando-se um propulsor das artes e elevando o tom de vida a um nível menos rústico do que o vigente no início da Idade Média.
Donde se explicam os bonitos móveis, as belas alfaias, a gastronomia refinada, os vinhos excelentes e os sinos harmoniosos surgidos naquela época histórica.
Foram traços estes que o cavaleiro, antes tão rude, paulatinamente imprimiu na vida de então, tornando-a cheia de afabilidade e beleza.
Em suma, colaborando para ser implantada a civilização católica.
Esse era o perfil do cavaleiro medieval.
(Autor: comentários do Prof. Plinio Corrêa de Oliveira em 18.12.1992, não revistos pelo autor.)