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Retomada dos estudos sobre a Idade Média: vitória da verdade histórica

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Catedral de Ferrara
Luis Dufaur
Escritor, jornalista,
conferencista de
política internacional,
sócio do IPCO,
webmaster de
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Continuação do post anterior: Preconceitos e anacronismos obscurecem a verdade sobre a Idade Média



7. A esta altura, o leitor poderá perguntar: se a investigação histórica é produzida no cruzamento entre o “eu” e o “outro”, entre presente e passado, como é possível o conhecimento objetivo da história?

O conhecimento objetivo ou científico do passado pressupõe a adoção de um método seguro, que permita uma abordagem fiel das fontes.

Não se deve, entretanto, confundir rigor metodológico com a obsessão positivista de eliminar a possibilidade de interferência da personalidade do estudioso no desenvolvimento da pesquisa para evitar os riscos de uma análise “subjetiva” da documentação.



León, Espanha, claustro da catedral
Essa pretensão se revela, em particular no campo das ciências humanas, uma utopia prejudicial: se limitarmos nossa investigação somente àquilo que pode ser considerado “objetivo” ou “comprovado” — conceitos que são, de resto, bastante escorregadios —, terminaremos por reduzir a história a uma coleção de fatos desconexos ou então a simples sondagens estatísticas.

Dessa forma, em suma, ficaríamos à margem do que é mais importante conhecer, isto é, o significado dos acontecimentos, das idéias e das experiências dos homens do passado(15).

A neutralidade total do pesquisador é uma meta inatingível: só seria possível na hipótese absurda de que o objeto de estudo lhe fosse inteiramente indiferente (mas então por que estudá-lo?).

Imparcialidade não significa aridez; já notamos que a riqueza interior do estudioso é um ingrediente fundamental na elaboração do conhecimento histórico.

Contrariando a estéril tentativa de levar o pesquisador ao estado de ataraxia a fim de garantir a objetividade do trabalho científico, Marrou afirma que entre o sujeito e o objeto da investigação deve haver uma relação de simpatia e amizade, pois, como já dizia Santo Agostinho, “não se pode conhecer ninguém a não ser pela amizade”.

Não se trata, evidentemente, de maquiar o passado, substituindo a “lenda negra” sobre a Idade Média por uma “lenda dourada” igualmente tendenciosa.

Catedral de Palermo, Itália
A simpatia e a amizade de que o autor fala constituem o fundamento da dedicação sincera na tentativa de conhecer o outro como ele realmente é: “a amizade autêntica, na vida como na história, supõe a verdade”(16).

A verdadeira simpatia pelo objeto é, paradoxalmente, uma condição indispensável para gerar em nós aquele desapego necessário no caso de os resultados da pesquisa contrariarem nossas hipóteses ou expectativas.

A humilde disponibilidade de aceitar a verdade tal como ela se nos apresenta, e não como gostaríamos que fosse, é o que Luigi Giussani apelidou de “regra moral” do conhecimento: “amor à verdade do objeto maior que nosso apego às opiniões que já formamos sobre ele”(17).

8. Embora entrem em conflito com algumas idéias atualmente em voga, as sugestões metodológicas propostas pelos autores citados estão em perfeita sintonia com a mentalidade medieval.

Se para muitos hoje, o termo estudo evoca uma atividade insossa e meramente cerebrina, na Idade Média, como notou Luiz Jean Lauand, o alcance semântico de studium era mais amplo: “Studium significa amor, afeição, devotamento, a atitude de quem se aplica a algo porque ama”(18).

Fim

(Autor: Raúl Cesar Gouveia Fernandes, M. Sc. Letras FFLCHUSP - Prof. Filosofia FEI, “Reflexões sobre o Estudo da Idade Média”). 

Notas:
(1). A Idade Média: Nascimento do Ocidente. São Paulo, Brasiliense, 1986, pp. 170-179.
(2). Cf. Nunes, Ruy A. da Costa. História da Educação na Idade Média. São Paulo, EDUSP, 1979, pp. 9-30.
(3). Lisboa, Europa-América, s / d.
(4). Cf. Dawson, C. Il Cristianesimo e la Formazione della Civiltà Occidentale, Milão, Rizzoli, 1997, p. 60.
(5). Do Conhecimento Histórico, Lisboa, Martins Fontes, s / d, pp. 85 e 231.
(6). Cf. Giussani, Luigi. O Senso de Deus e o Homem Moderno, Rio de Janeiro, Nova Fronteira, 1997, p. 101 e ss.
Santa Isabel da Hungria, Edmund Blair Leighton
(7). A Igreja das Catedrais e das Cruzadas, São Paulo, Quadrante, 1993, p. 39.
(8). O Anúncio Feito a Maria, Rio de Janeiro, Agir, 1968, p. 28.
(9). Marchi, Cesare. Grandes Pecadores, Grandes Catedrais, São Paulo, Martins Fontes, 1991, p. 39.
(10). Cf. O Declínio da Idade Média, Lisboa, Ulisséia, s / d.
(11). Cf. Massimi, Marina. “Partir do Presente”, in: Litterae Communionis, 57, maio / junho 1997.
(12). Marrou, Henri-Irenée. Op. cit., p. 92.
(13). Fontaine, J. “Face à la Foi des Premiers Siècles”, in: Delumeau, J. L’Historien et la Foi, Paris, 1996, p. 116.
(14). Cf. A Mulher no Tempo das Catedrais, Lisboa, Gradiva, 1984.
(15). Cf. Brooke, Christopher. O Casamento na Idade Média, Lisboa, Europa-América, pp. 15-32.
(16). Marrou, Henri-Irenée. Op. cit., p. 88.
(17). Giussani, Luigi. O Senso Religioso. 2a edição, São Paulo, Companhia Ilimitada, 1993, p. 59.
(18). Cultura e Educação na Idade Média, São Paulo, Martins Fontes, 1998, p. 302.





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Covadonga: o milagre que parou a invasão muçulmana

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Gruta de Covadonga: local do milagre
Luis Dufaur
Escritor, jornalista,
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No ano 722, em Covadonga começou a reconquista da Espanha invadida pelos árabes muçulmanos.

Foi ali que, segundo as crônicas, Pelayo (primeiro rei das Astúrias), derrotou aos seguidores de Maomé, com o auxílio miraculoso de Nossa Senhora.

Aquela vitória milagrosa deu início a 800 anos de Cruzada nos quais se constituiu a Espanha católica.

Cangas de Onís foi a capital do novo Reino de Astúrias até o ano 774.

Nela se estabeleceu o rei Don Pelayo, e desde ela empreendeu com seus homens diversas campanhas no norte da Espanha.

Cangas de Onís ficou com seu heroico rei como único foco de resistência ao expansionismo muçulmano até então invicto.



Don Pelayo
Do antigo e decadente reino visigodo cristão tudo tinha desaparecido.

Só ficou Don Pelayo, um punhado de valentes e, o mais valioso de tudo, o impulso vencedor da Cruz e de Nossa Senhora de Covadonga.

Na batalha de Covadonga, Don Pelayo portava uma Cruz com a inscrição em latim:

 “HOC SIGNO TVETVR PIVS. HOC SIGNO VINCITVR INMICVS”

Quer dizer: “Com este signo o piedoso é protegido. Com este signo o inimigo é vencido”.

Hoje é o símbolo de Astúrias.

Junto à gruta da vitória milagrosa e sobre um pequeno morro surge hoje o Santuário de Covadonga.

Ele foi construído com a pedra avermelhada da região que se destaca entre o verde das pradarias e das florestas.

Na manhã cedinho, quando a névoa envolve o vale, é fácil ver o Santuário emergindo na solidão como se estivesse pairando no ar.

Etimologicamente Covadonga significa Cova da Senhora e está unida indissoluvelmente ao nascimento da nacionalidade hispânica.



Nossa Senhora de Covadonga, a "Santina"
Nossa Senhora de Covadonga, a “Santina”

Bendita seja a Rainha da nossa montanha, cujo trono é o berço da Espanha.

Causa da nossa alegria, vida e esperança nossa, abençoa nossa Pátria e mostra que teus filhos, teus são.

Don Pelayo, o vencedor dos muçulmanos em Covadonga, hoje é considerado na Espanha “o símbolo de uma sociedade, que após ter caído, luta para reconquistar a liberdade, é o modelo para nós reconquistarmos uma sociedade invadida por outros bárbaros”.


Vídeo: Covadonga: o milagre que parou a invasão muçulmana







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Covadonga: como foi o portentoso milagre da vitória

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Don Pelayo, estátua em Cangas de Onís, Astúrias
Luis Dufaur
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Invasão moura na base da traição

Musa bem Nusayr, com ciúmes dos sucessos de seu capitão Tarif, resolveu também atravessar o Estreito à frente de poderoso exército, com o qual foi conquistando, uma após outra, Sevilha, Mérida, Saragoça e as atuais províncias de Málaga e Granada. Toledo já fora dominada por Tarif no ano de 713.

Juntando infâmia à traição, os partidários do último rei Vitiza foram entregando suas cidades ao invasor.

E assim foram caindo, como cartas de baralho, todas as regiões da Espanha visigótica, restando somente poucos núcleos independentes da autoridade muçulmana nos Montes Cantábricos, nas Vascongadas e junto aos Pireneus.

No ano 716, a maioria da população era composta de hispano-romanos cristãos, aos quais os mouros não obrigavam a se converter ao Islã, porque sua religião era também do Livro Revelado.

Mas tinham que pagar impostos ao invasor, sob pena de escravidão e confisco de bens.

D. Pelayo resiste e é aclamado rei

O governador muçulmano de Gijón, Munuza, enamorou-se da irmã de Pelayo. Por isso enviou-o para Córdoba com outros reféns, para poder dar livre curso a suas paixões desordenadas.



Mas Pelayo conseguiu fugir e voltar para a Astúrias, onde se opôs ao casamento da irmã com o mouro. Perseguido, teve que fugir para os montes de Cangas de Onis.

A gruta da resistência
Lá, em 718, reuniu um grupo numeroso de opositores ao regime islamita, incitou-os à resistência e foi por eles aclamado rei.

D. Pelayo era líder nato e grande aglutinador de homens. Sabia dirigi-los e deles tirar o máximo proveito.

Vendo que o forte da atenção inimiga estava posto na fracassada tentativa de invasão das Gálias, começou a atacar as guarnições mouras em pequenas guerras de escaramuça, alcançando vitórias sucessivas.

Isso levou Tarif, que tornara Córdoba sua capital, a envir contra os rebeldes um forte contingente comandado por Alcama.

Em sua empresa, era este traidor secundado por uma tropa cristã colaboracionista, comandada pelo bispo Opas, que acorrera com seus homens vindo de Toledo.

O Bispo Dom Opas, que já havia pactuado, se adiantou para tentar convencê-lo da inutilidade de resistir e da conveniência de seguir seu exemplo.

Invocando o auxílio de Deus e da Virgem, que tinha como seguros, D. Pelayo rechaçou indignado a proposta traidora, dispondo-se a batalhar até o fim contra os inimigos da Fé.

D. Pelayo não podia enfrentar tão forte inimigo, sobretudo com seu exército pouco numeroso e pouco adestrado.

Enviou parte dele para as montanhas, e refugiou-se com mil de seus melhores combatentes numa grande gruta natural no monte Auseva, com provisão para muitos dias e armas ofensivas e defensivas.

Vitória miraculosa de Covadonga

Chegado o exército islâmico junto à gruta, Alcama tentou uma última vez, através do bispo Opas, a rendição dos rebeldes, com a promessa de perdão para todos.

Respondeu-lhe D. Pelayo que os cristãos confiavam em seu Deus e na ajuda de sua Mãe Santíssima, pois era por eles que lutavam. E preferiam morrer a continuar vivendo sob o jugo de ímpios profanadores de igrejas.

Nossa Senhora de Covadonga
Retiraram-se os defensores para a gruta, sendo cercados pelo exército inimigo. Pondo sua confiança na Santa Mãe de Deus, Pelayo e os seus, como narra o Pe. Mariana,

“combateram com todo gênero de armas e com um granizo de pedras à entrada da cova; no que se descobriu o poder de Deus, favorável aos nossos e contrário aos mouros, pois as pedras, setas e dardos que os inimigos atiravam retornavam contra os que os arrojavam, com grande estrago que faziam em seus próprios senhores.

“Ficaram os inimigos atônitos com tão grande milagre.

“Os cristãos, animados e inflamados com a esperança da vitória, saem de seu esconderijo pelejando, poucos em número, sujos e de mau talhe; a peleja foi em tropel e sem ordem; carregaram com grande denodo sobre os inimigos, os quais, enfraquecidos e pasmos com o espanto que tinham cobrado, lhes voltaram as costas” (4).

Na fuga morreram mais de 20 mil soldados inimigos. Alcama pereceu na batalha, D. Opas foi feito prisioneiro e justiçado, e Munuza linchado pelos habitantes de uma aldeia, quando empreendia sua fuga.

Início de uma insigne Reconquista na História

Custou caro a derrota aos islamitas. Narram os historiadores árabes que os emires de Córdoba desprezaram o inimigo, dizendo:

“Pelayo não tem consigo mais que 30 homens famintos, que se alimentam com o mel que as abelhas fabricam nas rachaduras dos penhascos; e 30 homens, que podem importar?”.

A batalha
Pelas conseqüências que essa derrota teve depois, na história dos árabes na Espanha, lamentam tristemente seus historiadores: “Grave descuido, que foi depois causa de grandes aflições para o Islã” (5).

Àqueles rudes espanhóis, que os emires de Córdoba desprezavam, podia-se no entanto aplicar a descrição que Menéndez Pidal fez depois, do castelhano em geral:

“Suporta com forte conformidade toda carência, pode resistir às cobiças e à perturbadora solicitação dos prazeres; rege-o uma fundamental sobriedade de estímulos, que o inclina a certa austeridade ética, manifesta no estilo geral de vida; habitual simplicidade de costumes, nobre dignidade de porte, notada mesmo nas classes mais humildes; firmeza nas virtudes familiares”; e, quando preciso, um heroísmo poucas vezes imitado (6).

Tumba de Don Pelayo
O que sucedeu a D. Pelayo após a esplendorosa vitória de Covadonga? Segundo alguns, não se têm mais notícias de ações militares suas.

Estabeleceu sua residência em Cangas de Onis, “que se converteu em núcleo inicial de um reino sem nome nem território, mas com o qual colaborava já o Ducado de Cantábria” (7) .

Segundo o Pe. Mariana, ele fortificou—se nas Astúrias e fazia incursões nas terras sujeitas aos mouros. Atraindo para junto de si um número de pessoas cada vez maior, tomou pelas armas a cidade de León, que teria sido sua primeira capital.

O herói de Covadonga faleceu provavelmente em 737, sendo sucedido por seu filho Fáfila. Este, por sua vez, faleceu apenas dois anos depois, quando caçava um urso. Sucedeu-o um genro de D. Pelayo, filho do Duque da Cantábria.

Notas:
1.Cfr. Luis Suárez Fernández, Historia de España — Edad Media, Madrid, 1978, pp. 9 e 10
2.Id., ib. pp. 9 e 10
3.Padre Mariana, Historia General de España, enriquecida e completada por Eduardo Chao. Imprenta y Libreria de Gaspar y Roig, Editores, Madrid, 1848, tomo I, p. 308.
4.Id., p. 322.
5.Menéndez Pidal, España y sua Historia, Ediciones Minotauro, Madrid, 1957, tomo I, pp. 247, 248.
6.Id., pp. 15, 16.
7.Luis Suárez Fernandez, op. cit., pp. 15, 16. 


(Autor: José Maria dos Santos, “Catolicismo”, outubro de 2002)




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O que mais prezavam os medievais: a honra familiar

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Rainha Petronila de Aragão e o conde de Barcelona Ramão Berenguer
Rainha Petronila de Aragão e o conde de Barcelona Ramão Berenguer
Luis Dufaur
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“Ouvi vós todos, nobres burgueses e aldeães, e não fazei nenhum ruído, vós outros que estais pelos cantos! Mas sei que todos ireis ouvir, nobres, burgueses e aldeães, com a maior atenção, pois vos falarei da Honra”.

Falava-se da Honra, cantava-se a Honra – pois acabo de citar o início de um poema do século XII, e tais poemas, consagradas à Honra, substituíram, em grande parte, o jornalismo hodierno.

Falava-se a todos da Honra, ao povo como aos Barões, e todos, aldeães como nobres, tornavam-se atentos e admirados quando se falava da Honra.

Eis o primeiro e maior dos signos característicos dessa época, o fato pelo qual a Idade Média domina toda a História da França até hoje.

Porque ainda que a ideia mestra da sociedade tenha sido mudada, ainda que a Revolução tenha trocado a Honra pelo bem-estar, como ideal social, são ainda os restos dessa antiga Honra que fazem pulsar o coração da França nos grandes dias solenes; que sustentam sua alma no alto; que nos mantém unidos quando a nova teoria tende a fazer de cada um de nós o ríspido concorrente de seu vizinho; e que nos dão alguma força de resistência contra o inimigo externo e seus melhores aliados, os revolucionários.

Cavaleiro, vitral proveniente da abadia de St Bertin, França
Cavaleiro, vitral proveniente da abadia de St Bertin, França
Ter criado a Honra, não é pois somente uma glória europeia para a Idade Média francesa, mas é também um serviço de primeira ordem prestado à pátria.

Ela a criou como um artista de gênio que forma uma estátua admirável com restos esparsos.

Com efeito, a consciência humana e os heróis dos tempos antigos tinham fornecido ao Catolicismo os materiais e algumas peças de um belo modelo.

Mas a Honra, sendo o sacrifício contínuo dos baixos instintos da humanidade aos seus mais altos sentimentos, só o Cristianismo dela podia fazer um hábito individual; e só uma sociedade dócil ao Cristianismo podia impô-la como ideal geral.

A Idade Média, à força de pregá-la, de mostrar não só seus aspectos sublimes, mas também úteis; à força de a reverenciar, de admirá-la e de tudo lhe sacrificar, fez dela um instinto novo.

Esse instinto elevou os pequenos até os grandes e os grandes até os pequenos.

A Honra teve uma filha: a Fidelidade, da qual nasceu a Cavalaria.

A Fidelidade, que os antigos apenas entreviram, a Fidelidade até à morte, até à ruína, até o sacrifício dos sentimentos mais caros!

A Fidelidade, não a título heroico, com em um Régulus em quem o esforço sente-se no próprio maravilhamento dos contemporâneos.

Não a Fidelidade prestada aos Imperadores romanos, que se divinizavam como se a Fidelidade precisasse de uma desculpa, e que degolavam seus súditos para mostrar que tal Fidelidade era artificial!

Cavaleiros
Cavaleiros
Mas a Fidelidade tornada heroísmo diário, irrefletido e, mais uma vez, feito instintivo. A Fidelidade dócil ao dever mais difícil.

Fidelidade ao juramento ante qualquer coisa, por mais desprezível ou odiável, que pudesse acontecer ao homem sagrado por esse juramento.

A Honra levou, pois, a Fidelidade até o martírio, assim como ajudou a bravura a ser facilmente heróica e o desinteresse a não temer a miséria.

Para bem compreender essa Honra, precisaríamos interrogar cada frase que a História nos conservou de São Luís IX.

Reconstruir-se-ia assim o código da Honra, pois o Santo Rei foi disso a mais reta encarnação e mostrou todas as delicadezas da honra, como toda a força e toda a equidade.

A Honra não estava alheia àquele ódio que a Idade Média mostrou perseverantemente contra os usurários judeus que pareciam estar, por sua ganância, patifaria e covardia, nas antípodas da Cavalaria.

À Honra também é devida à hostilidade que a França, enquanto conservou sua grandeza, teve contra essas sociedades secretas, sempre fundadas sobre princípios opostos à Honra.



(Autor: Charles de Ricault d'Héricault, “Histoire Anecdotique de la France”, Bloud et Barral, Libraires-Éditeurs, Paris, T. II, pp. 327-330.)





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Igrejas que são Evangelhos de pedra

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Luis Dufaur
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A fachada é o rosto da igreja. Ela evangeliza, ensina, catequiza.

Na Idade Média, bastava ao catequista explicar o significado das inúmeras estátuas e cenas entalhadas na pedra, para dar aulas perfeitas sobre as verdades fundamentais da fé, as virtudes e os vícios opostos, a História Sagrada, a ordem do Universo, a hierarquia das ciências, etc.

No coração da fachada de Notre Dame encontra-se a rosácea.

Ela forma a coroa da Santíssima Virgem.

A rosaé emblema de Nossa Senhora. Na Idade Média, quase todas as catedrais
foram dedicadas à Mãe de Deus.

A rosácea é denominada “olho de Deus”, porque antecipa a visão beatífica. Representa também a perfeição, o equilíbrio e a harmonia da alma purificada, que se prepara para ingressar no Reino Celeste eternamente.






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A intensa movimentação das almas na Idade Média

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Cientistas consideram o mundo.  Bartolomeu o Inglês, "Livro das propriedades das coisas"
Cientistas consideram o mundo.
Fr. Bartolomeu OFM, o Inglês: "Livro das propriedades das coisas", BnF, fr 134, f, 169.
Luis Dufaur
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Na Idade Média: vida intelectual, espiritual e moral sujeita a flutuações e cheia de vais-e-vens

Estudando a história, poder-se-ia achar que a vida na Idade Média era muito mais movimentada do que a de nossos dias. De fato parece ser.

A movimentação era, entretanto, num outro campo e por razões diferentes das movimentações de hoje.

A atividade dos corpos talvez fosse menor. Certos homens viajavam muito, mas era apenas uma certa categoria de homens: os mercadores, os estudantes, os nobres.

Mas a maior parte das populações ficava fixa nas cidades. E o geral dos homens viajava muito menos que os de hoje.

Agora, acontece que enquanto a vida física de um homem era menos trepidante, sua vida espiritual, intelectual e moral era muito mais sujeita a flutuações e muito mais cheia de vais-e-vens. Isso determinava uma diferença de “colorido” na vida medieval.

No homem contemporâneo: fixidez de mentalidade pela ausência de idéias e princípios

Monges cantam o Ofício
Monges cantam o Ofício
Ao contrário, o homem de hoje em dia é habitualmente fixo na sua mentalidade.

Podemos olhar em torno de nós e veremos que são poucas as pessoas que mudaram de mentalidade.

A maior parte das pessoas não muda de mentalidade. A mentalidade que têm consiste em:

– não ter mentalidade, pelo menos explícita,

– ser adoradores desse século,

– levar uma vida agradável,

– procurar, sobretudo, viver como se entende,

– não se impressionar com princípios, nem se deixar guiar por nenhuma espécie de doutrina.

Esse tipo de mentalidade é tão arraigado que podemos contar pelos dedos os pecadores que se arrependeram, ou se converteram, e passaram a ser pessoas de virtude. No homem contemporâneo há uma espécie de regra de fixidez.

Há uma certa categoria de gente que sabemos que é “boa” e que vai naquele passo manso até o fim da vida... E há uma outra categoria que a gente sabe que não presta, e que também vai no passo de louco até o fim da vida.

As categorias são mais ou menos definidas e delimitadas.

Razões da “movimentação” de alma do homem medieval: exuberância de vitalidade e vida segundo idéias e princípios

São Patrício, apóstolo da Irlanda
São Patrício, apóstolo da Irlanda
Na Idade Média não era assim. Vemos, às vezes com espanto, regiões inteiras profundamente católicas que mudam, de repente, e caminham até os extremos da heresia mais declarada.

Vemos também regiões heréticas que se convertem real e profundamente. E homens ímpios que se convertem de um momento para outro.

Mas vemos histórias pavorosas de apostasias de padres que fogem dos conventos e fazem coisas medonhas. Pessoas que eram boas e viviam na vida de família mas que apostataram.

Esta ‘movimentação” se deve a alguns fatos:

Em primeiro lugar, a vitalidade do homem medieval era muito mais exuberante.

Em segundo lugar, o homem medieval tinha mentalidade e idéias. Quando se tem mentalidade e idéias é possível mudar-se de uma para outra.

Continua no próximo post




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Diferenças na movimentação do homem contemporâneo e o medieval

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Missa. Missal de Jean Rolin, século XV
Missa. Missal de Jean Rolin, século XV
Luis Dufaur
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continuação do post anterior: A intensa movimentação das almas na Idade Média




O homem medieval exibia uma ‘movimentação” intelectual e religiosa que se devia a alguns fatos:

Em primeiro lugar, a vitalidade do homem medieval era muito mais exuberante.

Em segundo lugar, o homem medieval tinha mentalidade e ideias. Quando se tem mentalidade e ideias é possível mudar-se de uma para outra.

Hoje, pelo contrário, há exatamente uma carência de idéias.

Sobretudo o que há é que o homem contemporâneo é de uma dureza de coração, especialmente no que diz respeito ao bem. Ele absolutamente não muda. As manifestações de virtude mais palpáveis não o comovem.

Podemos ter o exemplo disto em torno de nós. 

Por vezes, pessoas que não fazem mal a ninguém e que dão a todos o exemplo da virtude, bons filhos, bons irmãos, procedem bem em todas as coisas mas não obtêm a simpatia de ninguém.

Qual a razão disto? Endurecimento... O espetáculo da virtude não comove, não impressiona; a virtude não é simpática, não atrai nenhuma espécie de simpatia.

Outro motivo de endurecimento de alma: o mito do “cidadão maior” e independente

Isto se prende também ao mito do “cidadão maior”, investido em todos os seus direitos civis. A primeira coisa que este cidadão pseudo-livre precisa ter é que ninguém mexa em sua cabeça. Ele é inteiramente independente. Ele tem uma idéia e não muda; toma uma atitude e não liga para ninguém.

Agora, por que ele é independente senão para ser burro sozinho, para ser um celerado sozinho? Ele tem sua independência, ele a mantém.

Resultado: a voz da graça lhe fala e encontra fechadas as portas de seu coração! Ele absolutamente não se comove.

Cristãos contra mouros. Cantigas de Santa Maria, El Escorial.
Cristãos contra mouros. Cantigas de Santa Maria, El Escorial.
As Cruzadas foram um exemplo de ressonância da voz da graça e da voz do passado, na Idade Média.

Pelo contrário, na Idade Média encontramos a possibilidade de ressonância da voz da Igreja, como também da voz do passado, de um modo prodigioso.

É curioso ver como os bons exemplos, como certas situações, como certas crises sociais, impressionavam. E não era só o bom exemplo do rei. Era o bom exemplo dado por qualquer um.

Exemplos:

– As Cruzadas, em grande parte, foram determinadas pelo contágio de alguns bons exemplos.

– São Bernardo, quando entrou para o convento de Cister, levou consigo, de uma vez, cerca de vinte ou trinta cavaleiros.

Por toda parte notamos que um, tomando uma posição, uma porção de outros se impressionam e seguem, porque seguir não era uma vergonha.

Foi preciso chegarmos ao século XX para se decretar que seguir é uma vergonha.




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Reis monges à frente de exércitos: São Sigiberto, rei de East Anglia, na Inglaterra

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Reconstituição do elmo achado em Sutton Hoo
e atribuído a Rædwald rei de East Anglia,
pai de São Sigiberto.
Luis Dufaur
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O historiador Charles Forbes, conde de Montalembert (1810 – 1870) no livro “Les Moines d'Occident”(Ed. Lecoffre, 1867, 505 páginas, 4 vol.) descreve um aspecto inesperado da Idade Média: a vida de alguns reis que deixaram a coroa para se tornarem monges e que as circunstancias obrigaram a empunhar de novo a espada para defender seu povo :

“Dia veio em que Sigiberto, rei da Inglaterra, que era não só um grande cristão e um grande sábio de seu tempo, mas ainda um grande guerreiro, fatigado das lutas e desgostos do seu reino terrestre, declarou querer ocupar-se do reino do Céu e combater unicamente para o Rei Eterno.

“Ele cortou os cabelos e entrou como religioso no mosteiro que doara a um amigo irlandês.

“Deu assim o primeiro exemplo, entre os anglo-saxões, de um rei que abandonava a soberania e a vida secular para entrar no claustro e, como se verá, seu exemplo não foi estéril. Mas não lhe foi concedido, como ele esperava, morrer no claustro.

“O terrível Penda, flagelo da confederação anglo-saxônica, chefe infatigável dos pagãos, cobiçava seus vizinhos cristãos do leste e do norte.

“A testa de seus numerosos soldados, reforçados pelos implacáveis bretões, invadiu e saqueou a Inglaterra, tão encarniçadamente e com tanto sucesso quanto fizera com a Nortumbria.

“Os ingleses, abalados e muito inferiores em número, lembraram-se das proezas de seu antigo rei e foram tirar de sua cela Sigiberto, cuja coragem e experiência guerreira eram conhecidas dos soldados, e o colocaram à frente do exército.

“Ele bem quis resistir, mas foi preciso ceder às instâncias de seus antigos súditos. Mas para permanecer fiel à sua vocação, não quis armar-se com uma espada, mas com um bordão e foi com essa nova arma na mão que o rei monge pereceu à testa dos seus, sob o ferro do inimigo”.

(Fonte: Charles Forbes René, conde de Montalembert, “Les Moines d'Occident”, Ed. Lecoffre, 1867, 505 páginas, 4 vol.).

Catedral de Norwich erigida posteriormente no reino de East Anglia
que São Sigiberto salvou dos pagãos.
Comentários do Prof. Plinio Corrêa de Oliveira:

Naquele tempo os homens usavam cabelo comprido e raspar o cabelo como os frades era símbolo de perder a liberdade e se pôr sob a obediência de um superior.

Os dois fatos acontecem na mais alta Idade Média, no tempo em que o território inglês e o germânico, estavam divididos em reinos que não tinham território inteiramente fixado.

Os pagãos viviam entre o nomadismo e o estado sedentário. Eram hordas de bárbaros que infestavam certas regiões.

Havia, naturalmente, guerra religiosa entre pagãos e cristãos. Essa guerra religiosa foi conduzida muitas vezes por reis santos.

Grã-Bretanha é dividida pelos montes. O sul é a Inglaterra. Nessa parte os anglos eram católicos e os bretões, cristãos decadentes aliaram-se com os saxões pagãos.

Esse grande rei exercera a profissão mais prestigiosa de seu tempo, que era ser combatente. O homem completo devia ser um combatente. Sigiberto foi rei que se assinalou na guerra ficando recoberto de prestígio e glória, mas ao cabo de seus dias resolveu consagrar-se exclusivamente à Igreja e se tornou monge.

Quando houve um ataque dos pagãos, ele foi procurado pelo povo para chefiar a luta porque ninguém era como ele. Ele voltou, mas não quis conduzir uma espada, porque como monge não lhe era próprio derramar sangue alheio.

O bastão era mais uma arma de defesa do que uma arma de ataque. Ele combateu valorosamente e morreu durante a luta defendendo seu povo ameaçado de ruína.


(Fonte: Plinio Corrêa de Oliveira, 12.6.69. Sem revisão do autor)

continua no próximo post



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São Teodorico de Cumbria, outro rei-monge falecido em combate

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Castelo de Sizergh no antigo território do reino de Cumbria.
Luis Dufaur
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continuação do post anterior: Reis monges à frente de exércitos: São Sigiberto, rei da Inglaterra

“Os bretões também tiveram em Teodorico um rei soldado e monge, valente soberano cambriano, invencível em todos os combates. Depois abdicou seu trono para se preparar para a morte pela penitência, e escondeu-se numa ilha.

“Mas no governo de seu filho, os saxões do Wessex atravessaram a Savernia, região que lhes servia de limite.

“Aos gritos de seu povo, o generoso velho deixou a solidão onde vivia há dez anos e conduziu de novo os cristãos da Cumbria em luta contra os pagãos saxões. Uma vitória estrondosa foi o preço de seu generoso devotamento.

“A vista do velho rei coberto com sua armadura, montado em seu cavalo de guerra, o pânico apoderou-se dos saxões há muito habituados a fugir dele.

“Mas, em meio à fuga, um bárbaro inimigo voltou-se bruscamente e feriu o rei mortalmente. Assim ele pereceu no meio da vitória”.

(Fonte: Charles Forbes René, conde de Montalembert, “Les Moines d'Occident”, Ed.Lecoffre, 1867, 505 páginas, 4 vol.).

Comentários do Prof. Plinio Corrêa de Oliveira:

Montalembert apresenta o exemplo de um outro rei também santo que se tornou monge. Esse rei de outra parte da Inglaterra teve um destino diferente.

Ele quis ser monge, mas foi procurado pelos seus para os defender.

Bastou ele aparecer todo revestido de sua armadura à frente dos combatentes, que os adversários já começaram a fugir. Ele obteve uma vitória estrondosa.

Os senhores vejam que bonita figura a desse monge armado dos pés à cabeça, brandindo sua espada e na frente dos seus guerreiros, partindo para a carga de cavalaria, ele, o monge, e o terror de todo mundo.

O! voltou o rei, o rei fatal, o rei invencível, o rei coberto de glória surgiu.

Catedral de Carlisle, construída séculos depois,
nas terras do antigo reino de Cumbria, na Inglaterra.
É ele que ordena o ataque de cavalaria e dizima todos. Ele morre como morreram tantos heróis medievais num crepúsculo de vitória.

Ele ganhou, mas enquanto o adversário dava os últimos golpes para se defender, ele foi atingido.

Ele morreu e o sangue dele derramado no campo de batalha coroou bem a sua dupla carreira de rei e de monge.

Dois exemplos que mostram o que deve ser um rei, um guerreiro e um monge. O rei perfeito, na observância de sua condição de rei deve tem muito de monge e de guerreiro.

Por outro lado, o monge deve ter algo de régio e algo de combatente na alma.

Também, o verdadeiro combatente lucra em ter algo de monge e algo de régio na alma.

Isso é tão diferente do monge sedentário, pacato, incapaz de luta, cuja figura, nos séculos de decadência, se fixou diante de olhos de muitos.

Exemplo de um monge que reuniu essas qualidades no século XIX foi o restaurador da ordem beneditina Dom Guéranger, abade de Solesmes.

É um olhar de fogo, porte de guerreiro, uma independência de rei. Nele as três condições se interpenetram e constituem um só todo.

O estado monacal é tão alto, que todo mundo que se eleva muito nas vias da espiritualidade católica, quando toca nesse alto, tende a ter algo de religioso. E quando não se fazem religiosos, entram para as Ordens Terceiras, que são uma participação do estado religioso.

Foi o caso, entre muitos outros, de São Luís IX rei de França e membro da Ordem Terceira de São Francisco.

Mas é próprio também ao estado religioso, que quando alguém entra nele, se sublime a si próprio, em vez de perder as qualidades que tinha.

Um artista, um pensador, um rei, um guerreiro que fica religioso, fica arqui-artista, arqui-pensador, arqui-guerreiro ou arqui-rei. A magnificência de tudo isso está no estado religioso.


(Fonte: Plinio Corrêa de Oliveira, 12.6.69. Sem revisão do autor)




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São Nicolau, o verdadeiro Papai Noel começou a ser cultuado na Idade Média

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São Nicolau padroeiro dos marinheiros do Mediterrâneo
salva nau que afundava
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De tão deturpado, esqueceu-se sua maravilhosa origem.

Pois Papai Noel tem na sua fonte um homem de carne e osso, um bispo da Santa Igreja, um santo de altar!

Foi São Nicolau, bispo de Myra, na ilha de Gemile, hoje no largo da Turquia.

Ele faleceu rodeado de fama de santidade no ano de 326.

Conta a tradição que o piedoso bispo soube de um pagão que tinha três filhas mas não tinha dinheiro para casá-las bem.

Então decidiu — como aliás não era raro entre certos pagãos — vende-las ou alugá-las para a prostituição, após as festas cristãs do Natal.

Podemos imaginar quão lúgubre foi aquela noite de Natal para as pobres moças.

Porém, o bispo São Nicolau soube do que se planejava.

Jeitosamente, na calada da noite, jogou pela janela três sacolinhas com dinheiro aos pés do leito de cada uma delas.

No dia seguinte, elas amanheceram com o presente e a certeza de que poderiam fazer um bom casamento.

A tradição não é só verbal.

Acontece que nos tempos das Cruzadas, os piratas muçulmanos devastavam as cidades cristãs junto ao mar.

Myra sofreu essa cruel sorte.

Para salvar as reliquias do santo bispo, marinheiros católicos as trasladaram para Bari no sul da Itália.

E São Nicolau hoje é mais conhecido como São Nicolau de Bari e é representado com três saquinhos na mão em lembrança do famoso milagre para as moças.

Em 1993, arqueólogos intrigados foram a vasculhar a ilha de Gemile.

Queriam saber qual catástrofe ecológica a tornara deserta.

Os cientistas encontraram as ruínas de um centro de peregrinações composto de quatro igrejas, um caminho processional e uma quarentena de prédios em torno do primeiro túmulo de São Nicolau.

Nos restos das paredes acharam pintada em várias formas a história de São Nicolau e as moças, além de muitos outros milagres natalinos que o santo foi praticando na Idade Média.


Os ex-votos testemunhavam que a tradição dos presentes de Natal para as crianças (e também para os adultos em forma de graças e auxílios sobrenaturais e até materiais) é bem verdadeira.

A grosseira deturpação hodierna de São Nicolau não desqualifica em nada a maravilhosa tradição medieval.

Se em vez do laicizado Papai Noel, os homens tivessem devoção a São Nicolau não obteriam presentes espirituais e até materiais que enchem a alma, portadores de imponderáveis e bênçãos de que a humanidade perdeu a lembrança?






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Imaculada Conceição: privilégio de Nossa Senhora pelo qual heróis medievais deram a vida

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Quanto mais nós admiramos uma pessoa, mais nós devemos amá-la.

E quanto mais nós a amamos, mais nós devemos ser propensos a admirar as qualidades que Ela tem.

Por causa disso, nos veneramos Nossa Senhora como Mãe ao mesmo tempo sumamente amável e sumamente admirável.

Nossa Senhora aparece fazendo-se admirar pelo título que Ela proclama.

Ela disse a Santa Bernadette Soubirous: “Eu sou a Imaculada Conceição”.

Quer dizer, uma criatura que está numa condição inteiramente superior a todas as outras.

Porque concebida sem pecado original e gozando de uma predileção toda especial de Deus.

De outro lado, Ela pratica milagres dos mais estupendos, numa continuidade e numa importância sem igual história da igreja. E isto é porque Ela quer.

Então Ela se apresenta muito à nossa admiração.

Mas, de outro lado, Ela se apresenta ao nosso amor pela sua caridade, pela sua bondade, pelo interesse na nossa salvação eterna, e pela felicidade dos homens na vida terrena.

Há aí, portanto, esses dois qualificativos que se unem. Aquilo que um falso espírito seudo-democrático e pagão gostaria de separar.

E o princípio de autoridade, na sua mais alta expressão.

Os privilégios d’Ela na sua mais alta categoria e realização não afastam do amor, mas pelo contrário convidam ao amor.

A devoção a Nossa Senhora nos comunica este amor à hierarquia sublime, à desigualdade harmônica.

Ela nos dá indiretamente uma lição de anti-igualitarismo.

Quer dizer, uma lição do oposto do mal que corre pelo mundo em forma de Revolução imoral que ataca a família e a sociedade.

E isso explica episódios de um heroísmo inimaginável em episódios da Idade Média, sobre tudo em combates de cavaleiros cristãos contra invasores representantes do Islã, religião que oferece as mais abomináveis impurezas como prêmio eterno!


(Fonte: Plinio Corrêa de Oliveira, 7/2/65, sem revisão do autor)




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Ecos ainda vivos do Natal medieval reacendem a alegria pelo nascimento do Menino Jesus

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As feiras de Natal que ainda se desenvolvem em cidades alemãs, austríacas e alsacianas trazem um eco saudoso e requintado da feliz era que começou a comemorar o Natal em grande estilo: a Idade Média, noticiou a rádio “Deutsche Welle”.

Cheiro de ervas, amêndoas torradas, vinho, cravo, canela, incenso e resina de pinheiro, enfeites natalinos falam não só ao corpo mas sobre tudo à alma.

Eles fazem reviver as profundas alegrias da infância. Alegrias que a festa do nascimento do Menino Jesus reaviva em toda alma reta.

Luz de vela, utensílios de madeira: tudo relembra o aspecto material rude da Gruta de Belém, e, ao mesmo tempo a insondável luz sobrenatural da graça, do cântico dos anjos, da alegria ingênua e enlevada dos pastores, do maravilhamento entusiasmado dos Reis do Oriente.


Rudes também foram os tempos medievais em que começou a se definir a tradição das feiras de Natal.

Foram tempos de invasões pagãs, de esboroamento do Império Romano cristianizado, de anarquia feudal.

Foi um tempo em que homens como Carlos Magno, imperador e guerreiro, tinham alma para verter lágrimas de ternura e veneração ajoelhados aos pés do presépio.

Então tornava-se realidade palpável o cântico dos anjos: “Glória a Deus no alto dos Céus e paz na terra aos homens de boa vontade!”

Clique aqui para ouvir Jesu Redemptor omnium (Natal/Ferdinando III, imperador do Sacro Império)

Clique aqui para Les anges dans nos campagnes (Natal, França):


Como é diferente da banalidade material do Natal comercializado e massificado! Numa só palavra: descristianizado!



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Árvore de Cristo

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Árvore de Natal, Mittenwald, Baviera, Alemanha
Árvore de Natal, Mittenwald, Baviera, Alemanha
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Depois do Presépio, a Árvore de Natal é o símbolo mais expressivo da época natalina — sobretudo em tempos passados, nos quais o aspecto comercial do Natal não era tão protuberante e agressivo.

O inventor da árvore de Natal foi São Bonifácio, o apóstolo e evangelizador da Alemanha.

Em 723 São Bonifácio derrubou um enorme carvalho dedicado ao deus Thor, perto da atual cidade de Fritzlar.

Para convencer o povo e os druidas de que não era uma árvore sagrada, ele abateu-a.

Esse acontecimento é considerado o início formal da cristianização da Alemanha.

Na queda, o carvalho destruiu tudo o que ali se encontrava, menos um pequeno pinheiro.

Segundo a tradição, São Bonifácio interpretou esse fato como um milagre. Era o período do Advento e, como ele pregava sobre o Natal, declarou:

São Bonifácio derruba árvore sagrada pagã.  Emil Doepler (1855 – 1922).  Uma santa truculência atraiu a bênção da árvore de Natal.
São Bonifácio derruba árvore sagrada pagã.
Emil Doepler (1855 – 1922).
Uma santa truculência atraiu a bênção da árvore natalina.
“Doravante, nós chamaremos esta árvore de árvore do Menino Jesus”.

O costume de plantar pequenos pinheiros para celebrar o nascimento de Jesus começou e estendeu- se pela Alemanha.

E no século XIX, a Árvore de Natal — também conhecida em alguns países europeus como a “Árvore de Cristo” — espalhou-se pelo mundo inteiro como símbolo da alegria própria ao Natal para se festejar o nascimento do Divino Infante.


(Fonte: Guia de Curiosidades Católicas, Evaristo Eduardo de Miranda)







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A Igreja Católica é a alma do Natal

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O Natal é comemorado em toda a face da Terra.

Mas, cada povo o comemora a seu próprio modo.

Por quê?

A Igreja Católica, vivendo na alma de povos diferentes, produz maravilhosas e diversas harmonias.

Ela é inesgotável em frutos de perfeição e santidade.

Ela é como o sol quando transpõe vidros de cores diferentes.

Quando penetra num vitral vermelho, acende um rubi; num fragmento de vitral verde, faz fulgurar uma esmeralda!

O gênio da Igreja passando pelos povos alemães produz algo único; passando pelo povo espanhol faz uma outra coisa inconfundível e admirável, e depois mais aquilo e aquilo outro num outro povo, num outro continente, numa outra raça.

No fundo é a Igreja iluminando, abençoando por toda parte.

É Deus que na Sua Igreja realiza maravilhas da festa de Natal.

Canta a liturgia : “Puer natus est nobis, et Filius datur est nobis...”

“Um Menino nasceu para nós, e o Filho de Deus nos foi dado.

“Cujo império repousa sobre seus ombros e o seu nome é o Anjo do Grande Conselho”.

“Cantai a Deus um cântico novo, porque fez maravilhas”.

Aquele Menino nos foi dado — e que Menino! Então, cantemos a Deus um cântico novo.

O Natal do católico é sereno, cheio de significado, e ao mesmo tempo elevado como o interior de uma igreja!

A vitalidade inesgotável da festa natalina é sobrenatural, produz na alma católica uma paz profunda, uma sede insaciável de heroísmo, e um voltar-se completamente para as coisas do Céu.

No Natal, a graça da Igreja brilha de um modo especial na alma de cada católico. E de cada povo que conserva algo de católico na face da Terra inspirando incontáveis formas de comemorar o nascimento do Redentor!

Porque a Igreja é a alma de todos os Natais da Terra!

Vídeo: A Igreja Católica: alma do Natal






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Criança recém-nascida, mas Rei de toda majestade e de toda glória

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O Divino Infante, com majestade de verdadeiro Rei, repousa em seu presépio, embora seja ainda uma criança recém-nascida.

Ele, Rei de toda majestade e de toda glória, o criador do Céu e da Terra, Deus encarnado feito homem.

Ele, detentor desde o primeiro instante de seu ser — portanto já no claustro de Nossa Senhora — de mais majestade, mais grandeza, mais manifestações de força e de poder que todos os homens, em toda a História da humanidade.

Ele, conhecedor de todas as coisas, sabendo incomparavelmente mais do que qualquer cientista.

Ele, em vários momentos, manifestando na fisionomia, sempre variável, esta majestade feita de sabedoria, de santidade, de ciência e de poder.

Imaginemos perceber tudo isso misteriosamente expresso na fisionomia desse Menino.

Às vezes ao mover-se e no movimento aparecendo sua faceta de Rei.

Abrindo os olhos e no olhar externando um fulgor de tal profundidade que n`Ele divisamos um grande sábio.

Rodeando-O, uma atmosfera que nimba de santidade todos aqueles que d`Ele se acercam.

Uma atmosfera de pureza tal, que as pessoas não se aproximam daquele local sem antes pedir perdão por seus pecados; mas, ao mesmo tempo, sentindo-se atraídas à emenda pela santidade que emana daquele sagrado recinto.




(Fonte: Prof. Plinio Corrêa de Oliveira, 29-12-1973. Sem revisão do autor. Catolicismo”)






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Feliz Natal e bom Ano Novo!

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Natal: assim nasceu "Noite Feliz" CLIQUE PARA VER


O Espírito Santo canta o Natal pela voz da Igreja Católica

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O Natal é cantado por todos os povos com seus estilos próprios, em Vladivostock, no Ceilão, no Pamir, ou em qualquer recanto do mundo. Porque a alma universal da Igreja Católica está em todas as latitudes.

Porém, a Igreja, Ela mesma, comemora o Natal com seu canto próprio: o cantochão, cantado a uma só voz, sem ritmo, sem acompanhamento, sem ornatos, aproveitando o som das palavras para sublinhar seu significado profundo.


Mas, transmitindo uma alegria serena que sobe diretamente ao Céu, um recolhimento que exclui todas as coisas da Terra, sem agitação nem folia, dizendo com toda naturalidade o que tem a dizer.

O cantochão é a voz da Igreja cantando o dom do Espírito Santo, que Deus a ela comunicou por meio de Nossa Senhora.

Na extrema simplicidade de cada uma das palavras cantadas está contida uma catedral de significados e imponderáveis.

O canto da “Ave Maria” é um sublime exemplo.

São Gabriel apresentou-se diante de uma Virgem, e disse que Ela conceberia do Divino Espírito Santo e seria a Mãe de Deus.

O Evangelho narra com toda simplicidade: “Ave Maria, cheia de graça...”

Com essa singeleza, o arcanjo transmite a mensagem aguardada durante milênios pelos Patriarcas e pelos Profetas.

A Santíssima Virgem ficou perplexa e o anjo lhe esclareceu.

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Vídeo: Como a Igreja Católica
canta o Natal

Ela então deu a resposta mais dócil do mundo: “Eis aqui a Escrava do Senhor, faça-se em mim segundo a vossa palavra” ‒ “Ecce Ancilae Domini, fiat mihi secundum verbum tuum”.

Serena, tranqüila, admiravelmente disse tudo. Tudo simples e inocente, mas com elevadíssimo significado.

Cada palavra reflete a ordem do universo como uma catedral sonora.

Ó serenidade, ó tranqüilidade, Ó dignidade e caráter profundamente religioso como o cantochão!

É a voz da Igreja cantando o dom que Deus concedeu a Nossa Senhora, ao sopro do Espírito Santo!

Assim a Igreja comemora o Natal, Ela, a alma dos tesouros de todos os Natais diferentes da Terra!



Noite Feliz: as almas das canções de Natal perfeitas








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Povos bárbaros: um dos componentes que a Igreja tirou da ignorância

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Vestimentas e instrumentos de tribos bárbaras
Vestimentas e instrumentos de tribos bárbaras
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Os povos bárbaros invadiram o Império Romano não como numa simples incursão militar, mas com o intuito de fixarem ali a sua residência.

Eles tinham procedências muito diversas seja geográficas, étnicas, religiosas ou culturais.

O termo “bárbaro” foi cunhado pelos gregos para significar “que não é grego”.

Foi adotado pelos romanos em sentido análogo, indicando os povos que não tinham um Direito ou uma escrita como Roma.

Assumindo pela força a direção da sociedade, provocaram um tal embrutecimento que a Idade Média se iniciou com o mais pavoroso colapso de civilização que a História registrou.

Bárbaro ou selvagem

Para que a extensão desse colapso possa ser medida, é necessário ter-se em conta aquilo que diferencia o selvagem do homem civilizado.

A total ignorância de tudo ou quase tudo o que constituiu a civilização cria no selvagem uma inadaptabilidade quase completa para a vida civilizada.

Por isso muitos selvagens, como ainda em nossos dias se observa nas missões que levam a cabo a catequese dos nossos índios, não podem resistir à brusca transplantação de toda a sua existência para um ambiente plenamente civilizado.

Muitos sofrem com essa transplantação um dano irreparável em sua saúde. Os poucos dentre eles que sobrevivem ao choque, depois de viverem longos anos em uma vida civilizada fogem bruscamente.

E o mesmo fato se dá, se bem que mais raramente, com os filhos de selvagens já catequizados, quando transplantados para um ambiente de grandes cidades.

Elmo anglo-saxão
Essa inadaptabilidade resulta, em última análise, da oposição profunda existente entre os hábitos de um povo civilizado e os de um povo selvagem.

Hábitos dos povos bárbaros

Os bárbaros, singularmente parecidos sob alguns pontos de vista com os nossos índios, tinham hábitos que facilmente explicam o que acima ficou dito.

Em tempo de guerra, pintavam o corpo de modo a amedrontar o adversário. Com o mesmo objetivo, os homens de certas tribos atavam à cabeça crânios de animais selvagens.

Uivando e silvando como animais, costumavam atacar os inimigos em hordas compactas, cujos componentes semi-embriagados executavam saltos ferozes. A certa distância, as mulheres cantavam melodias guerreiras, em que incitavam os combatentes a sacrificar suas vidas em defesa de sua nação.

Um dos hábitos dessas tribos era o chamado juízo de deus. Partindo do princípio verdadeiro de que Deus prefere o inocente ao culpado, concluíam eles erroneamente que em uma luta o vencedor tinha sempre a razão, porque sem a proteção divina ele não poderia ter vencido.

O processo para provar a inocência dos indivíduos, quanto a crimes de que eram acusados, também se inspirava na mesma ordem de idéias.

Daí o fato de serem submetidos os acusados a certas provas, como por exemplo de caminhar, com os pés descalços, sobre metal incandescente, ou a de carregar durante certo tempo barras de metal incandescente. O direito penal consagrava também a obrigação de certas mutilações por certos crimes.

Vestimentas e instrumentos de tribos bárbaras
Vestimentas e instrumentos de tribos bárbaras
Freqüentemente, a pena consistia no pagamento de certa quantia, existindo a esse respeito curiosas tabelas em certos povos bárbaros do norte da Europa, que especificavam o preço de um olho, de uma orelha ou de um braço, ou computavam o preço da vida de um rei, de um príncipe ou de um nobre, servindo como padrão o valor das vacas.

Certas tribos eram tão selvagens que, quando invadiram o Império Romano, não pousavam nas cidades, por se sentirem asfixiadas. Tinham grande cavalheirismo, grande respeito à mulher e irrepreensível hospitalidade.

De todos esses costumes bárbaros — como o duelo judiciário, torturas e penas corporais — se ressentiu durante muitos séculos a civilização.


(Autor: Plinio Corrêa de Oliveira. Excerto do curso de “História da Civilização”, 1936, Colégio Universitário, Faculdade de Direito, Universidade de São Paulo)





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Farmácias: invenção dos monges medievais para progresso da saúde

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No coração de Florença prossegue aberta uma das farmácias mais antigas do mundo: a Officina Profumo – Farmaceutica di Santa Maria Novella, segundo noticiou o site “Panorama farmacêutico”.

A farmácia foi fundada pelos frades dominicanos por volta de 1.221, ano de sua chegada na região italiana. A Ordem dos Pregadores é o nome oficial dos dominicanos.

Ela foi fundada pelo nobre espanhol Santo Domingo de Gusmão e se distinguiu na luta contra as heresias e sua participação na Inquisição contra a Perfídia dos Hereges.

As farmácias monacais medievais eram gratuitas e abertas para qualquer um que se apresentasse com algum mal-estar. Hoje a Officina Profumoé privada e paga.



As primeiras preparações farmacêuticas usavam ervas medicinais cultivadas nos jardins do mosteiro.

Com essas e a sabedoria monacal eram feitos remédios, pomadas, licores, perfumes, pastilhas e bálsamos, entre outros.

De início, visavam atender os frades doentes, mas logo as multidões de todas as classes sociais acorriam a elas, confiando mais nos monges que nos médicos da época. E eram gratuitas.

A tendência para a medicina natural foi menosprezada como artifício de uma época de ignorância e atraso. Hoje a tendência mudou.

Após séculos de industrialismo exacerbado na farmacêutica, hoje se reconhece que a medicina natural típica da Idade Média também traz valiosos ensinamentos e fórmulas eficazes para tratar determinadas patologias.

A Officina Profumoé considerada uma das melhores e mais tradicionais marcas de Florença, ainda fiel aos seus métodos artesanais e tradicionais, oferecendo produtos de alta qualidade.

Depois de 407 anos atendendo no mesmo prédio no número 16 da Via della Scala, a marca decidiu abrir uma segunda loja, uma miniboutique dentro do Hotel Savoy, da Rocco Forte Hotels.

Os hóspedes que reservam uma suíte no Hotel Savoy terão direito a uma visita à casa histórica da Officina, que passou por um restauro completo em 2012, preservando as características históricas das obras de arte e detalhes arquitetônicos.

O local foi o favorito da rainha da França Catarina de Médici, nascida ela própria em Florença.

A rainha Catarina ajudou a fazer a fama da farmácia por usar a Acqua di Colonia Santa Maria Novella, que até hoje é o produto mais vendido.

Pois a sábia medicina medieval não procurava só o útil (o bonum na linguagem teológica) mas o belo e deleitável (o pulchrum também na linguagem da teologia aristotélico-tomista).




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Das abadias medievais: criação e impulso aos licores espirituosos

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Abadia de Hautvilliers, onde nasceu o champagne
Luis Dufaur
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Pouco se fala do impulso decisivo dado pelos monges medievais para a criação e/ou requinte de aguardentes, licores, vinhos, cerveja, sidra e outras bebidas alcoólicas hoje muito apreciadas.

A tradição continuou introduzindo nos mosteiros após a Idade Média sucessivos aperfeiçoamentos e novos requintes, como o champanhe.

Os inventos dos monges passaram rapidamente aos leigos, que seguindo o impulso primeiro das abadias adquiriram voo próprio na elaboração de refinadas bebidas.



Dom Perignon, abade a quem se atribui o champagne
O colunista Reinaldo Paes Barreto, especialista em vinhos, escreveu interessante matéria da qual reproduzimos alguns excertos.

Na Idade Média, o clero atuou em todos os campos da atividade política, social e pessoal dos seus contemporâneos.

Inclusive, que é o que nos interessa aqui, na produção de vinhos, cervejas, “eau-de-vies” e licores.

Foi no silêncio dos monastérios, ou nas experiências dos laboratórios improvisados, que os monges, com a participação de “alquimistas” (químicos), procuraram obstinadamente soluções medicinais que prolongassem a vida.

Como colocar ‘espírito’ nas bebidas para que elas transmitissem vigor, alegria e energia vital.

Mas só por volta do século XIV, na França, eles começaram a macerar plantas e frutas para fabricar os primeiros licores.

E só quatro séculos depois, com a chegada à Europa do açúcar de cana, vindo das Antilhas, é que os produtores de licor definiram a fórmula – no mais das vezes secreta – com a qual produzem, até hoje, os emblemáticos digestivos que são servidos mundo afora.

Chartreuse: um dos licores mais premiados do mundo
Essas bebidas “espirituosas” devem ser apreciadas em pequenas quantidades junto com o café ou após a refeição.

E além de se dirigirem “ao espírito” elas também falam ao coração.

Existem dois processos para a fabricação de licores de qualidade:

Destilação – as frutas, ervas e outros ingredientes são macerados em álcool e a mistura então é destilada.

Este processo é mais usado para especiarias voláteis (hortelã, laranja, tomilho);

Infusão – é o processo de adição de frutas e outras especiarias ao álcool, cujo produto é filtrado e, depois, adocicado.

Os licores mais conhecidos são:

Amaretto (licor com sabor de amêndoas, produzido originalmente na Itália com caroços de abricó.

O amaretto Disaronno vem sendo produzido desde 1525).

Tia Maria (licor de café, à base de rum aromatizado com especiarias típicas da Jamaica).

Cointreau (licor incolor produzido com a casca de pequenas laranjas verdes originárias da ilha de Curaçau, Antilhas Holandesas).

Destilaria dos monges cartuxos faz Chartreuse
Chartreuse (o verde é produzido pelos monges cartuxos, perto de Grenoble, na França.

Chamado de “liqueur de santé” (licor da saúde), quase teve a sua fórmula destruída pela Revolução Francesa.

Mas ela foi salva, ainda uma vez, por um monge.

Composto por álcool, açúcar e 130 plantas, não contém nenhum produto químico e é o único licor verde no mundo, de cor natural).

Quarenta e três (43 ingredientes entram nesse licor espanhol, feito à base de brandy com ligeiro sabor de baunilha).

Drambuie (antigo e famoso licor de uísque, produzido com “highland malt whisky e mel de urze).

Grand Marnier (licor de laranja do tipo curaçau macerada no conhaque).

Beirão (licor português com base em diversas plantas – entre as quais o eucalipto, a canela, o alecrim e a alfazema – e sementes aromáticas).




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