Luis Dufaur Escritor, jornalista, conferencista de política internacional, sócio do IPCO, webmaster de diversos blogs |
O que é mais admirável em Carlos Magno: o homem de piedade ou o guerreiro? O diplomata ou o organizador do Império? O restaurador da cultura ou o fundador de uma dinastia?
Sinto mal-estar diante da pergunta. Não porque ela não tenha sentido — pode-se fazer tal pergunta, ela tem razão de ser —, mas o modo como ela é feita tende a omitir o mais importante: todo o conjunto.
A questão está mal formulada, porque essas qualidades admiráveis não se excluem. Elas devem ser consideradas concretamente em um homem, e não abstratamente.
Ou seja, no Imperador do Sacro Império, tais qualidades formam um todo que o representa. Uma totalidade que fez com que os dois nomes “Carlos” e “Magno” adquirissem som de prata e de bronze, que ecoa pelos séculos.
Esse é a característica própria de Carlos Magno, que é muito maior do que a soma daquelas qualidades.
Considerando o unum de um homem, podemos melhor compreender como as várias qualidades resultam, de fato, numa beleza maior, pois o conjunto é mais belo que as partes. Mas isto, na medida em que as qualidades isoladas forem muito boas.
Exemplo: um vitral em que cada pedacinho de vidro de má qualidade reflete mediocremente a luz, deixando-a transparecer de forma embaçada e em cores indefinidas, dá um conjunto inexpressivo num vitral ordinário.
É preciso que cada vidrinho seja de muito boa qualidade para que o conjunto fique extraordinariamente lindo.
A matéria-prima tem de ser excelente para que o conjunto seja ainda melhor.
Carlos Magno é um exemplo estupendo desse princípio!
Carlos Magno ((742-814), foi Rei dos francos de 768 a 814, dos lombardos e Imperador do Ocidente de 800 a 814 — coroado em Roma pelo Papa Leão III na noite de Natal do ano 800. Considerado protótipo de Imperador cristão, lançou as bases da Cristandade medieval.
Excertos da conferência proferida pelo Prof. Plinio Corrêa de Oliveira em 26 de outubro de 1980. Sem revisão do autor.