Luis Dufaur Escritor, jornalista, conferencista de política internacional, sócio do IPCO, webmaster de diversos blogs |
Para compreender bem a sociedade medieval, é necessário estudar a sua organização familiar.
Aí se encontra a “chave” da Idade Média, e também a sua originalidade.
Todas as relações nessa época — tanto as de senhor-vassalo como as de mestre-aprendiz — se estabelecem sobre a estrutura familiar.
A vida rural, a história do nosso solo, só se explicam pelo regime das famílias que aí viveram.
Quando se queria avaliar a importância de uma aldeia, contava-se o número de “fogos”, e não o número de indivíduos que a compunham.
Na legislação, nos costumes, todas as disposições tomadas dizem respeito aos bens de família, ao interesse da linhagem, ou então estendendo esta noção familiar a um círculo mais importante — ao interesse do grupo, do corpo de ofício, que não é senão uma vasta família fundada sobre o mesmo modelo que a célula familiar propriamente dita.
Os altos barões são antes de tudo pais de família, agrupando à sua volta todos os seres que, pelo seu nascimento, fazem parte do domínio patrimonial.
As suas lutas são querelas de família, nas quais toma parte toda essa corte, a qual têm o cargo de defender e de administrar.
(Fonte: Régine Pernoud, “Lumière du Moyen Âge”, Bernard Grasset Éditeur, Paris, 1944)