Quantcast
Channel: Idade Média * Glória da Idade Média
Viewing all 632 articles
Browse latest View live

Festa de coroação do Imperador Romano-Alemão

$
0
0
Conrado III imperador, Chronica Regia Coloniensis (s 13)
Conrado III imperador.
Chronica Regia Coloniensis (s 13)
Luis Dufaur
Escritor, jornalista,
conferencista de
política internacional,
sócio do IPCO,
webmaster de
diversos blogs




Desde o Imperador Conrado até Fernando I, irmão de Carlos V, isto é de 911 a 1556, a coroação teve lugar em Aachen (Aix-la-Chapelle).

Maximiliano II começou em 1564 a série de Imperadores eleitos de Frankfurt.

A partir desse momento, a sala principal do magnífico edifício central de Frankfurt, o Rómer, serviu para a proclamação dos Imperadores, e denominou-se esta sala Kaisersaal, Sala do Imperador.

E' um recinto oblongo, vasto, discretamente iluminado em sua extremidade oriental por cinco estreitas janelas desiguais que se elevam no sentido do muro externo do Romer.

Na Kaisersaal há móveis preciosos, entre os quais a mesa de couro dos Príncipes Eleitores.

Em suas quatro altas paredes abundam afrescos esmaecidos pelo tempo. E sob uma abóbada de madeira com nervuras de um dourado envelhecido, encontram-se, em prestigiosa penumbra, os quarenta e cinco retratos dos continuadores do Império Carolíngio, figurados em bustos de bronze, cujos pedestais mostram as duas datas que abrem e fecham cada reinado, alguns ornados com lauréis, como os Césares romanos, outros cingidos com o diadema germânico.

Ali entreolham-se silenciosamente, cada um dentro de seu nicho ogival, os três Conrados, os sete Henriques, os quatro Ottons, o único Lotário, os dois Albertos, o único Luiz, os quatro Carlos que sucederam a Carlos Magno, o único Wenceslau, o único Roberto, o único Segismundo, os dois Maximilianos, os três Fernandos, o único Matias, os dois Leopoldos, os dois Josés, os dois Franciscos, os quais durante nove séculos, de 911 a 1806 marcaram a História do mundo, com a espada de São Pedro numa mão e o globo de Carlos Magno na outra.

Coroa do Sacro Império. Schatzkammer Tesouro no Palácio Hofburg, Viena.
Coroa do Sacro Império. Schatzkammer Tesouro no Palácio Hofburg, Viena.
Depois da cerimônia da coroação, que tinha lugar na igreja-catedral de São Bartolomeu, mais conhecida pelo simples nome do Dom, o novo Eleito, acompanhado dos Príncipes Eleitores, entrava no Paço Municipal de Frankfurt, o Romer, e subia à grande sala para cumprir e ver cumprir as cerimônias costumeiras em tal ocasião.

Os Eleitores de Tréveris, de Mogúncia e de Colônia situavam-se na primeira janela. Eram os três Eleitores eclesiásticos, os três Arcebispos destas cidades.

O Imperador, em trajes solenes, o manto imperial sobre os ombros, Coroa na cabeça, cetro e globo às mãos, tomava lugar na segunda janela.

A terceira era ocupada por um baldaquim, debaixo do qual ficavam o Arcebispo de Frankfurt e o Clero.

A quarta era destinada aos Embaixadores da Boêmia e do Palatinado.

A quinta, aos Eleitores da Saxonia, de Brandenburg e Brünswick.

Roupa da coroação: túnica do novo imperador.
Roupa da coroação: túnica do novo imperador.
No momento em que aparecia esta brilhante assembléia, a praça toda irrompia em brados e aclamações.

As comemorações na praça merecem uma descrição particular.

O centro dela era ocupado por um boi que se assava inteiro no meio de uma cozinha de tábuas.

Num dos lados havia uma fonte encimada por uma águia bicéfala. Por um dos bicos, jorrava vinho tinto; pelo outro, vinho branco. O segundo lado era ocupado por um monte de aveia que podia elevar-se à altura de três pés.

Quando todas as janelas e balcões estavam ornados, quando o Imperador, o Arcebispo e os Eleitores estavam sentados em seus respectivos lugares, o som de um trompete fazia-se ouvir; o arquiferreiro, o arquimarechal ‒ encarregado das cavalariças do Império ‒ saia a cavalo, enfiava sua montaria até os arreios na aveia, enchia uma medida de prata, subia à kaisersaal e a apresentava ao Imperador. Isto queria dizer que as cavalariças do Império estavam bem providas.

Então, o trompete fazia-se ouvir uma segunda vez, o arquicopeiro saia a cavalo e ia encher duas largas taças de prata na fonte, uma com vinho tinto, outra com vinho branco, e levava-as ao Imperador. Isto simbolizava que as adegas do Sacro Império estavam abastecidas.

Imperador coroado
Imperador coroado
Depois o trompete fazia-se ouvir uma terceira vez, e o arquitrinchador saia a cavalo, ia cortar um pedaço de boi e o apresentava ao Imperador. Isto significava que as cozinhas estavam florescentes.

Enfim, o trompete fazia-se ouvir uma quarta vez, o arquitesoureiro saia a cavalo tendo na mão um saco com moedas de ouro e prata e jogava-as ao povo. Isto queria dizer que o tesouro nacional estava cheio.

O retorno do grande tesoureiro era o sinal de um combate que se travava entre o povo para ter a aveia, o vinho e o boi.

Em geral, deixava-se os açougueiros e os adegueiros assediar e tomar a cozinha; a cabeça do boi era o troféu mais honorífico da luta.

A vitória era atribuída ao partido que possuísse a cabeça.

E ainda hoje os adegueiros mostram nas adegas do palácio, e os açougueiros, no seu mercado, as cabeças que seus antepassados conquistaram nas memoráveis jornadas das coroações imperiais.

(Autor: Alexandre Dumas, « La Terreur Prussiene », Paris, Calmann Levy, Editeurs, 1887, t.I, pp.261 s.)



AS CRUZADASCASTELOS MEDIEVAISCATEDRAIS MEDIEVAISHERÓIS MEDIEVAISORAÇÕES E MILAGRES MEDIEVAISCONTOS E LENDAS DA ERA MEDIEVALA CIDADE MEDIEVALJOIAS E SIMBOLOS MEDIEVAIS

A multiforme inspiração do Espírito Santo nos panettones de Natal

$
0
0
Christmas pudding inglês
Christmas pudding inglês
Luis Dufaur
Escritor, jornalista,
conferencista de
política internacional,
sócio do IPCO,
webmaster de
diversos blogs



No Natal, os britânicos preparam o tradicional “pudding”, oriundo da Idade Média e que segundo instrução da Igreja Católica, “deve ser feito no domingo 25, após a Trindade.

“Ele é preparado com 13 ingredientes para representar Cristo e os 12 Apóstolos, e em cuja massa todos os membros da família devem dar uma mexida durante a preparação, um de cada vez, de leste a oeste, a fim de homenagear os Reis Magos e sua suposta jornada nessa direção”.
Por sua vez, os belgas degustam os chamados “cougnoles” ou “cougnous”, pães do tipo brioche cujo tamanho varia entre 15 e 80 cm, com a forma de um presépio que acolhe uma imagenzinha do Menino Jesus.

Christstollen alemão.
Christstollen alemão.
Os alemães preparam o “Christstollen”, bolo muito denso perfumado com especiarias e recheado com frutos cristalizados e passas, cozinhado numa forma especial.

Os espanhóis no Natal preferem o “turrón”, uma massa feita com amêndoas e mel. Ele tem muitas variantes: com chocolate, nozes, frutas secas, etc.

Os franceses comemoram com a “bûche”, literalmente pedaço de lenha, que suscita todo ano um verdadeiro concurso para ver quem é o “pâtissier” que concebe a variante mais criativa.

Bûche de Noël francesa.
Bûche de Noël francesa.
Porém, nesse ponto os italianos acabaram passando na frente de todos os outros com o universalmente conhecido e cobiçado “panettone”.

De onde vem ele?

Discute-se fortemente na Itália sobre a sua origem. Todos concordam que nasceu na região de Milão.

Segundo uma versão, o panettone nasceu pelo fim do século XV num banquete oferecido pelo tempestuoso duque Ludovico Sforza, dito “o Mouro”.

O ajudante de cozinha de nome Toni, encarregado de vigiar o forno durante a preparação da sobremesa, teria dormido. E quando acordou ela estava queimada!

Para se salvar da ira do colérico duque, ele então apanhou tudo o que estava sobrando na cozinha e misturou, para produzir um pão “enriquecido” que fez as delícias de todos.

Essa obra-prima passou para a posteridade como o “pão de Toni”, que acabou dando em “panettone”.

O Panettone famoso vem da região de Milão. Quem o inventou?
O Panettone famoso vem da região de Milão. Quem o inventou?
Mas há outra versão: um certo Ughetto degli Atellani, jovem nobre que queria casar com Algisa, filha do padeiro Toni, teria conseguido ser contratado pela padaria, onde concebeu o famoso pão de Natal para conquistar a moça.

Outra versão ainda é aquela segundo a qual Sóror Ughetta – cujo nome significa passa – teria comprado com suas últimas moedas algumas passas e frutas cristalizadas para acrescentar a seu pão de Natal, a fim de levar um sorriso às irmãs de seu convento.

O fato histórico incontestável é que, entre outras coisas, na Idade Média nasceu o costume de comemorar o Natal com um pão que fosse melhor que o quotidiano.

Até 1395, os fornos de Milão só podiam cozer esse pão no período natalino. Com frequência o “panettone” era marcado com uma cruz.

Mas tem o “panettone” glacé e com amêndoas de Turim.

E também o “pandoro”, de Verona, que é muito alto, pesa perto de um 1 kg, com sabor de baunilha, uma miga muito leve e que é servido num pacote feito com açúcar cristalizado que se come também.

Em Veneza, o “panettone” vem acompanhado de um creme de frutas cristalizadas.

E, além do mais, há o “pandolce” de Genova, um pouco mais compacto; o “panforte” de Siena, feito com especiarias e sem farinha, com a massa consolidada com mel, pimenta e canela.

O pandoro de Verona
O pandoro de Verona
O sul da Itália aplicou sua inspiração ao panettone, que vinha do Norte, e acrescentou delícias inéditas nas regiões frias: laranja, limão, pistache, bergamota e o licor limoncello.

O de Nápoles é feito com laranjas cristalizadas de Amalfi e limoncello.

Em Siracusa, ele vem com chocolate, pistaches, laranjas cristalizadas da Sicília e passas de Pantelleria. Todos eles em geral têm preços acessíveis.

Foi só no mundo católico que a ação multiforme da graça do Espírito Santo inspirou uma tão larga variedade de pães simples, mas deliciosos, próprios a elevar os espíritos e fortalecer o corpo nos gaudiosos dias do nascimento do Redentor.

Procure-se entre os amargados protestantes ou nos decaídos países pagãos e veja se eles criaram uma variedade análoga de uma gostosura pura e inocente, tão de acordo com o espírito sobrenatural do Natal católico.




AS CRUZADASCASTELOS MEDIEVAISCATEDRAIS MEDIEVAISHERÓIS MEDIEVAISORAÇÕES E MILAGRES MEDIEVAISCONTOS E LENDAS DA ERA MEDIEVALA CIDADE MEDIEVALJOIAS E SIMBOLOS MEDIEVAIS

Costumes católicos do Natal: la “bûche de Noël” na França

$
0
0

Luis Dufaur
Escritor, jornalista,
conferencista de
política internacional,
sócio do IPCO,
webmaster de
diversos blogs




Durante séculos, na noite de Natal as famílias francesas acendiam um pedaço de lenha de árvores frutíferas como cerejeira, ameixeira, macieira ou oliveira, ou de madeiras nobres ou comuns. Ficou conhecida como a “bûche de Noël”.

A família aquecida por esse fogo se reunia para a Ceia de Natal entoando canções, conta “Le Petit Journal”.

Os restos das achas de lenha dos anos passados ficavam ornando a lareira para simbolizar que enquanto o tempo passa, a chama do Natal e sua benção perduram eternamente.

Segundo as regiões a “bûche de Noël” era aspergida com sal (em Poitou-Charentes), vinho (Provence), água benta, azeite, leite ou ainda mel enquanto a família fazia as orações.

A “bûche de Noël” era tida em conta de benta, sobre tudo se o pároco a tinha abençoado. Ela protegia a casa e seus habitantes.

Pela mesma razão, suas cinzas eram dispersas nos estábulos, nos vinhedos, nas hortas ou nos campos para protegê-los das doenças e atrair abundantes colheitas.

Também lhes eram atribuídas o poder de afastar as raposas do galinheiro e as bruxas e fantasmas das moradias, dar mais força às sementes, proteger do raio e consolar os moribundos na agonia.

Se as cinzas fossem jogadas nos poços ou córregos afastavam as serpentes e as más línguas ! Simbolicamente também eram postas no esquife do defunto.

Na região da Borgonha, na véspera do Natal, as crianças nas aldeias e cidadinhas iam cantando de casa em casa, batiam a porta, entravam e recebiam doces, frutos secos, bombons, flores secas e outras deliciosas iguarias.

Os presentes não estavam ligados ao papai Noel que elas desconheciam, mas à famosa acha de lenha que elas encontravam coberta de ingênuas delícias.

A acha na Borgonha devia arder toda a noite do Natal, a fim de que se a Virgem e a Sagrada Família fossem bater à porta na noite pedindo alojamento, eles pudessem entrar e se aquecer, sendo bem acolhidos.

Com o tempo, as velhas lareiras foram se apagando. Entraram novos sistemas de aquecimento. Mas eis que a “bûche de Noël” continuou a fazer bem!

E ela se transformou numa obra prima da pâtisserie francesa, a sobremesa indispensável nos lares da França nos dias abençoados do Natal.

É difícil saber quem fez esse prodígio, embora quiçá foram muitos e em muitas partes guiados pelo instinto católico, a tradição e o bom gosto.

Fala-se porém de um aprendiz de pastelaria de Paris que trabalhava numa chocolateria do aristocrático bairro de Saint Germain des Prés que teria tido a ideia.

Os palacetes do bairro eram habitados por nobres muito ligados a seus castelos muitas vezes erigidos em bosques e em continuo contato com a agricultura e as tradições locais. E esses nobres não encontravam na refinada Paris suas rústicas mais abençoadas “bûches de Noël”.

Então o aprendiz concebeu um doce com forma de acha para aplacar a saudade inspirada pela fé.

Segundo outros, o famoso bolo foi inventado em Lyon por volta de 1860. E ainda outros defendem que Pierre Lacam, pasteleiro e sorveteiro do príncipe Carlos III de Mônaco, teria concebido a primeira requintada “bûche” em 1898.

Quem quer que seja o inventor, em forma de sorvete ou bolo, a “bûche de Noël” aparece nas pâtisseries da França nas proximidades do Natal avidamente procurada pelos espíritos amantes da família, da tradição e da Cristandade.

Na Córsega ela é forçosamente feita na base de castanhas. Mas, as fórmulas e apresentações são infinitas. Dependem da preferência das famílias, dos padeiros, dos patisseiros de cada região, cidade, rua ou loja.




AS CRUZADASCASTELOS MEDIEVAISCATEDRAIS MEDIEVAISHERÓIS MEDIEVAISORAÇÕES E MILAGRES MEDIEVAISCONTOS E LENDAS DA ERA MEDIEVALA CIDADE MEDIEVALJOIAS E SIMBOLOS MEDIEVAIS

O “Bolo dos Reis”

$
0
0

Luis Dufaur
Escritor, jornalista,
conferencista de
política internacional,
sócio do IPCO,
webmaster de
diversos blogs





No início do mês de janeiro, as vitrines das pâtisseries de Paris se enchem de “galette des rois” ou “gateau des rois”, conta“Le Petit Journal”.

O nome, como o de tantos produtos culinários franceses não tem tradução, mas alguns tentaram “bolo dos reis”.

Ele é vendido já com uma coroa especial. Em 2014 entre 85% e 97% dos franceses diziam come-la na festa da Epifania, ou Reis.

O Bolo dos Reis com a fava
As receitas, acompanhamentos e formas são incontáveis, em geral redondas.

Quando contêm o prezado marzipã e chamado de “parisiense”. Com frutas abrilhantadas é o “bordelês”.

Existem outras receitas em Nova Orleans (EUA), Bélgica, o “bolo rei” em Portugal, a “rosca” no México, a “vassilopita” na Grécia e a “pitka” na Bulgária, para só citar algumas.

O mais típico é que a criança mais nova sentada na mesa se encarregue de cortar a “galette des rois” e distribua um pedaço a cada um.

O bolo dos reis em família: quem ganha a 'fava'?

Porque dentro do bolo, em alguma parte há uma fava também chamado “rei” e que faz a alegria da mesa.

A fava respeita a forma da humilde semente original, mas depois passou a ser substituída por pequenos objetos simbólicos imaginosos como lâmpadas douradas, ou outros.

O fato é que quem recebe o pedaço com a “fava” é chamado de “rei”, recebe a coroa que veio com o bolo e deve beber numa taça especial enquanto os demais cantam “o rei bebe, o rei bebe”, em meio ao gáudio geral.

O costume tradicional: reservar uma parte para o primeiro pobre que bater na porta
O costume tradicional católico: reservar uma parte
para o primeiro pobre que bater na porta
Nos bons tempos, aliás, partia-se a “galette” no número dos presentes mais um.

Esse pedaço extra era chamado “a parte do Bom Deus”, ou “parte da Virgem”, ou “parte do pobre”, e era destinado ao primeiro pobre que fosse bater a porta do lar.

O costume comemora a festa da Adoração do Menino Jesus pelos três Reis Magos, ou Epifania, 6 de janeiro.

A Epifania comemora precisamente a chegada dos Reis Magos Melchor, Gaspar e Balthazar, conduzidos pela miraculosa estrela.

Na Espanha, para as crianças, os Reis Magos são muito mais importantes que Papai Noel.

São eles que trazem os presentes na noite de 5 para 6 do janeiro.

Os Reis deixam os presentes sobre os sapatinhos que elas puseram na sacada, ou na lareira.

É normal que o fato seja comemorado com um bolo. É o denominado Roscón de Reyes com forma de coroa, e introduz uma variedade grande em relação à galette des rois francesa.




AS CRUZADASCASTELOS MEDIEVAISCATEDRAIS MEDIEVAISHERÓIS MEDIEVAISORAÇÕES E MILAGRES MEDIEVAISCONTOS E LENDAS DA ERA MEDIEVALA CIDADE MEDIEVALJOIAS E SIMBOLOS MEDIEVAIS

Santo Natal e Feliz Ano Novo !

$
0
0
Luis Dufaur
Escritor, jornalista,
conferencista de
política internacional,
sócio do IPCO,
webmaster de
diversos blogs




Visibilidade, hierarquia e simbolismo da igreja

$
0
0
Luis Dufaur
Escritor, jornalista,
conferencista de
política internacional,
sócio do IPCO,
webmaster de
diversos blogs




As igrejas e catedrais medievais foram construídas nos locais de máxima relevância. Isso lhes conferia um ar triunfante e glorioso.

Mas essa não era a única finalidade, nem a mais importante até. Elas visavam obedecer os conselhos evangélicos.

Para os construtores de igrejas as palavras de Cristo são normativas, diz o arquiteto americano Michel Rose, que estudou a arquitetura eclesiástica modernista no livro "Feia como o Pecado" (Ugly as Sin, Sophia Institute Press, Manchester, NH, 2001).

O Divino Mestre, diz Rose, ensinou no Sermão das Bem-aventuranças: “Não pode se esconder uma cidade que está situada sobre um monte. Nem os que acendem uma luzerna a metem debaixo do alqueire, mas põem-na sobre o candeeiro, a fim de que ela dê luz a todos que estão na casa” (Mt 5, 14-15).

Por isso, a igreja não pode ficar dissimulada ou escondida. A igreja tem que sobressair no panorama.

Esse destaque deve ser audível também.

Os sinos lembram a presença de Nosso Senhor na Terra, convocam à oração, marcam os acontecimentos transcendentais da vida, espantam os demônios.

Porque é sagrada, a igreja tem uma superioridade natural sobre os prédios profanos que a circundam.

O bom encaixe estético e hierárquico foi bem alcançado com uma transição harmônica. Onde possível, uma praça ou um largo, que pertencem à esfera temporal, faz o primeiro espaço de transição.

Logo vem o átrio, pátio aberto que lembra o átrio do Templo de Salomão, e que pertence à igreja e nos prepara para entrar nela.




AS CRUZADASCASTELOS MEDIEVAISCATEDRAIS MEDIEVAISHERÓIS MEDIEVAISORAÇÕES E MILAGRES MEDIEVAISCONTOS E LENDAS DA ERA MEDIEVALA CIDADE MEDIEVALJOIAS E SIMBOLOS MEDIEVAIS

Arquivista do Vaticano diz ter esclarecido o "segredo" dos templários: eles veneravam o Santo Sudário

$
0
0
Arquivo Secreto Vaticano
Arquvo Secreto Vaticano
Luis Dufaur
Escritor, jornalista,
conferencista de
política internacional,
sócio do IPCO,
webmaster de
diversos blogs




Uma ciência que se ouve mencionar pouco é a Diplomática, ou “corpo de conceitos e métodos com o objetivo de provar a fidedignidade e a autenticidade dos documentos.

“Ao longo do tempo ela evoluiu para um sistema sofisticado de ideias sobre a natureza dos documentos, sua origem e composição, suas relações com as ações e pessoas a eles conectados e com o seu contexto organizacional, social e legal”.


Barbara Frale
Barbara Frale
Essa ciência apresentou resultados que darão para falar.

Em artigo estampado no quotidiano vaticano “L'Osservatore Romano” Barbara Frale (foto), investigadora do Arquivo Secreto Vaticano, defende que, segundo os documentos que possui a Santa Sé, os cavaleiros da Ordem do Templo custodiaram e veneraram o Santo Sudário no século XIII.

A versão segundo a qual eles adoravam uma cabeça barbada não teria passado de uma difamação.

Esta foi promovida pelo iníquo rei da França Felipe IV o Belo com a intenção de fechar a Ordem e confiscar seus bens.

O fechamento aconteceu em 1307 com a anuência do Papa Clemente V.

Jacques de Molay, Grão Mestre templário foi queimado vivo em Paris após iníquo processo
Jacques de Molay, Grão Mestre templário foi queimado vivo em Paris
após iníquo processo
Após um polêmico e expeditivo processo, Jacques de Molay, Grão Mestre templário foi queimado vivo em Paris com mais 137 monges-guerreiros.

Eles protestaram inocência até o fim. Os bens da Ordem foram confiscados por reis e eclesiásticos.

A autora do artigo especializou-se na polêmica existência dos templários. O caso ainda hoje faz correr abundante tinta.

O artigo da Dra. Frale “Os templários e o Sudário – Os documentos demonstram que o tecido lençol foi custodiado e venerado pelos cavaleiros da Ordem no século XIII”é uma antecipação do seu livro que sairá a público no próximo verão europeu.

Frale já publicou “L'ultima battaglia dei Templari. Dal codice ombra d'obbedienza militare alla costruzione del processo per eresia” (Roma, Libreria Editrice Viella, 2001); “Il Papato e il processo ai Templari. L'inedita assoluzione di Chinon alla luce della diplomatica pontificia(Roma, Libreria Editrice Viella, 2003); “I Templari” (Bolonha, Il Mulino, 2007); “Notizie storiche sul processo ai Templari” (in “Processus contra Templarios”, Cidade do Vaticano, Archivio Segreto Vaticano, 2007).

A sede original da Ordem do Templo, hoje transformada em mesquita
A sede original da Ordem do Templo, hoje transformada em mesquita Al Aqsa, em Jerusalém
A Ordem nasceu em Jerusalém pouco depois da primeira Cruzada. Ela visava defender os cristãos na Terra santa.

Seu nome era “Pobres Irmãos-Soldados de Cristo e do Templo de Salomão” porque instalaram sua primeira sede nas ruínas do palácio do rei-profeta.

A Regra dos cavaleiros-monges foi aprovada pelo Concílio de Troyes em 1129. São Bernado de Claraval teceu um subido elogio do estilo de vida dos frades-soldados.

Rapidamente tornou-se a ordem mais poderosa e ilustre da Cristandade medieval.

Era uma coluna que defendia militarmente as fronteiras da Cristandade e sustentava o combate contra o Islã invasor.

Santo Sudário, Ciência confirma a Igreja
A divina face segundo o Santo Sudário
No ano de 1287 o jovem nobre Arnaut Sabbatier ingressou no Templo. Na cerimônia, Arnaut foi conduzido a um local só acessível para os monges-soldados do Templo.

Ali foi-lhe mostrado um lençol de linho que tinha impressa a figura de Nosso Senhor. Ele a beijou ritualmente três vezes na altura dos pés.

O documento está no processo contra os templários. Mas segundo Barbara Frale, tratava-se do Santo Sudário de Turim.

O histórico, hoje muito estudado, da mais famosa relíquia da Cristandade abona a teoria.

Em 1978 o historiador de Oxford, Ian Wilson, reconstituiu o percurso do sagrado lençol, passando pelo saque da capela dos imperadores de Bizâncio durante a quarta cruzada em 1204.

Entre as calúnias promovidas pelo rei da França estava a de adorar um misterioso “ídolo”: uma cabeça com barba. Mas Wilson concluiu que deveria se tratar, em verdade, do Santo Sudário.

Para Wilson, os anos em que não se tem notícia do paradeiro do Santo Sudário correspondem ao período em que a relíquia foi custodiada no maior segredo pelos cavaleiros templários.

Os templários, acrescenta Barbara Frale, promoveram liturgias especiais da sagrada relíquia. Eles tocavam elementos de seu hábito no Santo Sudário para pedir proteção contra os inimigos no campo de batalha.

Sede dos Templários em Paris
A forma de devoção praticada pelo jovem templário Arnaut Sabbatier é idêntica à que praticou São Carlos Borromeu em 1578 quando a venerou em Turim seguindo os costumes dos dignitários do Templo.

A agencia ACIPrensa destaca que os templários custodiaram o Santo Sudário para que não caísse nas mãos dos hereges do Oriente (heresias diversas) e do Ocidente (cátaros) que negavam que Jesus Cristo fosse verdadeiro homem.

Os templários guardavam a santa relíquia numa urna especial que só permitia ver o rosto.

A relíquia “era o melhor antídoto contra todas as heresias” pois nela pode-se “ver, tocar e beijar” o próprio pano encharcado de sangue que envolveu Nosso Senhor Jesus Cristo na sua sepultura.

É a prova mais evidente de sua Humanidade Santíssima e da veracidade de sua Paixão e Morte.
Santo Sudário, negativos de fotos, corpo inteiroO diário “The Times” de Londres , assim como o diário “The Telegraph” relembraram que a relíquia, “desapareceu” para só reaparecer após o fechamento dos templários em Lirey, França, no ano de 1353.

Ela formava parte do espólio do templário Geoffroy de Charney, queimado junto ao Grão Mestre da Ordem Jacques de Molay.

Desde então muitas imposturas tem circulado a respeito de falsas continuidades da Ordem do Templo, com ritos e iniciações esdrúxulas sem autenticidade.

O auge dessas inépcias novelescas deu-se com o malicioso livro “O Código da Vinci” desprovido de toda seriedade.

Pergaminho de Chinon: o Papa Clemente V exonerou de culpa os templários
Pergaminho de Chinon: o Papa Clemente V exonerou de culpa os templários
Em 2003 a Dra Frale descobriu o Pergaminho de Chinon . O documento prova que o Papa Clemente V exonerou de culpa os templários. Porém, eles foram dispersos e seus bens apropriados indevidamente.

A relíquia foi adquirida pela dinastia de Sabóia no século XVI. No século XX foi objeto de exigentes análises científicas que produziram um impressionante volume de dados que abonam sua autenticidade.

Barbara Frale imposta seu livro de um ponto de vista histórico-arqueológico. Ela não entra em questões teológicas. Mas, seu trabalho suscita questões da mais alta importância... para o século XXI!

A única continuidade genuína dos templários foi a Ordem de Cristo, fundada em 14 de Março de 1319, a pedido do rei Dom Diniz de Portugal, por bula do papa João XXII.

A nova ordem acolheu os últimos templários. As naus que descobriram o Brasil levavam a insígnia da Ordem de Cristo, estabelecendo uma ponte entre o País e os eventos que agora foram revelados.



AS CRUZADASCASTELOS MEDIEVAISCATEDRAIS MEDIEVAISHERÓIS MEDIEVAISORAÇÕES E MILAGRES MEDIEVAISCONTOS E LENDAS DA ERA MEDIEVALA CIDADE MEDIEVALJOIAS E SIMBOLOS MEDIEVAIS

"Caso Galileu": manipulação para abalar a hierarquia medieval das ciências

$
0
0
Universidade de Cambridge, Inglaterra
Luis Dufaur
Escritor, jornalista,
conferencista de
política internacional,
sócio do IPCO,
webmaster de
diversos blogs




Os últimos séculos da Idade Média se caracterizaram por um extraordinário florescimento das letras e das artes.

Apareceram, então, artistas e intelectuais que podem ombrear com os maiores que a humanidade tenha conhecido em qualquer tempo.

Porém, nos séculos XV e XVI, a influência do Humanismo e da Renascença prepararam o Protestantismo. Iniciou-se, então, uma Revolução contra a Igreja.

Nesse contexto estourou o “caso Galileu” para tentar desmoralizar a autoridade da Igreja.

A continuação, o Prof. Thomas Woods desmitifica e esclarece com profundo conhecimento da matéria o lado de montagem propagandística anti-católica do caso.


Série da EWTN apresentada por Thomas E. Woods, autor do livro "Como a Igreja Católica Construiu a Civilização Ocidental".

Episódio 4: O CASO GALILEU . Legendado em Português.





AS CRUZADASCASTELOS MEDIEVAISCATEDRAIS MEDIEVAISHERÓIS MEDIEVAISORAÇÕES E MILAGRES MEDIEVAISCONTOS E LENDAS DA ERA MEDIEVALA CIDADE MEDIEVALJOIAS E SIMBOLOS MEDIEVAIS

A Igreja extirpou a escravidão na Idade Média

$
0
0
Conselho do rei e bispos
Conselho do rei e bispos
Luis Dufaur
Escritor, jornalista,
conferencista de
política internacional,
sócio do IPCO,
webmaster de
diversos blogs




“A escravidão acabou na Europa medieval somente porque a Igreja estendeu seus sacramentos a todos os escravos e depois trabalhou para impor a proibição da escravidão de cristãos (e de judeus).

“No contexto da Europa medieval, essa proibição foi de modo efetivo, uma lei de abolição universal.

“Com os escravos sendo plenamente reconhecidos como humanos e cristãos, os sacerdotes começaram a urgir os proprietários a liberarem os seus escravos como sendo um "ato infinitamente recomendável" que ajudaria a garantir a própria salvação.

“Muitas emancipações foram registradas em documentos que ainda perduram. A doutrina de que os escravos eram humanos e não gado teve outra consequência importante: o casamento entre livres e escravos. (...)

“há sólidas provas de uniões mistas já no século VII, envolvendo, pelo geral, homens livres e mulheres escravas. A mais famosa dessas uniões teve lugar em 649, quando Clovis II, rei dos Francos, desposou sua escrava britânica Bathilda.

Santa Bathilda, Luxembourg,Paris
Santa Bathilda, Luxembourg,Paris
“Quando Clovis morreu em 657, Bathilda governou como regente até que seu filho mais velho atingiu a maioria de idade.

“Bathilda usou de sua posição para montar uma campanha para parar o comércio de escravos e resgatar os que estavam na escravidão. Após sua morte, a Igreja a reconheceu como santa.

“No fim do século VIII, Carlos Magno se opôs à escravidão, enquanto o Papa e muitas outras poderosas e eficazes vozes clericais fizeram eco a Santa Bathilda.

“No crepúsculo do século IX, o bispo Agobard de Lyon trovejava: "Todos os homens são irmãos, todos invocam o mesmo pai: Deus; o escravo e o dono, o pobre e o rico, o ignorante e o instruído, o fraco e o forte (...)

“não há escravo ou livre, mas em todas as coisas e sempre há somente Cristo".

“No mesmo tempo, o Abade Smaragde de Saint-Mihiel escreveu numa obra dedicada a Carlos Magno: "Bondadosíssimo rei, proibi que possa haver qualquer escravo em vosso reino". Logo, ninguém "duvidou que a escravidão em si mesma era contra a lei divina".

“Mais ainda, durante o século XI São Wulfstan e Santo Anselmo fizeram campanha para remover os últimos vestígios de escravidão na Cristandade, e logo pôde se dizer "que nenhum homem, nenhum verdadeiro cristão de nenhuma classe poderia ser de agora em diante ser tido legitimamente como propriedade de um outro".”

(Autor: Prof. Rodney Stark, “A Vitória da Razão”, Random House, New York, 2005).



AS CRUZADASCASTELOS MEDIEVAISCATEDRAIS MEDIEVAISHERÓIS MEDIEVAISORAÇÕES E MILAGRES MEDIEVAISCONTOS E LENDAS DA ERA MEDIEVALA CIDADE MEDIEVALJOIAS E SIMBOLOS MEDIEVAIS

A França povo eleito desde o batismo, peça chave da ordem medieval

$
0
0
O batismo de Clóvis, Mestre de Saint-Gilles (século XV), National Gallery of Art, Washington
O batismo de Clóvis, Mestre de Saint-Gilles (século XV),
National Gallery of Art, Washington
Luis Dufaur
Escritor, jornalista,
conferencista de
política internacional,
sócio do IPCO,
webmaster de
diversos blogs






O povo franco foi o primeiro a se batizar em bloco.

Seu rei Clóvis se converteu após a aparição miraculosa de uma Cruz no céu durante a batalha de Tolbiac.

Veja mais sobre essa batalha: O milagre de Tolbiac e a conversão da França

A aparição mudou o rumo do combate que, antes do milagre, se encaminhava para um desastre dos francos.

O rei então pediu a catequese o batismo. Quando o bispo São Remígio pregava a Paixão e Morte de Nosso Senhor Jesus Cristo ao bárbaro Clóvis e seus homens batiam suas lanças no chão e exclamavam: “Ah! Se eu tivesse estado lá com meus francos!”

São Remígio batizou Clóvis em Reims.

Na hora de se aproximar à pia batismal, o rei perguntou maravilhado: “Meu pai, isto já é o Céu?”.

Santa Joana d'Arc. Primeira estátua equestre.  Emmanuel Frémiet, 1874, Place des Pyramides, Paris.
Santa Joana d'Arc. Primeira estátua equestre.
Emmanuel Frémiet, 1874, Place des Pyramides, Paris.
Na hora de São Remígio ungi-lo rei, uma pomba trouxe um santo e misterioso óleo.

Com esse óleo foram sagrados desde então os reis legítimos da França, até Carlos X no século XIX inclusive.

A França católica é a “filha primogênita da Igreja”.

Os Papas reconheceram este singular privilégio.

Por ocasião do decreto dos milagres de Santa Joana de Arco, São Pio X fez seus os elogios expressos por seu antecessor Gregório IX em carta ao rei São Luis IX:

“Deus ao qual obedecem as legiões celestes, tendo estabelecido aqui embaixo reinos diferentes de acordo com as diversidades de lugar e de climas, tem conferido a muitos governos missões especiais para o cumprimento dos seus desígnios.

“E como outrora preferiu a tribo de Judá de entre os outros filhos de Jacó, e a dotou de bênçãos especiais, assim elegeu a França, preferindo-a de entre todas as outras nações da terra, para a proteção da Fé católica e para a defesa da liberdade religiosa.

“Por isto, a França é o reino do próprio Deus, e os inimigos da França são os inimigos de Cristo”.



AS CRUZADASCASTELOS MEDIEVAISCATEDRAIS MEDIEVAISHERÓIS MEDIEVAISORAÇÕES E MILAGRES MEDIEVAISCONTOS E LENDAS DA ERA MEDIEVALA CIDADE MEDIEVALJOIAS E SIMBOLOS MEDIEVAIS

Sob o Catolicismo as ciências progrediram mais que em qualquer outra civilização

$
0
0
Refeitório da Universidade de Oxford, Inglaterra
Refeitório da Universidade de Oxford, Inglaterra
Luis Dufaur
Escritor, jornalista,
conferencista de
política internacional,
sócio do IPCO,
webmaster de
diversos blogs






O século que precedeu a Renascença, o século XIV, foi, no dizer de M. Coville, “uma época de grande atividade intelectual”.

A Universidade de Paris exercia a profissão de fazer falar a “razão no seio da Igreja – Ratio dictans in Ecclesia”.

Gerson a chamava “nosso Paraíso terrestre no qual estava a árvore da ciência do bem e do mal”.

Seus ensinamentos tinham gerado centenas de mestres seguidos por milhares de estudantes.

“A Faculdade de Artes nos dá, em 1349, 502 mestres regentes (titulares); em 1403 já havia 790, e esse número é inexato. No sínodo de Paris de 1406, Jean Petit falava de mil mestres e um assistente o interrompeu para retificar, afirmando existirem dois mil”.

Não se saberia determinar o número dos estudantes. Juvenal de Ursins diz seriamente, a propósito de um desfile em 1412:

“O desfile foi feito da Universidade de Paris até Saint-Denis; e quando os primeiros estavam em Saint-Denis, o reitor estava ainda em Saint-Mathurin, rua Saint-Jacques”.

Isto significa um cortejo de estudantes com mais de 12 quilômetros de extensão!

O historiador da ciência Edward Grant indaga:

"O que tornou possível à civilização ocidental desenvolver a ciência e as ciências sociais, de uma maneira que nenhuma outra civilização o fizera anteriormente? A resposta, estou convencido, encontra-se num espírito de investigação generalizado e profundamente estabelecido como conseqüência da ênfase na razão, que começou na Idade Média” (p. 66).

Série da EWTN apresentada por Thomas E. Woods, autor do livro "Como a Igreja Católica Construiu a Civilização Ocidental".

AULA 3. Legendada em Português.







AS CRUZADASCASTELOS MEDIEVAISCATEDRAIS MEDIEVAISHERÓIS MEDIEVAISORAÇÕES E MILAGRES MEDIEVAISCONTOS E LENDAS DA ERA MEDIEVALA CIDADE MEDIEVALJOIAS E SIMBOLOS MEDIEVAIS

Catedrais e universidades: criações e florões da cultura medieval

$
0
0
Catedral de Soissons, detalhe do púlpito
Catedral de Soissons, detalhe do púlpito
Luis Dufaur
Escritor, jornalista,
conferencista de
política internacional,
sócio do IPCO,
webmaster de
diversos blogs





Quando os cristãos saíram das catacumbas, após o Edito de Milão (313), ocuparam antigos templos pagãos e os consagraram ao culto verdadeiro.

Aproveitaram também prédios civis como as imponentes basílicas, onde outrora desenvolviam-se atividades judiciais, comerciais, bancárias e feiras no inverno.

As basílicas romanas eram imponentes, solenes e espaçosas.

Mas, o conceito que presidiu sua construção em nada se assemelha ao conceito de catedral elaborado na França.

A “filha primogênita da Igreja” ideou a catedral como resumo do Universo todo ele ordenado em função da glória do Criador e de sua Santíssima Mãe, Nossa Senhora.

Elas foram chamadas de “Bíblia dos pobres”, explica um dos maiores autoridades em catedrais góticas, o professor Émile Mâle .

Nelas, a “sancta plebs Dei” ‒ a santa plebe de Deus ‒ aprendia com seus olhos quase tudo o que sabia sobre a fé.

As estátuas distribuídas segundo um plano escolástico simbolizavam a maravilhosa ordem que, por meio do gênio de Santo Tomás de Aquino, reinava no mundo do pensamento.

Assim, por meio da arte os mais altos conceitos da teologia penetravam nas mentes mais humildes.

Catedral, detalhe da fachada.
Catedral, detalhe da fachada.
Os grandes temas representados na estatuária ou nos vitrais de catedrais como as de Paris, Chartres ou Reims encontram-se admiravelmente desenvolvidos em Burgos, Toledo, Siena, Orvieto, Bamberg, Friburg ou Cracóvia.

Mas, em poucas eles estão tão bem expressos como na França. Em toda Europa ‒ observa Emile Mâle ‒ não há um só conjunto de obras de arte dogmática comparável ao da catedral de Chartres.

Nos canteiros de abadias e catedrais góticas a “filha primogênita da Igreja” gerou os vitrais.

Tratava-se de livros escritos com luz que iluminavam as mentes com a linguagem das imagens, resumiam todo o saber humano, eram um espelho da vida, um apanhado do passado, do presente e do futuro.

Notre Dame de la Belle Verrière, catedral de Chartres, França
Notre Dame de la Belle Verrière, catedral de Chartres, França
Os primeiros vitrais do século X foram meras aberturas para permitir a entrada de luz e preenchidas com cristais coloridos.

O gótico, porém, quis liberar imensos muros para instalar colossais vitrais. Só a catedral de Metz tem hoje 6.496 m2 de vitrais!

Os vitrais encerram múltiplos significados e simbolismos, inclusive místicos.

O principal deles é que o universo é uma imagem do Criador.

A graça divina ilumina a inteligência e lhe faz ver o lado das coisas que espelha melhor a Deus.

No vitral a luz do sol (símbolo da graça) torna a realidade compreensível, bela e admirável e facilita subir até a fonte de tudo, o sol, quer dizer, Deus, com grande e nobre prazer estético.

Na catedral de Chartres, o vitral mais famoso é o de Notre Dame de La Belle Verrière. (ao lado)

Mas, há muitas outras joias como o vitral da Árvore de Jessé (genealogia de Jesus Cristo), o da vida de Santo Eustáquio, ou o dos feitos de Carlos Magno.

Outro conjunto supremo é o da Sainte-Chapelle em Paris. Entrando nela logo à direita lê-se de baixo para cima o Gênese, a história da Criação.

As janelas seguintes resumem o Antigo Testamento até chegar no altar mor.

Ali lemos no vitral a Vida, Paixão e Morte de Cristo. Continuando o giro, encontramos os Atos dos Apóstolos e a vida dos Santos.

Por fim, fechando a volta, acima da entrada resplandece a rosácea do Apocalipse, portanto o anúncio do fim do mundo. É um percurso do início ao fim da História da humanidade.

As igrejas olhavam para o Oriente, de onde Cristo há de vir na sua segunda vinda. Então, quando o sol nascia iluminava o vitral da vida de Cristo centro da História.

Mas quando se punha fazia brilhar a rosácea do fim da História, com Cristo gladífero que virá julgar os vivos e os mortos.


Nos vitrais, as crianças aprendiam o catecismo, a História Sagrada e a vida dos Santos. Os adultos encontravam a descrição da ordem das ciências, das técnicas e profissões.

Os doutores tiravam inspiração para suas eruditas disputas.

Os simples fiéis sofredores recebiam afago, sorriso, compreensão, novo ânimo e apoio sobrenatural.


Vídeo: O sonho da catedral de cristal







AS CRUZADASCASTELOS MEDIEVAISCATEDRAIS MEDIEVAISHERÓIS MEDIEVAISORAÇÕES E MILAGRES MEDIEVAISCONTOS E LENDAS DA ERA MEDIEVALA CIDADE MEDIEVALJOIAS E SIMBOLOS MEDIEVAIS

A odisséia da I Cruzada, ou a “Gesta Dei per Francos”

$
0
0
Luis Dufaur
Escritor, jornalista,
conferencista de
política internacional,
sócio do IPCO,
webmaster de
diversos blogs






Dom Gilberto (1053‒ 1125), abade beneditino de Nogent-sous-Coucy, compôs a história da I Cruzada (1095-1099) por volta do ano 1007.

Ele ouvira o sermão do Bem-aventurado Papa Urbano II aos cavaleiros reunidos em Clermont-Ferrand, no coração da França:

“Povo dos Francos, povo de além Alpes, povo – como reluz em muitas de vossas ações ‒ eleito e amado por Deus, distinguido entre todas as nações pela posição de vosso país, pela observância da fé católica e pela honra que presta à Santa Igreja! A vós se dirige nosso discurso e nossa exortação!

“De vós mais do que qualquer outro povo Ela exige ajuda, pois vos tem sido concedida por Deus, por sobre todas as estirpes, a glória das armas.

“Empreendei, pois este caminho em remissão de vossos pecados, certos da imarcescível glória do reino dos Céus. Quando fores ao ataque dos belicosos inimigos, seja este o grito unânime de todos os soldados de Deus: ‘Deus o quer! Deus o quer!’”

Leia a “Gesta Dei per Francos” completa CLIQUE AQUI


Dom Gilberto registrou os extraordinários fatos daquela vitoriosa cruzada num escrito que ele intitulou “Gesta Dei per Francos”, quer dizer “Proezas de Deus por meio dos francos”.

A desproporção de forças humanas e os sensíveis auxílios divinos aos cavaleiros franceses justificaram a escolha.

Por exemplo, na batalha do “Portão de Aço” durante o sítio de Antioquia, um exército turco de 12.000 homens surpreendeu o acampamento cristão.

Os defensores em número de 700 enfrentaram o inimigo em campo raso e os perseguiram e massacraram até as portas da cidade.

“Deus lutou por nós, e seus fiéis contra eles ‒ escreveu o conde de Blois, naquele momento chefe da Cruzada ‒.

“Porque naquele dia, lutando com a força que Deus dá, nós os derrotamos e matamos uma incontável multidão deles – Deus continuamente combatendo por nós”.

Sem intenção de fazer teologia e apenas descrevendo os fatos com a linguagem de um soldado, nobre e cristão, o conde de Blois pintou a essência da “Gesta Dei per Francos”: os francos agiam, mas Deus agia neles e por meio deles.

A feliz expressão “Gesta Dei per Francos”, entretanto, não ficou limitada a história das cruzadas.

Posteriormente, ela passou a ser aplicada de modo mais geral à história da França católica. Pois descreve bem a imagem da história dessa nação desde sua conversão ao catolicismo.



AS CRUZADASCASTELOS MEDIEVAISCATEDRAIS MEDIEVAISHERÓIS MEDIEVAISORAÇÕES E MILAGRES MEDIEVAISCONTOS E LENDAS DA ERA MEDIEVALA CIDADE MEDIEVALJOIAS E SIMBOLOS MEDIEVAIS

Franca, nação eleita por Deus para nela fazer suas maravilhas

$
0
0
Luis Dufaur
Escritor, jornalista,
conferencista de
política internacional,
sócio do IPCO,
webmaster de
diversos blogs






Os apóstolos e construtores da França perceberam desde os primórdios que o povo franco estava chamado a uma alta missão.

O Papa São Leão III instituiu o Sacro Império Romano Alemão na pessoa do rei dos francos, Carlos Magno, na festa de Natal do ano 800.

Alcuíno, abade de York,  se desempenhou como um Ministro de Educação e Cultura do império. Ele veio da Inglaterra e descreveu:

“Uma nova Atenas será criada por nós na França.

“Uma Atenas mais bela do que a antiga, enobrecida pelos ensinamentos de Cristo superará a sabedoria da Academia.

“Os antigos só têm as disciplinas de Platão como mestre e eles ainda resplandecem inspirados pelas sete artes liberais.

“Mas, os nossos serão mais do que enriquecidos sete vezes com a plenitude do Espírito Santo e deixarão na sombra toda a dignidade da sabedoria mundana dos antigos”.

A França batizada liderou a marcha ascensional da Civilização Europeia. Se as raízes da Europa são cristãs, é em grande medida por influência da França.

Nessa tarefa cristianizadora e civilizadora, os mosteiros franceses tiveram um papel relevante. Mas, nenhum foi tão importante quanto a abadia de Cluny, na Borgonha, que comemora mais de 1.100 anos desde sua criação.

Leia tudo sobre “Cluny, alma da Idade Média”. CLIQUE AQUI



Cluny foi chamada com justiça de “alma da Idade Média”. Ela foi fundada em 910 pelo Bem-aventurado Bernon em terras doadas pelo Duque da Aquitânia, Guilherme o Piedoso.

Foi regida, entre outros, por quatro Abades santos — Santo Odon, São Maïeul, Santo Odilon e São Hugo — que em dois séculos mudaram a face do continente.

 Cluny influenciava um conjunto que chegou a congregar por volta de 30.000 casas religiosas masculinoa e femininas na Europa toda.

Cluny, como demonstrou o Prof. Fernando Furquim de Almeida, liderou a vida religiosa medieval com glória e majestade .

“Cluny é verdadeiramente uma nova Roma”, registrou o historiador Delaruelle .

A Basílica de São Pedro em Roma foi construída com meio metro a mais da de Cluny para ser a maior da Cristandade.

“Não sei — diz D. Charles Poult — que entusiasmo, que voga, que moda salutar atrai todo mundo, Papas, príncipes e monges, a Cluny, como ao porto mais seguro. O estrangeiro se contagia: a Espanha e a Inglaterra.

“Cluny torna-se o guardião oficial da regularidade monástica. Um mosteiro decai na observância, o Papa o entrega ao zelo cluniacense. (São) Hugo parece ser verdadeiramente o Abade dos abades, e, com exceção do Papa, ninguém é comparável a ele na Cristandade” .

Queremos estudar os primórdios do Sacro Império Romano Alemão? Lá encontramos os cluniacenses dirigindo a Imperatriz Adelaide e ajudando com seus conselhos espirituais e políticos os três primeiros Otons, Conrado e Santo Henrique II a trabalharem pela restauração do Império de Carlos Magno.

É o Papado? Os cluniacenses lá estão para retirá-lo do opróbrio em que caíra nos séculos IX e X, e, cerrando fileiras em torno de um de seus monges, São Gregório VII, colaboram com ele na luta gigantesca contra o Imperador Henrique IV para afirmar a primazia do espiritual sobre o temporal.

São as canções de gesta? Cluny, com todo o seu prestígio, compõe, incentiva e propaga essas epopéias da Cristandade.

A reconquista espanhola? De novo os cluniacenses aparecem colaborando na luta contra os muçulmanos.

Anouar Hakem defende que Cluny “preparou as guerras santas, mais ou menos como os enciclopedistas prepararam a Revolução Francesa por um trabalho de educação dos espíritos”.

Delaruelle diz que se pode sustentar que “Cluny contribuiu poderosamente para a formação do herói das cruzadas. Os escritores cluniacenses celebravam as virtudes do cavaleiro que põe sua espada ao serviço da Igreja” .

Como negar que esse incomparável mosteiro modelou a Civilização Cristã com a perfeição com que hoje a conhecemos pela História?, concluiu o prof. Furquim.




AS CRUZADASCASTELOS MEDIEVAISCATEDRAIS MEDIEVAISHERÓIS MEDIEVAISORAÇÕES E MILAGRES MEDIEVAISCONTOS E LENDAS DA ERA MEDIEVALA CIDADE MEDIEVALJOIAS E SIMBOLOS MEDIEVAIS

A França medieval foi a terra por excelência da devoção a Nossa Senhora

$
0
0
Coroação de Nossa Senhora, catedral de Reims
Luis Dufaur
Escritor, jornalista,
conferencista de
política internacional,
sócio do IPCO,
webmaster de
diversos blogs






Todo espaço é pouco para conter o que Deus fez pela Igreja se valendo da alma francesa, isto é a “gesta Dei per francos”.

Mas, há um ponto em que toda comparação é fraca: a França foi por excelência a terra da devoção a Nossa Senhora.

É para Ela que os francos ergueram suas melhores catedrais como as de Chartres ou Paris. Só em Chartres contam-se 179 imagens da Mãe de Deus por dentro e por fora.

Foi na França que Deus fez nascerem os campeões da devoção à Santíssima Virgem.

Santo Odilon, abade de Cluny, em pleno século XI já praticava a devoção a Nossa Senhora que séculos mais tarde um outro francês, São Luis Maria Grignion de Montfort, desenvolveu com perfeição: a escravidão de amor à Santíssima Virgem.

Assunção de Nossa Senhora, (Museu de Cluny, Paris)
O Beato Adhémar, bispo do Puy, Legado pontifício na I Cruzada, na hora de partir para a conquista do Santo Sepulcro compôs o hino da santa expedição guerreira. Qual foi?

Pois bem, o leitor o conhece e o canta tão bem ou melhor que nós: a Salve Rainha!

No século seguinte, o Doutor Melífluo, São Bernardo de Claraval outro pregador das cruzadas, completou-o com as três invocações finais: “O clemens, o pia, o dulcis Virgo Maria!”

Quem cantou as glórias de Nossa Senhora como o admirável São Bernardo?

Quem atingiu o patamar de amor que transluz no “Lembrai-vos” por ele escrito?

Quando Nossa Senhora quis dar à Igreja seus instrumentos de salvação, escolheu a França. Ela deu o santo rosário ‒ aliás, a Santo Domingos de Gusmão, um santo espanhol ‒ como meio certo de levar à vitória a cruzada dos católicos franceses contra os heréticos cátaros no século XIII.

E no século XIX foi por meio de Santa Catarina Labouré, na rue du Bac, na capital da França que Ela nos deu a Medalha Milagrosa.

E como se isso ainda fosse pouco, escolheu Lourdes para ali aparecer em 1858 e inaugurar um fluxo continuado de graças e milagres, instituindo o santuário mais visitado da Terra no aflito século XXI!

E ainda escolheu La Salette em 1846, nos Alpes franceses, para advertir o mundo de seu descaminho e dos castigos que lhe aguardavam se não fizer penitência. E estes são só exemplos, dos mais eminentes por certo.

Ouçamos a Salve Rainha cantada em gregoriano, modo solene:





AS CRUZADASCASTELOS MEDIEVAISCATEDRAIS MEDIEVAISHERÓIS MEDIEVAISORAÇÕES E MILAGRES MEDIEVAISCONTOS E LENDAS DA ERA MEDIEVALA CIDADE MEDIEVALJOIAS E SIMBOLOS MEDIEVAIS

A França medieval, a anti-França da Revolução de 1789 e a França do porvir

$
0
0
São Mateus escreve o Evangelho divinamente inspirado, iluminura francesa
Luis Dufaur
Escritor, jornalista,
conferencista de
política internacional,
sócio do IPCO,
webmaster de
diversos blogs






Não foi por acaso que S.S. Pio XI afirmou que a França merece ser chamada “Reino de Maria”.

Mas também não é por acaso que os inimigos da Igreja sabem não ser possível descristianizar a Europa sem descristianizar a França.

É esse o sentido profundo da Revolução Francesa cujo mefítico ideário ficou condensado na Declaração dos Direitos Humanos de 1789.

Com pouco relevantes modificações essa Declaração está contida na moderna Convenção de salvaguarda dos Direitos do Homem.

Ela é usada como plataforma ideológica para tentar arrancar Europa até pelas suas raízes da terra fértil e santa da Igreja Católica e da Civilização Cristã, impingindo projetos monstruosos como o do aborto e do casamento homossexual. A Europa cristã está sofrendo as consequências.

Na França, com furor inaudito os sequazes do espírito e das doutrinas da Revolução de 1789, tentaram impedir a difusão da devoção a Nossa Senhora.

A distribuição da Medalha Milagrosa, por exemplo, foi de recente objeto de formidáveis ofensivas visando bloqueá-la.

São Pio X profetizou a reconversão da França
Mas, na França, os autênticos católicos dão continuidade à “gesta Dei per francos”, com a certeza de que as proféticas palavras do Papa São Pio X não estão longe de se tornar feliz realidade:

“Dia virá, e esperamos que não esteja muito distante, em que a Franca, como Saulo no caminho de Damasco, será envolta por uma luz celeste e ouvirá uma voz que lhe dirá novamente: ‘Minha filha, por que me persegues?’

“E à resposta: ‘Quem é tu, Senhor?’, a voz replicará: ‘Sou Jesus, a Quem persegues. Duro te é recalcitrar contra o aguilhão, porque em tua obstinação te arruinas a ti mesma’’.

“E ela, trêmula e atônita, dirá: ‘Senhor, que queres que eu faça?’

“E Ele: ‘Levanta-te, lava as manchas que te desfiguraram, desperta em teu seio os sentimento adormecidos e o pacto de nossa aliança, e vai, filha primogênita da Igreja, nação predestinada, vaso de eleição, vai levar, como no passado, meu nome diante de todos os povos e de todos os reis da terra”.




AS CRUZADASCASTELOS MEDIEVAISCATEDRAIS MEDIEVAISHERÓIS MEDIEVAISORAÇÕES E MILAGRES MEDIEVAISCONTOS E LENDAS DA ERA MEDIEVALA CIDADE MEDIEVALJOIAS E SIMBOLOS MEDIEVAIS

O sistema universitário medieval: o oposto do conhecimento fragmentado hodierno

$
0
0
Universidade de Cambridge, Inglaterra, fundada em 1209 pelo rei Henrique II. Hoje é uma das mais prestigiosas do planeta. A Universidade de Bolonha, Itália, criada em 1088, é tida como a mais antiga do mundo
Universidade de Cambridge, Inglaterra, fundada em 1209 pelo rei Henrique II.
Hoje é uma das mais prestigiosas do planeta.
A Universidade de Bolonha, Itália, criada em 1088, é tida como a mais antiga do mundo
Luis Dufaur
Escritor, jornalista,
conferencista de
política internacional,
sócio do IPCO,
webmaster de
diversos blogs





A criação das universidades é uma das grandes realizações medievais e foi poderosamente estimulada pelos Papas e pelos Reis.

Especialmente os Papas trabalharam com afinco nessa obra, e grande número de universidades ainda hoje existentes foi fundado por decretos pontifícios.

Independente das polêmicas, a mais antiga é a de Bolonha na Itália instituída em 1088. O Imperador Federico I pela "Constitutio Habita" (lei orgânica da universidade) transformou-a praticamente numa Cidade Estado.

A mais antiga da Inglaterra é a celebérrima Universidade de Cambridge fundada em 1209 pelo rei Henrique II. Mas a primeira que ganhou o nome de "Universidade" foi a de Salamanca, fundada em Espanha em 1218, a mais antiga do país.

As universidades deram à cultura medieval a magnífica unidade que a caracterizou.

O conceito de "universitas" que gerou o termo Universidade é o oposto da atual formação universitária altamente especializada e por isso também altamente fragmentada.

A "Universitas" medieval foi concebida como uma instituição universal com poderes autônomos, até de governo e policia, a serviço de uma Ciência também universal, em função da qual as diversas ciências estão hierarquicamente organizadas e harmonizadas.

Na decadência atual do espírito universitário, por exemplo, muitos advogados ou juristas elaboram suas concepções com bases filosóficas que eles não aplicam ou aceitam no terreno de suas convicções íntimas ou pessoais.

Entrada da Universidade de Salamanca, Espanha, fundada em 1218. Foi a primeira a receber o nome de Universidade. Mas "só" é a terceira mais antiga da Europa católica e do mundo.
Entrada da Universidade de Salamanca, Espanha, fundada em 1218.
Foi a primeira a receber o nome de Universidade.
Mas "só"é a terceira mais antiga da Europa católica e do mundo.
O espírito universitário medieval visava o encaixe das ciências na ordem universal.

Não havia princípios reputados verídicos em Direito e tidos como falsos em Medicina, como por exemplo a respeito do aborto ou da ideologia de gênero.

Uma cultura universal unida por uma filosofia comum reunia os sufrágios de todas as inteligências e as ciências visando um bem comum superior.

Essa filosofia era a escolástica, aristotélica-tomista, que na Idade Média reunia os espíritos e os levava a sempre maiores construções do saber com uma maravilhosa adequação às mais pequenas realidades da vida quotidiana.


Série da EWTN apresentada por Thomas E. Woods, autor do livro "Como a Igreja Católica Construiu a Civilização Ocidental".


Episódio 5: O Sistema Universitário. Legendado em Português.






AS CRUZADASCASTELOS MEDIEVAISCATEDRAIS MEDIEVAISHERÓIS MEDIEVAISORAÇÕES E MILAGRES MEDIEVAISCONTOS E LENDAS DA ERA MEDIEVALA CIDADE MEDIEVALJOIAS E SIMBOLOS MEDIEVAIS

Requintes medievais na arte de ensinar aos alunos

$
0
0
Jovem doutor em leis, do século XV
Jovem doutor em leis, do século XV
Luis Dufaur
Escritor, jornalista,
conferencista de
política internacional,
sócio do IPCO,
webmaster de
diversos blogs






Para os homens da época (medieval), as palavras eram transparentes: havia um prazer muito grande em saborear o sentido etimológico delas.

Os intelectuais de então diziam que o homem é um ser que esquece suas experiências.

Ele consegue resgatá-las através da linguagem .

Assim, a expressão educação era entendida como estando associada à sua raiz etimológica latina: educe, “fazer sair”.

Como o conhecimento já existia inato no indivíduo, restava responder à seguinte pergunta: de que modo o estudante era conduzido da ignorância ao saber?

Como o aluno aprendia?

Essa era a questão básica dos educadores medievais.

Preocupados com a forma da aquisição, os pedagogos de então tiveram uma importante consciência: cabia ao professor “acender uma centelha” no estudante e usar seu ofício para formar e não asfixiar o espírito de seus alunos.

Muito moderna a educação medieval!

(Autor: Ricardo da Costa, Prof. Adjunto de História Medieval da Universidade Federal do Espírito Santo. Home-page: www.ricardocosta.com riccosta@npd.ufes.br. Texto completo em Mania de História).



AS CRUZADASCASTELOS MEDIEVAISCATEDRAIS MEDIEVAISHERÓIS MEDIEVAISORAÇÕES E MILAGRES MEDIEVAISCONTOS E LENDAS DA ERA MEDIEVALA CIDADE MEDIEVALJOIAS E SIMBOLOS MEDIEVAIS

Os teólogos medievais sistematizaram racionalmente as provas da existência de Deus

$
0
0
A Idade Média sistematizou as vias para provar a existência de Deus
Luis Dufaur
Escritor, jornalista,
conferencista de
política internacional,
sócio do IPCO,
webmaster de
diversos blogs






Nós encontramos nas Sagradas Escrituras provas divinas da existência de Deus: é Deus se revelando a Si próprio.

Os Apóstolos, Padres e Doutores da Igreja demonstraram sua existência das mais variadas e admiráveis formas, com ciência, sabedoria e eloquência.

E isto sem falarmos da sublime luminosidade do Evangelho em que a divindade de Jesus Cristo patenteia-se, por assim dizer em cada palavra inspirada, na sua Vida e Morte, nos seus ensinamentos, conselhos e exemplos.

Entretanto, coube a grandes santos medievais a sistematização das várias vertentes, ou vias, por onde se prova a existência de Deus com evidência como que matemática .

Esta forma de provar é especialmente útil nos nossos dias. Pois há uma certa asneira moderna que gostaria reduzir a Fé a um mero sentimento subjetivo, e a piedade a uma dulçurosa experiência.

Nessa perspectiva a Igreja seria a congregação, ou beatério, de subjetivistas melosos mas perfeitamente irracionais. A realidade positiva poria de lado essas sentimentalidades, próprias de mulheres e espíritos débeis.

São Tomas de Aquino, óleo na catedral Notre Dame de Paris
Entretanto, o arcabouço lógico-filosófico medieval reduz a cinzas essas ofensivas objeções.

O raciocínio lógico e o vôo místico conjugados são uma nota distintiva do espírito da Era da Luz.

O mais grande dos teólogos medievais ‒ e de todos os tempos ‒ São Tomás de Aquino classificou as provas da existência de Deus, em cinco vias, em função das causas admitidas pela filosofia perene ‒ isto é a filosofia que não se pode negar sem cair em erro ou loucura.


PRIMEIRA VIA: O MOVIMENTO

Na “primeira via” entram as provas da existência de Deus pelo movimento. Isto é, é evidente que as coisas se movem. E se movem porque alguém ou algo as põe em movimento. Nenhum carro anda sozinho.

Indagando quem causou o movimento, acabamos encontrando um motor. Quem pôs em movimento esse motor? O motorista. E quem pôs em movimento o motorista? Prosseguindo com a indagação acabamos encontrando no fim do inquérito que é necessária a existência de um motor primeiro e único. Esse é Deus.

Assim explica São Tomás na sua célebre “Suma Teológica” (I, 2,3)

“É inegável, e consta por testemunho dos sentidos, que no mundo há coisas que se movem. Pois bem: tudo o que se move é movido por outro, já que nada se move a não ser enquanto está em potência com relação aquilo para o que se move.

“Por outro lado, mover requer estar em ato, já que mover não é senão fazer passar algo da potência ao ato, e isto não o pode fazer senão o que já está em ato, do mesmo modo que o quente em ato ‒ o fogo ‒ faz com que um madeiro, que está quente só em potência, passe a estar quente em ato.

Relógio de Praga
“Ora bem: não é possível que uma mesma coisa esteja, ao mesmo tempo, em ato e em potência em relação a algo; só em relação a diversas coisas; e assim, o que é quente em ato não pode estar quente em potência para esse mesmo grau de calor, mas só para outro grau de calor mais alto, ou seja, que em potência está ao mesmo tempo frio.

“É, pois impossível que uma mesma coisa seja ao mesmo tempo e do mesmo modo motor e móvel, ou que se mova a si mesma. É preciso concluir, por conseguinte, que tudo o que se move é movido por outro. Mas se este outro é, por sua vez, movido por um terceiro, este terceiro necessitará outro que o mova a ele, e este a outro, e assim sucessivamente.

“Mas não se pode proceder indefinidamente nesta série de motores, porque então não haveria nenhum motor primeiro e, por conseguinte, não haveria motor nenhum, pois os motores intermediários não movem senão em virtude do movimento que recebem do primeiro, da mesma maneira que um bastão não se move se a mão não o impulsiona.

“É necessário, por conseguinte, chegar a um motor primeiro que não seja movido por ninguém, e este é o que todos conhecemos como Deus”.

                                                                                                                         

No mundo que nos rodeia há uma infinitude de coisas que se movem. É um fato que não precisa demonstração: basta abrir os olhos para contemplar o movimento por todos os lados.

A imensidão infindável do céu exige um motor primeiro
Ora bem: pondo de lado o movimento dos seres vivos, que, precisamente em virtude da própria vida, têm um movimento imanente que lhes permite crescer ou ir de um lado para outro sem outra influência aparente a não ser a de sua própria natureza ou a de sua própria vontade, é um fato claro e indiscutível que os seres inanimados (ou seja, todos os que pertencem ao reino mineral) não podem mover-se a si mesmos, e pelo contrário necessitam que alguém os mova.

Se ninguém move uma pedra, esta permanecerá quieta e inerte por toda a eternidade, já que ela não pode mover-se a si mesma, já que carece de vida e, por isso mesmo, está desprovida de todo o movimento imanente.

Apliquemos então este princípio tão claro e evidente ao mundo sideral e perguntemo-nos quem pôs e põe em movimento essa máquina colossal do universo estelar, que não tem em si mesma a razão do seu próprio movimento, já que se trata de seres inanimados pertencentes ao reino mineral.

E por mais que queiramos multiplicar os motores intermediários, não teremos remédio senão chegar a um Motor Primeiro imóvel incomparavelmente mais potente do que o próprio universo, já que o domina com poder soberano e o governa com infinita sabedoria.

Verdadeiramente, para demonstrar a existência de Deus basta contemplar o espetáculo maravilhoso de uma noite estrelada, sabendo que esses pontinhos luminosos espalhados pela imensidade dos espaços como pó de brilhantes são sóis gigantescos que se movem a velocidades fantásticas, apesar da sua aparente imobilidade.


Se seu email não visualiza corretamente o vídeo embaixo CLIQUE AQUI

Provas racionais da existência de Deus.
A Igreja Católica: Construtora da Civilização







AS CRUZADASCASTELOS MEDIEVAISCATEDRAIS MEDIEVAISHERÓIS MEDIEVAISORAÇÕES E MILAGRES MEDIEVAISCONTOS E LENDAS DA ERA MEDIEVALA CIDADE MEDIEVALJOIAS E SIMBOLOS MEDIEVAIS

O povo medieval: verdadeiro legislador

$
0
0
Os costumes geralmente praticados viravam leis sagradas
Os costumes geralmente praticados viravam leis sagradas
Luis Dufaur
Escritor, jornalista,
conferencista de
política internacional,
sócio do IPCO,
webmaster de
diversos blogs






Na Idade Média o povo legislava mediante leis consuetudinárias.

Consuetudoé uma palavra latina que significa costume. A lei consuetudinária não era feita por legisladores encerrados num Parlamento.

Ela era a codificação dos costumes que todas as categorias sociais tinham elaborado.

Essas leis eram guardadas na mente dos populares. Os anciões eram seus guardiões mais zelosos.

Quando a necessidade impunha elas eram transcritas em pergaminhos. Estes eram guardados como tesouros.

As leis consuetudinárias eram verdadeiros compêndios de sabedoria popular.

Nem o rei, nem o nobre, nem os eclesiásticos podiam ir contra o costume, desde que não violasse a Lei de Deus e os demais costumes já existentes.

Na vida quotidiana de um povo que aspirava à perfeição o bom costume aceito pelo conjunto virava lei. Violar essa lei, ainda no período que não estava transcrita, era uma coisa que soava a coisa de insensato.

Não havia oposição entre os costumes de todos e a lei
Não havia oposição entre os costumes de todos e a lei
Grande parte das leis existentes na Idade Média era fruto de costumes repetidos que se transformaram em legislação.

Esta variava de feudo para feudo, como por exemplo, o modo de passar recibo, de legar herança, como também as leis de compra e venda de mercadorias, etc.; porque tudo nascia dos costumes do povo.

As leis sobre comércio, indústria e trabalho nasciam das relações de trabalho.

Dessa maneira, a lei estava adaptada à realidade e todos se sentiam a vontade praticando-a até de modo exemplar.

O povo então amava a lei e até se regozijava com ela ponderando sua cordura, moderação e seus infinitos jeitinhos.

Os Reis apenas ordenavam que fossem escritas, reviam e corrigiam o que fosse injusto ou contrário à doutrina e à lei da Igreja.

Era uma participação efetiva no direito de legislar, de que gozava o povo na Idade Média.

A lei era amada e respeitada porque era amável e respeitosa
A lei era amada e respeitada porque era amável e respeitosa
A lei consuetudinária começou a ser desrespeitada pelo absolutismo real que apareceu durante a decadência da era medieval.

O menosprezo aumentou com os déspotas esclarecidos inspirados pelo Iluminismo revolucionário após a Idade Média.

A Revolução Francesa consagrou o sistema de legisladores e teorizadores democráticos que legislam longe da realidade.

Então a lei escrita foi se descolando da vida concreta.

Sob certos aspectos, virou para muitos uma espécie de flagelo do qual até os cidadãos honestos não querem apanhar e tentam fugir.

Tal é o caso da escalada devoradora dos impostos e as impenetráveis Babéis da burocracia moderna.




AS CRUZADASCASTELOS MEDIEVAISCATEDRAIS MEDIEVAISHERÓIS MEDIEVAISORAÇÕES E MILAGRES MEDIEVAISCONTOS E LENDAS DA ERA MEDIEVALA CIDADE MEDIEVALJOIAS E SIMBOLOS MEDIEVAIS
Viewing all 632 articles
Browse latest View live