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Channel: Idade Média * Glória da Idade Média
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Idade das Trevas? Ou Idade da Luz da Fé e da razão irmanadas?

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Esfera astral e relógio planetário, catedral de Estrasburgo, França
Luis Dufaur
Escritor, jornalista,
conferencista de
política internacional,
sócio do IPCO,
webmaster de
diversos blogs






Noções preconceituosas sobre a Idade Média já foram amplamente propagadas, inclusive por motivações políticas, e ainda hoje permanecem mitos no imaginário popular.

Isso também é verdadeiro quando se trata das noções da ciência no período: ele é muitas vezes referido pejorativamente como idade das trevas, sugerindo que nele não teria havido nenhuma criação filosófica ou científica autônoma.

Embora nenhum historiador sério utilize mais a expressão “Idade das Trevas” para sugerir atraso cultural, ainda hoje, mesmo nas escolas, são ensinadas noções equivocadas como a idéia falsa de que os estudiosos medievais acreditavam que a terra fosse plana.

O historiador Ronald Numbers, que é referência no campo da história da ciência, aponta alguns dos equívocos mais comuns do leigo em relação ao período.

Em primeiro lugar, como já mencionado, é errado imaginar que na idade média as pessoas educadas acreditavam que a Terra era plana: elas sabiam muito bem que a Terra é redonda como uma bola. Em segundo lugar é também comum o mito de que a igreja teria proibido autópsias e dissecações no período.

De maneira mais geral, as afirmações muito comuns de que o crescimento do Cristianismo teria “acabado com a ciência da antiguidade” ou que a igreja medieval teria “suprimido o crescimento das ciências naturais” não têm suporte nos estudos históricos contemporâneos, ainda que sejam repetidas por muitos como se fossem verdades históricas.

O legado científico medieval

Depois de superado o abalo de desastres como a Peste Negra, na parte final da Idade Média, o Ocidente pôde demonstrar um crescimento científico ainda mais exuberante no período subseqüente.

As sete artes liberais, 'Hortus deliciarum' de Herrad von Landsberg (1180)
Os avanços na óptica, obtidos durante a Idade Média, logo iriam gerar aparelhos como o microscópio e o telescópio.

Esses dois instrumentos juntamente com a prensa móvel, (fruto medieval), são vistos por muitos como os equipamentos mais importantes já criados para o avanço do conhecimento humano.

É preciso também ressaltar os avanços na física:

O tardio movimento científico medieval concentrou-se na ciência física (...).

Foi um trabalho que deveria ter continuidade nos séculos seguintes, na época que veio a se chamar de Renascença e no período que é muitas vezes denominado de Revolução científica.

E é nas ciências físicas que vemos mais claramente a emergência da ciência moderna, baseada, em grande parte, nas atitudes inquiridoras dos sábios do fim da Idade Média.

Mas, foram provavelmente o nascimento e desenvolvimento das universidades, juntamente com as primeiras sementes do que se tornaria a metodologia científica contemporânea, as heranças mais importantes do período.

Muito em breve aquela civilização que herdara um império em frangalhos iria revolucionar o entendimento do homem acerca de seu lugar no mundo e no universo.

Por mais que os homens do renascimento e de momentos históricos subseqüentes às vezes fizessem questão de esquecer, muito disso foi possibilitado pelas conquistas medievais.

(Fonte: Wikipedia, verbete Ciência Medieval)



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Sem a Igreja Católica não teria havido ciência e progresso autênticos

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Nas abadias, monges desenvolveram as ciências naturais
Luis Dufaur
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A alegada hostilidade da Igreja Católica à ciência não resiste a qualquer análise.

A verdade é que, sem a Igreja, não teria havido ciências sistemáticas e dinâmicas, diz o Prof. Thomas E. Woods "Como a Igreja Católica construiu a Civilização Ocidental".

De fato, a ideia de um mundo ordenado, racional — indispensável para o progresso da ciência — está ausente nas civilizações pagãs.

Árabes, babilônios, chineses, egípcios, gregos, indianos e maias não geraram a ciência, porque não acreditavam num Deus transcendente que ordenou a criação com leis físicas coerentes.

Os caldeus acumularam dados astronômicos e desenvolveram rudimentos da álgebra, mas jamais constituíram algo que se pudesse chamar de ciência. Os chineses "nunca formaram o conceito de um celeste legislador que impôs leis à natureza inanimada".

O paganismo bloqueou a ciência. Culto na China.

Resultado: descobriram a bússola, mas não sabiam para o que servia e a usavam em adivinhações.

A Grécia antiga confundia os elementos com deuses perversos e caprichosos.


O Islã recusava a existência de leis físicas invariáveis, porque coarctariam a vontade absoluta de Alá.

Essas crendices todas tornam impossível a ciência.

O historiador da ciência Edward Grant indaga:

"O que tornou possível à civilização ocidental desenvolver a ciência e as ciências sociais, de uma maneira que nenhuma outra civilização o fizera anteriormente? 

"A resposta, estou convencido, encontra-se num espírito de investigação generalizado e profundamente estabelecido como consequência da ênfase na razão, que começou na Idade Média”.

Série da EWTN apresentada por Thomas E. Woods, autor do livro "Como a Igreja Católica Construiu a Civilização Ocidental". AULA 2. Legendada em Português.





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Guarda Suíça Pontifícia: eco da fidelidade medieval, heróica e sacral

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Guarda Suiça Pontificia
Luis Dufaur
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Carlos VII rei da França, em 1453, fez aliança com o povo helvético.

O acordo foi renovado em 1474 por Luís XI, que tinha ficado admirado em Basileia pela resistência da Suíça contra um adversário vinte vezes superior.

Luís XI alistou suíços como instrutores para o exército francês. O rei da Espanha fez a mesma coisa.

Os suíços foram descritos por Guicciardini como “o nervo e a esperança de um exército”. Em 1495 o rei francês teve a vida salva graças à firmeza inabalável de sua infantaria suíça.

Os guardas suíços continuavam, entretanto, submissos às autoridades de seus cantões natais, verdadeiros proprietários destas tropas que se reservavam o direito de recolhê-las quando bem entendessem.

Os regimentos suíços eram corpos armados totalmente independentes. Tinham suas próprias regras, seus juízes e seus chefes. As ordens eram dadas na sua língua, o alemão, oficiais e soldados permaneciam suíços até o fim sob as leis de seus cantões. O regimento era sua pátria.

Tais disposições foram confirmadas em todos os acordos feitos em anos posteriores.

Pelo fim da Idade Média, o espírito de revolta e a imoralidade grassavam na Europa. Tudo estava pronto para a grande explosão de orgulho e sensualidade que devastaria a Civilização Medieval católica.

O Renascimento em plena expansão e a iminente Revolução Protestante semeavam a revolta contra o sucessor de Pedro.

O Papa Sisto IV concluiu em 1479 uma aliança com os helvéticos. Em 1506 o Papa Júlio II chamou-os a Roma. Eles eram considerados invencíveis, devido à sua coragem, seus sentimentos nobres e sua proverbial fidelidade. Sem cavalaria e com pouca artilharia eles eram capazes de formar muralhas humanas impenetráveis.

Em 1512, o Papa Júlio II lhes concedeu o título de “defensores da liberdade da Igreja”.

Mas, 22 de janeiro de 1506 é a data oficial do nascimento da Guarda Suíça Pontifícia. Naquele dia, ao pôr do sol, um grupo de cento e cinquenta soldados suíços comandado pelo capitão Kaspar von Silenen do cantão de Uri, entrou pela primeira vez no Vaticano, pela Porta del Popolo para receber a bênção do Papa Júlio II.

Mons. Johann Burchard de Estrasburgo, capelão papal e autor de uma famosa história de seu tempo, registrou o evento em seu diário.

O martírio de 1527 sob berros de "viva o papa Lutero"

Juramento de fidelidade dos guardas suíços
Na manhã do dia 6 de maio de 1527, mercenários a serviço de um imperador já todo perpassado de espírito renascentista invadiu o Borgo Santo Spirito e a basílica de São Pedro.

Os guardas suíços reuniram-se no pé do obelisco que ali está, e junto com as poucas tropas romanas de que dispunha o Papa, lutaram até o fim.

O comandante Kaspar Roister foi morto. Dos 189 suíços, apenas 42 não pereceram.

Esses, sob o comando de Hércules Göldli levaram o Papa Clemente VII até o impenetrável Castelo de Santo Ângelo.

Os outros caíram gloriosamente, massacrados até nos degraus do altar de São Pedro.

Clemente VII e seus suíços fugiram pelo famoso “Passetto” um corredor secreto construído por Alexandre VI na parede que liga o Vaticano com o Castelo Sant'Angelo.

As tropas invasoras saquearam Roma durante oito dias, praticando toda espécie de abusos, roubos, sacrilégios e massacres.

Até os túmulos dos Papas foram violados para roubar o que havia dentro.

Os saqueadores gritavam “viva o pontífice Lutero” em sinal de desprezo.

O nome do heresiarca protestante foi pichado sobre o famoso afresco do “Triunfo do Santíssimo Sacramento” de Rafael.

Desde então uma aura de martírio envolve a guarda suíça pontifícia.

Ela traz um perfume da velha fidelidade feudal medieval impregnada de sagrado e heroísmo em serviço do Senhor dos Senhores, o Vigário de Jesus Cristo.







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O que é o feudalismo? Origens do regime feudal

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Luis Dufaur
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Para compreender a Idade Média, temos de nos representar uma sociedade que vive de modo totalmente diferente, da qual a noção de trabalho assalariado, e mesmo em parte a de dinheiro, estão ausentes ou são muito secundárias.

O fundamento das relações de homem para homem é a dupla noção de fidelidade, por um lado, e por outro a de proteção.

Assegura-se devoção a qualquer pessoa, e dela espera-se em troca a segurança.

Não se compromete a atividade em função de um trabalho preciso, de uma remuneração fixa, mas a própria pessoa, ou melhor, a sua fé, e em troca se requer subsistência e proteção, em todos os sentidos da palavra.

Tal é a essência do vínculo feudal.

Esta característica da sociedade medieval explica-se, ao considerarmos as circunstâncias que presidiram à sua formação.

A origem encontra-se nessa Europa caótica do século V ao século VIII. O Império Romano desmoronava-se sob o duplo efeito da decomposição interior e da pressão das invasões.

Tudo em Roma dependera da força do poder central. A partir do momento em que esse poder foi ultrapassado, a ruína era inevitável. Nem a cisão em dois impérios nem os esforços de recuperação provisória poderiam travá-la.

Nada de sólido subsiste nesse mundo em que as forças vivas foram pouco a pouco esgotadas por um funcionalismo sufocante, onde o fisco oprime os pequenos proprietários.

Em breve estes não têm outro recurso senão ceder as suas terras ao Estado para pagar os impostos. O povo abandona os campos, e para o trabalho dos campos apela voluntariamente a esses mesmos bárbaros que dificilmente são contidos nas fronteiras.

É assim que na Gália os borguinhões se instalam na região Sabóia-Franco-Condado e se tornam os rendeiros dos proprietários galo-romanos, cujo domicílio partilham.

Sucessivamente, pacificamente ou pela espada, as hordas germânicas ou nórdicas assomam no mundo ocidental.

Roma é tomada e retomada pelos bárbaros, os imperadores são eleitos e destituídos conforme o capricho dos soldados. A Europa não é mais que um vasto campo de batalha, onde se enfrentam as armas, as raças e as religiões.

Como poderá alguém defender-se numa época em que a agitação e a instabilidade são a única lei?

O Estado encontra-se distante e impotente, senão inexistente, cada um move-se por isso naturalmente em direção à única força que permaneceu realmente sólida e próxima: os grandes proprietários fundiários, que podem assegurar a defesa do seu domínio e dos seus rendeiros.

Fracos e pequenos recorrem a eles, confiam-lhes a sua terra e a sua pessoa, com a condição de se verem protegidos contra os excessos fiscais e as incursões estrangeiras.

Por um movimento que se tinha esboçado a partir do Baixo Império, e não tinha parado de se acentuar nos séculos VII e VIII, o poderio dos grandes proprietários aumenta com a fraqueza do poder central.

Cada vez mais se procura a proteção do “senhor” (senior), a única ativa e eficaz, que protegerá não só da guerra e da fome, mas também da ingerência dos funcionários reais.

Assim se multiplicam as cartas de vassalagem, pelas quais a arraia-miúda se liga a um “senhor” para garantir a sua segurança pessoal.

Os reis merovíngios tinham o hábito de se cercar de uma corte de “fiéis” (fideles), homens devotados à sua pessoa, guerreiros ou outros, o que por imitação levará os poderosos da época a agruparem à sua volta os “vassalos” (vassi) que julgaram bom recomendarem-se a eles.

Enfim esses próprios reis, cada vez mais desprovidos de autoridade face aos grandes proprietários, contribuíram muitas vezes para a formação do poder dominial distribuindo terras aos seus funcionários, para retribuir os seus serviços.

Quando os carolíngios chegaram ao poder, a evolução estava quase terminada.

Em toda a extensão do território, senhores mais ou menos poderosos, agrupando à sua volta os seus homens, os seus fiéis, administravam os feudos mais ou menos extensos.

Sob a pressão dos acontecimentos, o poder central tinha dado lugar ao poder local, que tinha absorvido pacificamente a pequena propriedade, e afinal de contas permanecia a única força organizada.

A hierarquia medieval, resultado dos fatos econômicos e sociais, tinha-se formado a partir de si própria; e os seus usos, nascidos sob a pressão das circunstâncias, manter-se-iam pela tradição. Não tentaram lutar contra o estado dos acontecimentos.

A dinastia de Pepino tinha chegado ao poder porque os seus representantes se contavam entre os mais fortes proprietários da época.

Contentaram-se em canalizar as forças das quais faziam parte, e em aceitar a hierarquia feudal tirando dela o partido que podiam tirar.

Tal é a origem do estado social da Idade Média, cujas características são completamente diferentes das que se conheceram até então.

A autoridade, em lugar de estar concentrada num só ponto (indivíduo ou organismo), encontra-se repartida pelo conjunto do território.

A grande sabedoria dos carolíngios foi de não tentarem ter nas mãos toda a máquina administrativa, mantendo a organização empírica que tinham encontrado.

A sua autoridade imediata se estendia apenas a um pequeno número de personagens, que possuíam elas próprias autoridade sobre outros, e assim sucessivamente até às camadas sociais mais humildes.

De degrau em degrau, uma ordem do poder central podia assim transmitir-se ao conjunto do país, e aquilo que não controlavam diretamente podia ser atingido indiretamente.

Em lugar de combatê-la, Carlos Magno contentou-se em disciplinar a hierarquia que deveria impregnar tão fortemente os hábitos franceses.

Reconhecendo a legitimidade do duplo juramento que todo homem livre devia a si próprio e ao seu senhor, ele consagrou a existência do vínculo feudal.

Tal é a origem da sociedade medieval, e também a da nobreza fundiária, não a militar, ao contrário do que se julgou demasiadas vezes.

Desta formação empírica, modelada pelos fatos, pelas necessidades sociais e econômicas, (Citemos a excelente fórmula de Henri Pourrat: “O sistema feudal foi a organização viva imposta pela terra aos homens da terra” (L’homme à la bêche. Histoire du paysan, p. 83) decorre uma extrema diversidade na condição das pessoas e dos bens.

A diversidade provinha do fato que a natureza dos compromissos que uniam o proprietário ao seu rendeiro variava segundo as circunstâncias, a natureza do solo e o modo de vida dos habitantes.

Toda sorte de fatores entram em jogo, os quais tornam diferentes as relações e a hierarquia de uma província para outra, ou mesmo de um domínio para outro.

Mas o que permanece estável é a obrigação recíproca: fidelidade por um lado, proteção pelo outro. Por outras palavras, o vínculo feudal.

(Autor: Regine Pernoud, “Luz da Idade Média”. Ed. original: “Lumière du Moyen Âge”, Grasset, Paris, 1944)





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De escravos antigos a servos da gleba: transição para o homem livre

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Um ponto que serve para mostrar o tipo de tratamento reinante entre os diversos graus da hierarquia social é a comparação entre os escravos da Antiguidade e os servos da gleba na época medieval.

Na Antiguidade pagã o escravo não tinha qualquer direito, nem mesmo o da vida.

Podia ser morto por seu dono, que tinha direito de vida e de morte sobre ele.

Não tinha direito a constituir família.

Se alguma escrava tinha um filho, este podia ser vendido e mandado para longe da mãe, como um animal.

Ao final do Império Romano, quando este já se havia tornado cristão, foi reconhecido aos escravos o direito ao matrimônio.

Este processo fazia parte daquilo que se chamou de humanização do Direito Romano, atribuída à influência cristã.

Tal direito ao matrimônio, porém, não impedia que o casal pudesse ser separado, vendido, etc.

Não era ainda o direito ao matrimônio do homem livre.

Foi somente com a instauração da Cristandade medieval na Europa que se conheceu, pela primeira vez na História, um continente inteiro sem a escravidão.

O servo da gleba era um servidor que não tinha o direito de sair do lugar onde trabalhava.

Era ligado à gleba, não sendo, portanto, um homem livre em toda a força do termo.

Porém, apesar de não ser totalmente livre, desfrutava de muitos direitos.

Inerente à sua própria condição, tinha o direito de permanecer na terra onde trabalhava, não podendo ser expulso dela pelo seu senhor.

Exercia também uma espécie de direito de propriedade sobre a casa onde morava e sobre uma parte das terras que cultivava.

Seu tempo era dividido entre o trabalho nas terras do senhor e em suas próprias terras, de cujos frutos ele vivia.

Algumas vezes beneficiava-se ainda de uma porcentagem do que produzia nas terras do senhor.

Seu contrato de trabalho era hereditário e intocável.

Tinha direito a constituir família e só podia ser castigado fisicamente em caso de comprovado mau comportamento.

Se o senhor vendia as terras que possuía, estas eram alienadas junto com o servo, que não podia ser mandado embora.

A servidão da gleba era um estado intermediário entre a escravidão e a liberdade.

Quando terminou a Idade Média quase não havia mais servos da gleba na Europa.

Na Idade Média, sob a influência da Igreja, constituiu-se uma classe dos homens livres, classe esta muito menos numerosa na Antiguidade, época histórica em que uma parcela considerável da população era constituída por escravos.

A expressão servo da gleba continuou em uso até a Revolução Francesa.

Mas então os que se denominavam servos eram os descendentes dos antigos servos da gleba, sendo proprietários das terras que cultivavam, pagando aos nobres um pequeno imposto pelo fato de, outrora, tais terras terem pertencido à nobreza.

A origem histórica dos servos da gleba remonta à época das invasões dos bárbaros, nos séculos IV e V, quando o Império Romano do Ocidente se desagregou.

Os proprietários de terras, que possuíam certos recursos, começaram a construir fortificações para se abrigar contra os invasores.

Então muitos homens, que não tinham condições para se defender dos ataques dos bárbaros, pediam licença para se refugiar nas fortificações daqueles proprietários, as quais constituíam a forma primitiva do que foi mais tarde o castelo medieval.

Os proprietários geralmente impunham como condição aos abrigados, que estes cultivassem as terras no tempo de paz e os ajudassem na luta contra os invasores, em época de guerra.

Formou-se assim um contrato do servo com o proprietário.

Na época em que foi instituída, a servidão da gleba foi aceita como algo natural, fruto das circunstâncias.

Porque um senhor, diante das grandes hordas que se deslocavam, precisava ter certeza de que sua propriedade teria um número suficiente de homens para defendê-la.

Era-lhe vantajoso estabelecer um contrato vitalício, e mesmo hereditário.

Do mesmo modo, era vantajoso para os servos, os quais, muitas vezes não eram homens livres, mas antigos escravos romanos.

Sua situação foi suavizada, pela influência da Igreja, mediante a condição de servos da gleba, antes de ser totalmente abolida a escravidão.


Fonte: CATOLICISMO, março 1998



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Na Idade Média nasceu a ciência logicamente sistematizada

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A Geometria, The British Library
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Ainda perduram os ecos do laicismo anticristão visceralmente difamador da Idade Média pelo fato de ter sido uma época modelada pela Igreja Católica.

Professores e enciclopédias objetivas e atualizadas abandonaram essas visões laicista anticristãs e anti-medievais.

Um exemplo é a própria Wikipedia que, no verbete Ciência Medieval, fornece ricas e ponderadas informações sobre a Era Medieval, e que reproduzimos a continuação.

Caos pós-queda de Roma

A Europa Ocidental entrou na Idade Média em grandes dificuldades que minaram a produção intelectual do continente.

Os tempos eram confusos e havia-se perdido o acesso aos tratados científicos da antiguidade clássica (em grego), ficando apenas as compilações resumidas e até deturpadas que os romanos tinham traduzido para o latim.

Entretanto, com o início do chamado Renascimento do Século XII, renovou-se o interesse pela investigação da natureza.

A ciência que se desenvolveu nesse período áureo da filosofia escolástica dava ênfase à lógica e advogava o empirismo, entendendo a natureza como um sistema coerente de leis que poderiam ser explicadas pela razão.

Foi com essa visão que sábios medievais se lançaram em busca de explicações para os fenômenos do universo e conseguiram avanços importantes em áreas como a metodologia científica e a física.

Decadência cultural e científica no Império Romano

Costuma-se dizer que os romanos eram um povo de orientação prática. Apesar de maravilhados com as descobertas do passado grego, não chegaram a formar novas instituições que buscassem especificamente entender o universo ou o mundo natural.

Ruínas do Foro Romano, centro da Roma Imperial pagã
Os verdadeiros centros de produção de conhecimento do Império Romano localizavam-se no seu lado oriental, de cultura grega. Eles tinham sido fundados antes do domínio romano e já não mantinham a mesma força criativa de períodos anteriores.

Devido ao fato da classe rica do Império ser bilíngue, em latim e em grego, não se sentia a necessidade de traduzir os tratados científicos y filosóficos produzidos pela civilização grega.

Entretanto, era comum encontrar compilações resumidas das principais correntes do pensamento grego na língua latina. Esses resumos eram lidos e discutidos nos espaços públicos da agitada vida social romana.

Durante o processo de desestruturação do Império Romano do Ocidente, o ocidente europeu foi perdendo contato com o oriente e a língua grega acabou por ser esquecida.

Desse modo, a Europa Ocidental perdeu o acesso aos tratados originais dos filósofos clássicos, ficando apenas com as versões truncadas desse conhecimento que haviam sido anteriormente traduzidas.

É como se nos dias de hoje perdêssemos quase todos os trabalhos científicos e sobrasse apenas parte dos textos de revistas destinadas ao consumo popular.

A Igreja salvou do caos o que restava da cultura antiga

Os mosteiros foram o refúgio da cultura e da ciência. Abadia de Lagrasse, França
Os mosteiros foram o refúgio da cultura e da ciência. Abadia de Lagrasse, França
O Império Romano do Ocidente, embora unido pela língua latina, ainda englobava um grande número de culturas diferentes que haviam sido assimiladas de uma maneira incompleta pela cultura romana.

Debilitado pelas migrações e invasões de tribos bárbaras, pela desintegração política de Roma no século V e isolado do resto do mundo pela expansão do Islão no século VII, o Ocidente Europeu chegou a ser pouco mais que uma colcha de retalhos de populações rurais e povos semi-nômades.

A instabilidade política e o definhar da vida urbana golpearam duramente a vida cultural do continente.

A Igreja Católica, como única instituição que não se desintegrou nesse processo, manteve o que restou de força intelectual, especialmente através da vida monástica.


continua no próximo post: O monasticismo católico e a restauração da fé, da cultura e das ciências



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Emersão de fundo medieval abalou fachada laica-democrática da França

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A sacralização da vida política francesa na Idade Média foi tão profunda que não foi possível apagá-la e até ressurge hoje
A sacralização da vida política francesa na Idade Média foi tão profunda
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Luis Dufaur
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Na última eleição presidencial na França, o catolicismo fez uma irrupção rumorosa num país que se julgava definitivamente ganho pelo laicismo anticlerical da Revolução Francesa.

Todos os candidatos — inclusive o comunista-anarquista Mélenchon — acenaram para esta ou aquela passagem, ainda que remota, por alguma corrente do catolicismo, ou contato com ela.

O que houve? Cientistas sociais e políticos, jornais, acadêmicos, líderes partidários atilados se puseram na ingente tarefa de tentar descodificar o enigma.

Um deles foi Alain Tallon, reitor da Unité de Formation et de Recherche – UFR (outrora mais claramente “Faculdade”) de História da Universidade da Sorbonne, especialista em história religiosa, entrevistado pelo quotidiano parisiense “La Croix”.

Tallon partiu de uma evidência que não era “politicamente correta”: “A dimensão religiosa, e mais especialmente a questão do cristianismo, é essencial em nossa história.

“A própria laicização da sociedade francesa não conseguiu apagar totalmente o fato religioso. (...) A França, ao contrário de seus vizinhos alemães, italianos e espanhóis, foi um país uniformemente católico”, acrescentou, antes de pôr o dedo na chaga:

“Outra peculiaridade: a Revolução Francesa foi feita contra uma França católica. Nós vivemos ainda sob os efeitos desse divórcio entre a França republicana e a França católica”.

O professor Tallon foi sagaz, tentando embaralhar a oposição: o oposto de ‘republicana’ (realidade temporal) não é bem ‘católica’ (realidade religiosa espiritual).

Ele estava se referindo às posições ‘república versus monarquia’ e ‘laicismo versus catolicismo’.

Ou mais concisa e palpavelmente, à posição entre ‘republicano enquanto ateu’ versus ‘monarquista enquanto católico’. Mas isto na França é tema de explosividade atômica.

O jornalista tentou procurar outra via menos perigosa. E levou para um assunto, na verdade, não muito menos coruscante.

Prof. Tallon: a sacralidade da monarquia francesa não teve equivalente
Prof. Tallon: a sacralidade da monarquia francesa não teve equivalente
O professor Tallon foi claro: “Na França, a política sempre tirou, e largamente, seu vocabulário e seus ritos da religião”, leia-se do catolicismo.

E acrescentou: “Isso é verdade desde a Idade Média. A sacralidade da monarquia francesa não teve equivalente na Europa. Os franceses inventaram o rei taumaturgo. [NdT: que faz milagres. Após a sagração dos reis, eles saíam à praça e tocavam os doentes ‘escrofulosos’, dizendo: ‘o rei te toca, Deus te cura’ e muitos saíam dizendo-se curados!].

“Enquanto isso, a monarquia espanhola é profundamente laica desde a Idade Média: o rei não é ungido”.

Na França, os reis eram ungidos com óleo bento numa cerimônia eclesiástica na catedral de Reims. Em virtude dessa unção eles passavam a diáconos da Igreja, com um mundo de privilégios eclesiais e um rango menor no clero.

Esse costume é tão forte que até hoje os presidentes da República são considerados cônegos da catedral de São João de Latrão, com estala reservada. O ex-presidente Sarkozy chegou a ocupar essa sede canônica em sua primeira visita a Roma.

O jornalista, certamente menos letrado que o reitor da Faculdade de História de Paris, procurou outra pista. E acabou ouvindo verdades que arrepiam ao laicismo democrático, igualitário e vulgar inaugurado em 1789.

O reitor Tallon sublinhou que em país algum houve a sacralização do poder como na França. “E essa sacralização sobreviveu após a monarquia, inclusive sob Bonaparte e, em certo sentido, sob Charles de Gaulle”.

Todos esses chefes de Estado tentaram dar ares de monarca ungido pela Igreja. Napoleão se fez coroar pelo Papa Pio VII (de modo muito contestável) e Charles de Gaulle assumiu um ar pessoal de monarca, obviamente sem coroa alguma.

No subconsciente popular, Carlos Magno ainda é o modelo de governante
No subconsciente popular, Carlos Magno ainda é o modelo de governante
“O modelo de Carlos Magno — prosseguiu o professor — fez sonhar todos os soberanos franceses.

“Foi por isso que Henrique IV quis se reconciliar com Roma, em vez de criar uma Igreja nacional como fizera o modelo inglês. (...)

“Ele também compreendeu que se tratava do único meio para ele se tornar rei da França.

“Um rei da França protestante era uma coisa impossível, política ou ideologicamente.

“A sacralização da monarquia atingira tal ponto, que um rei calvinista não teria sido sagrado, não teria curado as escrófulas. Era algo inconcebível. Ele teria rompido com Roma e com o universalismo católico.

“A monarquia francesa se sente herdeira legitima de Roma porque o rei é o primeiro dos cristãos. (...)

“Nós nos sentimos investidos de uma missão pela França desde o fim da Idade Média. Essa foi a ideia constitutiva da criação da ‘nação França’.

“Desde a monarquia carolíngia o tema imperial foi sempre conjugado com Roma e o Papado. Quando houve conflitos opondo o Papa ao Imperador, a monarquia francesa sustentou o Papado.

“O episódio de Joana d’Arc foi um dos elementos. E isso continuou pela Renascença, com um rei como Francisco I se fazendo pintar em 1518 por Jean Clouet representado como São João Batista…

“Os embaixadores ingleses contam que eles foram recebidos pelo rei vestido como se fosse Cristo ! É algo completamente surpreendente…

“A ideia da nacionalidade francesa não foi constituída unicamente pela monarquia, mas também pela Igreja Católica”, concluiu.




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Raízes profundas da Idade Média emergem no presente francês

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Para obter votos o futuro presidente Macron foi se fotografar na festa de Santa Joana d'Arc em Orleans
Para obter votos o futuro presidente Macron
foi se fotografar na festa de Santa Joana d'Arc em Orleans
Luis Dufaur
Escritor, jornalista,
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Pode parecer estranho, mas não é. No segundo turno da eleição presidencial francesa, em 7 de maio de 2017, os dois candidatos apostaram corrida para ver quem se identificava mais com a heroína medieval Santa Joana d’Arc, registrou a “Folha de S. Paulo”.

Nenhum deles é especialmente devoto, nem muito praticante, provavelmente só queriam o voto do eleitor.

Mas o que há na cabeça dos franceses para que ainda hoje o candidato se tornar presidente de uma República formalmente laica e agnóstica ele necessite mostrar-se também ligado ao passado sacral católico da França?

O jornal progressista e socialista parisiense “La Croix” foi à procura de eminências do pensamento francês para achar uma explicação do fenômeno que, para ele, parece uma aberração.

François Huguenin, autor de As grandes figuras católicas da França (“Les grandes figures catholiques de la France”, ed. Perrin) respondeu assim:

“Existe uma trama comum entre o cristianismo e a fundação da França. É impossível separar os fios da tapeçaria sem desmanchar tudo. O catolicismo é a matriz da França”.

Segundo seu ponto de vista, desde Clóvis, o primeiro rei franco que se fez batizar, “todos os nossos governantes estão submetidos a uma transcendência, uma verticalidade. Eles têm consciência permanentemente de que há um Deus que os transcende”.

No livro Deus escolheu a França (“Dieu choisit la France”, ed. Presses de la Renaissance), o professor auxiliar de História Camille Pascal concorda.

O singular é que isso acontece no fundo das cabeças de muitos presidentes, até mesmo socialistas, que da língua para fora não querem saber de religião.


A fidelidade ao Papa foi nota característica da França medieval. São Luis foi se encontrar com o Papa Inocêncio IV em Lyon que lhe pediu auxilio. Louis-Jean-Francois Lagrenee (1724-1805)
A fidelidade ao Papa foi nota característica da França medieval.
São Luis foi ver em Lyon o Papa Inocêncio IV que lhe pediu auxilio.
Louis-Jean-Francois Lagrenee (1724-1805)
Rémi Brague, historiador de filosofia medieval, foi aprofundar-se no catarismo, heresia do sul da França que suscitou contra si uma verdadeira Cruzada que a extinguiu no século XIV.

Segundo Brague, o catarismo fracassou porque recusava o ato de fidelidade feudal ao suserano, algo que o francês não podia aceitar. Recusar a fidelidade do vassalo ao senhor e vice-versa trazia o “risco de destruição da ordem feudal”.

E explica: “Em nosso país, jamais existiu uma situação na qual a política não teve alguma dimensão religiosa e vice-versa”.

Mas houve e há todo o contrário: uma ferocidade laicista anticristã que se exprime no culto fanático dos Direitos do Homem.

Mas, a esse respeito, também o anticristianismo laicista teve um nascedouro cristão, é claro que num cristianismo herético.

E explica: foi a Revolução Protestante! Ela pregou que Cristo era o único mediador, que a Bíblia era o único mestre, que só havia a fé, sem necessidade das outras virtudes.

Desse tronco nasceu o Iluminismo racionalista que sabotou os fundamentos da monarquia até derrubá-la e implantar uma República laica, ateia, que muda segundo o capricho dos homens.

O pastor Antoine Nouis, conselheiro teológico da revista protestante “Réforme”, reconhece que “a ideia de uma pluralidade de religiões num mesmo reino é no fundo uma anomalia” que tinha que dar nas guerras de religião (1562-1598).

Nicolaen Le Roux, secretário geral da Associação dos Historiadores Modernistas das Universidades Francesas, explica que no modo de ver do povo francês,

“O reino era visto como um corpo, imagem do Corpo Místico da Igreja. O rei era a cabeça desse corpo político e social. Por meio do convívio social, das festas, das procissões, das missas, se atingia a salvação. Deixar de ir à Missa, quebrar as imagens de Nossa Senhora, cantar os salmos em francês punha em perigo essa vida em comum, a salvação de todos”.

Contra essa visão católica partilhada pelo conjunto não faltaram os galicanos, que punham a França por cima do Papa de Roma.

Alain Tallon, reitor da Faculdade de História da Sorbonne, estudou o caso e concluiu que apesar dos atritos históricos, “a subordinação ao Papado era considerada indispensável para a monarquia francesa. Ainda quando se discordava do Papa, fazia-se questão absoluta de não romper com Roma”.

O laicismo do século XVIII contestou a autoridade da Igreja. Ostentou a ideia de que se pode viver fora d’Ela, ser diferente, até proclamar um outro deus, o Ser Supremo da Revolução Francesa.

Para François Huguenin, a violência revolucionária foi “um sismo comparável à ascensão de Hitler ao poder em 1933: a aparição de uma lógica de violência exacerbada pelo vazio instalado no poder”.

Le Roux: “O reino era visto como uma imagem do Corpo Místico da Igreja” Busto-relicário de Carlos Magno. Fundo: catedral de Aachen (Aquisgrão)
Le Roux: “O reino era visto como uma imagem do Corpo Místico da Igreja”
Busto-relicário de Carlos Magno. Fundo: catedral de Aachen (Aquisgrão)
E segundo Jacques-Olivier Boudon, Napoleão encarnou o revolucionário violento que subiu como mais tarde fez Hitler. Mas, uma vez no poder, Napoleão tentou chegar a uma concordata com a Igreja para “instalar a paz religiosa após o cisma constitucional de 1789. Porém, a ferida entre “azuis” (laicos e republicanos) e “brancos” (católicos e monarquistas) ainda continua muito profunda”.

A contribuição religiosa do Islã foi nula e fonte de guerra constante. O historiador de filosofia medieval árabe e judia, Rémi Brague, fala com clareza :

“Não, o islã não contribuiu para nossa história. Os saqueadores árabes e berberes que vieram até Poitiers só tinham o Corão numa mão e a cimitarra na outra. Eles vieram para pilhar”.

Hoje essas tendências subterrâneas carregadas de alta tensão voltam a se chocar.

Antoine Nouis vê na “atual crispação francesa a respeito do laicismo um fruto do desenvolvimento do conflito entre o Iluminismo e a religião”.

Nicolas Le Roux ironiza: “A liberdade de consciência é uma invenção. Cada um faz o que quer na sua casa. Mas depois de fechar a porta, não cante muito alto!

“O verdadeiro problema continua sendo que os modelos de Estado católico-monárquico e laico-republicano não são capazes de coabitar. Essa é a questão que se punha no século XVI e que se põe hoje”, concluiu.





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O monasticismo católico e a restauração da fé, da cultura e das ciências

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continuação do post anterior: Na Idade Média nasceu a ciência logicamente sistematizada



O homem das letras desses primeiros séculos medievais era quase sempre um clérigo para quem o estudo dos conhecimentos naturais era uma pequena parte da escolaridade.

Esses estudiosos viviam numa atmosfera que dava prioridade à fé e geralmente tinham a mente mais voltada para a salvação das almas do que para o questionamento de detalhes da natureza.

Aqueles que desejavam investigar o mundo natural tinham suas opções limitadas pelo esquecimento do idioma grego.

Muitos dos estudos tinham que ser feitos com informações obtidas de fontes não científicas, eram frequentemente textos com informações incompletas e que traziam sérios problemas de interpretação.

Desse modo, por exemplo, manuais romanos de inspeção do solo eram lidos porque neles estavam incluídos elementos da geometria.

A vida quase sempre insegura e economicamente difícil dessa primeira parte do período medieval mantinha o homem voltado para as dificuldades do dia-a-dia.

O estudo da natureza era buscado mais por motivos práticos do que como uma investigação abstrata: a necessidade de cuidar dos doentes levou ao estudo da medicina e de textos antigos sobre remédios, o desejo de determinar a hora correta para rezar levou os monjes a estudar o movimento das estrelas, a necessidade de computar a data da páscoa os levou a estudar e ensinar os movimentos do Sol e da Lua e rudimentos da matemática.

Não era incomum o mesmo texto discutir tanto os detalhes técnicos quanto o sentido simbólico dos fenômenos naturais.

Embaixo: video
7. Os monges na construção da civilização ocidental


Veja toda a série de aulas: CLIQUE AQUI


continua no próximo post: Importância de Carlos Magno na promoção da educação e da cultura



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Importância de Carlos Magno na promoção da educação e da cultura

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Carlos Magno ordenou escolarizar o Império
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continuação do post anterior: O monasticismo católico e a restauração da fé, da cultura e das ciências




Importância de Carlos Magno na promoção da educação e da cultura

No final do século VIII, houve uma primeira tentativa de reerguimento da cultura ocidental. Carlos Magno conseguira reunir grande parte da Europa sob seu domínio. Para unificar e fortalecer o seu império, decidiu executar uma reforma na educação.

O monge inglês Alcuíno elaborou um projeto de desenvolvimento escolar que buscou reviver o saber clássico estabelecendo os programas de estudo a partir das sete artes liberais: o trivium, ou ensino literário (gramática, retórica e dialética) e o quadrivium, ou ensino científico (aritmética, geometria, astronomia e música).

A partir do ano 787, foram emanados decretos que recomendavam, em todo o império, a restauração de antigas escolas e a fundação de novas. Institucionalmente, essas novas escolas podiam ser monacais, sob a responsabilidade dos mosteiros; catedrais, junto à sede dos bispados; e palatinas, junto às cortes.

Essas medidas teriam seus efeitos mais significativos apenas séculos mais tarde. O ensino da dialética (ou lógica) foi fazendo renascer o interesse pela indagação especulativa; dessa semente surgiria a filosofia cristã da Escolástica.

Além disso, nos séculos XII e XIII, muitas das escolas que haviam sido estruturadas por Carlos Magno, especialmente as escolas catedrais, ganharam a forma de Universidades.

Progresso generalizado
O Renascimento do Século XII

Depois da contenção das últimas ondas de invasões estrangeiras no século X, seguiu-se uma fase de relativa tranqüilidade em relação às ameaças externas, que também coincidiu com um período de condições climáticas mais amenas.

A Europa Ocidental passa então por mudanças sociais, políticas e econômicas, que vão gerar o chamado Renascimento do Século XII.

Evoluções técnicas possibilitam o cultivo de novas terras e o aumento da diversidade dos produtos agrícolas, que sustentam uma população que passa a crescer rapidamente.

O comércio está em franca expansão, ocorre o desenvolvimento de rotas entre os diversos povos que reduzem as distâncias, facilitando não só o comércio de bens físicos, mas também a troca de idéias entre os países.

As cidades também vão abandonando a sua dependência agrária, crescendo em torno dos castelos e mosteiros.

Nesse ambiente receptivo, começam a ser abertas novas escolas ao longo de todo o continente, inclusive em cidades e vilas menores.

No campo intelectual, as mudanças são também fruto do contato com o mundo oriental e árabe através das Cruzadas e do movimento de Reconquista da Península Ibérica.

Na altura, o mundo islâmico encontrava-se bastante avançado em termos intelectuais e científicos. Os autores árabes tinham mantido durante muito tempo um contacto regular com as obras clássicas gregas (Aristóteles, por exemplo), tendo feito um trabalho de tradução que se tornaria valioso para os povos ocidentais, já que por este meio voltaram a entrar em contacto com as suas raízes eruditas entretanto “esquecidas”.

De facto, seja em Espanha (Toledo), seja no sul de Itália, os tradutores europeus vão produzir um espólio considerável de traduções que permitiram avanços importantes em conhecimentos como a astronomia, a matemática, a biologia e a medicina, e que se tornariam o gérmen da evolução intelectual européia dos séculos seguintes.


Embaixo: video
7. Os monges na construção da civilização ocidental


Se seu email não visualiza corretamente o vídeo embaixo CLIQUE AQUI





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A Idade Média achava que a Terra era plana?

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Deus Criador, geometra, Codex Vindobonensis 2554
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Na revista de número 01 da coleção sobre História da ciência da Scientific American, Rudolf Simek desmonta, com muitos documentos, de que na Idade Média, com base na Bíblia, se acreditava que a Terra era plana.

Essa ideia foi principalmente de muitos ateus de séculos passados mas é hoje repetida por alguns desatualizados:

“A ideia de que antes da Renascença a Terra era considerada plana, ainda persiste, explicou o prof. Rudolf Simek.

“No entanto, a esfericidade do Planeta já era admitida na época medieval”

“[...] Em 1492, quando Martin Behaim fabricou o primeiro globo terrestre e o chamou de Erdapfel (“maçã terrestre”), ele se remeteu à tradição medieval. [...]

“O manual de astronomia mais conhecido nas universidades medievais era o Liber de Sphaera (“Tratado sobre a esfera”), escrito pelo inglês Jean de Sacrobosco, na primeira metade do século XIII.

“O autor tratava das bases da geometria e da astronomia, apresentando provas evidentes da esfericidade da Terra e de outros corpos celestes. [...]

Biblia, Toledo
“Se a esfericidade da Terra ‒ e todas as suas consequências ‒ era uma ideia tão corrente na Idade Média, como foi possível chegar ao mito, que ainda persiste, que pretende que o homem medieval acreditava numa Terra plana? [...]

“A partir do século XVII, essas ideias foram consideradas ‒ por engano ‒ como típicas do pensamento monástico medieval.

“As correntes anticlericais da época das Luzes contribuíram para a propagação dessas interpretações errôneas, que visavam desmerecer uma Idade Média influenciada pela Igreja, pouco afeita às questões das ciências naturais e com uma visão de mundo limitada. [...]”



(A ciência na Idade Média, Scientific American História, p. 30 à 33, in blog A Busca pela Verdade)




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A concepção medieval da arte, o símbolo e as "Bíblias dos pobres"

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A Idade Média concebeu a arte como um ensinamento.

Tudo o que era necessário ao homem conhecer — a História do mundo desde a Criação, os dogmas da Religião, os exemplos dos santos, a hierarquia das virtudes, a variedade das ciências, das artes e das profissões — lhe estava ensinado pelos vitrais da igreja ou pelas estátuas dos pórticos.

A catedral mereceu ser conhecida por este nome tocante: “A Bíblia dos pobres”.

Os simples, os ignorantes, todos aqueles que constituíam “o povo santo de Deus”, aprendiam pelos olhos quase tudo que sabiam de sua Fé.

Aquelas grandes imagens, tão religiosas, pareciam testemunhar a verdade daquilo que a Igreja ensinava.

As inumeráveis estátuas, dispostas segundo um plano sapiencial, eram uma imagem da ordem maravilhosa que São Tomás fez reinar no mundo das ideias.

Graças à arte, as mais altas concepções da teologia e da ciência chegavam difusamente até às inteligências mais humildes.

Mas o senso dessas obras profundas se obscureceu.

As novas gerações, que trazem consigo uma outra filosofia do mundo, não as compreendem mais.
Depois do século XVI, a arte da Idade Média tornou-se um enigma.

O simbolismo, que foi a alma de nossa arte religiosa, está a ponto de morrer.

Estudar a arte da Idade Média como se faz algumas vezes, sem se reportar ao espírito e preocupando-se unicamente com o progresso da técnica, é equivocar-se, é confundir as épocas.

Nossos antigos escultores não tinham da arte a mesma idéia que um Benvenuto Cellini. Não pensavam que a escolha de um tema fosse indiferente.

Não imaginavam uma estátua como um agradável arabesco, destinado a dar aos olhos um momento de volúpia.

Na Idade Média, toda forma era a vestimenta de um pensamento.

Dir-se-ia que o pensamento entrava dentro da matéria e a configurava. A forma não se podia separar da idéia que a criou e que a animava.

Uma obra do século XIII, mesmo quando sua execução é insuficiente, nos interessa: nós ali sentimos alguma coisa que se assemelha a uma alma.


(Fonte: Emile Mâle, “L’Art Religieux du XIII Siècle en France” - Armand Colin, 1958, p. 11)




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A Igreja inspirou os sistemas jurídicos baseados no Direito

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Segundo o professor de Direito Harold Berman, citado pelo Prof. Thomas E. Woods, os modernos sistemas legais "são um resíduo secular de atitudes e posições religiosas, que têm sua primeira expressão na liturgia, ritos e doutrinas da Igreja, e só depois nas instituições, conceitos e valores da Lei"("How the Catholic Church built Western Civilization", p. 187).

A Igreja restaurou o direito dos romanos, aportando uma contribuição própria inapreciável.

O Papa Gelásio definiu os limites da ordem temporal e espiritual.

O primeiro corpo sistemático de leis foi o Código Canônico.

O conceito de direitos individuais, que se atribui erroneamente aos pensadores liberais dos séculos XVII e XVIII, de fato deriva de Papas, professores universitários, canonistas e filósofos católicos medievais.

Veja vídeo
A Igreja medieval
preservou e generalizou o Direito
Deve-se também à Igreja o Direito Internacional. Pela influência d'Ela, os processos jurídicos e os conceitos legais substituíram os juízos dos germanos baseados na superstição.

A Revolução igualitária, que se iniciou no século XV, gerou pensadores como o filósofo britânico do século XVII Thomas Hobbes, para quem a sociedade humana é impossível sem uma espécie de despotismo.

Para ele, o soberano deveria definir o que é verdadeiro e o que é errado, isto é, agir de um modo iluminado e arbitrário.


Vídeo: A Igreja medieval preservou e generalizou o Direito




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A Igreja medieval glorificou a santidade da família, da vida e da Moral

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As religiões pagãs demonstraram - e demonstram ainda - um espantoso menosprezo pela vida. O prof. Thomas Woods da alguns exemplos no video embaixo.

A Igreja Católica recolocou a santidade da família - fonte da vida -, da vida e da Moral no ponto central rodeado de respeito e veneração.

W. E. H. Lecky, citado por Woods, destaca que nem na prática nem na teoria a caridade ocupou na Antiguidade uma posição comparável à que teve no Cristianismo.

O historiador da medicina Fielding Garrison mostra que antes de Cristo "a atitude face à doença e à desgraça não era de compaixão. O crédito de cuidar dos seres humanos enfermos em grande escala deve ser atribuído à Igreja”.

Os cristãos causavam admiração pela coragem com que atendiam os agonizantes e enterravam os mortos. Os pagãos abandonavam em ruas e estradas os parentes e melhores amigos doentes, semi-mortos, ou mortos sem enterrar.

Por toda parte, Santos e instituições eclesiásticas trabalharam incessantemente para reverter essa sinistra situação.

O próprio Santo Agostinho deu exemplos eminentes no fim do império romano: fundou uma hospedaria para peregrinos, resgatou escravos, deu roupa aos pobres.

O grande pregador da Corte de Constantinopla, São João Crisóstomo, fundou hospitais na capital do Império de Oriente. São Cipriano e Santo Efrém organizaram os auxílios durante epidemias e fomes.

Os mosteiros, masculinos e femininos estiveram na ponta de lança da restauração do valor da vida.

O rei de França São Luís IX dizia que os mosteiros eram o "patrimônio dos pobres". Eles davam diariamente esmolas aos carentes. Por vezes, míseros seres humanos passavam a vida dependendo da caridade monástica ou episcopal.

Os religiosos também distribuíam alimentos aos pobres em sufrágio da alma de um religioso falecido. Isto era feito durante trinta dias no caso do falecimento de um simples monge, e durante um ano no caso de um abade. E, às vezes, perpetuamente.


Vídeo: A Igreja medieval glorificou a santidade da família, da vida e da Moral





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Como passar do caos à Civilização. A obra beneditina

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São Bento
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No Oriente houve santos ermitões que poucas vezes comiam ou dormiam, outros ficavam em pé sem movimento semanas a fio, ou encerravam-se em túmulos durante anos. São vocações especiais.

No Ocidente, o monaquismo foi estruturado por São Bento de Núrsia.

Sua regra é de uma moderação e de um senso da ordem admiráveis.

Até inícios do século XIV os beneditinos tinham dado à Igreja 24 Papas, 200 cardeais, 7.000 arcebispos, 15.000 bispos e 1.500 santos canonizados. Em seu auge, a Ordem Beneditina reuniu 37.000 mosteiros.

E não é uma questão apenas de números.

A Ordem era tão admirada, que nela foram concluir seus dias 24 imperadores, 10 imperatrizes, 42 reis e 15 rainhas.

Essa colossal rede monástica explica a transformação do caos que existia no início da Idade Média, na civilização por excelência, a despeito de invasões e guerras.

Quando os gregos sofreram a invasão dos dórios no século XII a.C., recaíram durante três séculos no analfabetismo.

 copista medieval
O engajamento dos monges medievais com a leitura, escrita e educação evitou esse terrível destino aos europeus, após a catástrofe da queda do Império Romano do Ocidente.

Não menos devastadoras foram as invasões posteriores de vikings, saxões, magiares ou maometanos.

Mas a determinação inabalável de bispos e monges salvou a Europa de um segundo colapso.

De acordo com o historiador malês Cristopher Dawson, as hordas saquearam mosteiros e queimaram bibliotecas, mas os monges impediram que a luz do conhecimento fosse extinta.

Alguns mosteiros ficaram célebres pelo domínio de certos ramos do saber.

Os monges de Saint-Bénigne em Dijon, na França, davam aulas de medicina.

Universidade de Salamanca
Os do mosteiro de Saint-Gall mantinham uma escola de pintura e gravação.

Em conventos alemães podiam-se assistir aulas em grego, hebreu e árabe.

Os monges tinham devoção pelos livros e embelezavam os manuscritos, especialmente as Escrituras, com artísticas iluminuras.

São Bento Biscop, fundador do mosteiro de Wearmouth (Inglaterra), mandava trazer livros de toda parte.

São Maïeul, abade de Cluny (na França), viajava sempre com um livro à mão. São Hugo de Lincoln, prior de Witham, primeira cartuxa na Inglaterra, explicou: 
"Nossos livros são nossa delícia e nossa riqueza em tempos de paz, nossas armas ofensivas e defensivas em tempo de guerra, nosso alimento quando temos fome, e nosso medicamento quando estamos doentes".

Vídeo: a Igreja e as origens do Direito Internacional







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Imperador Carlos Magno: nome que ecoa pelos séculos!

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O que é mais admirável em Carlos Magno: o homem de piedade ou o guerreiro? O diplomata ou o organizador do Império? O restaurador da cultura ou o fundador de uma dinastia?

Sinto mal-estar diante da pergunta. Não porque ela não tenha sentido — pode-se fazer tal pergunta, ela tem razão de ser —, mas o modo como ela é feita tende a omitir o mais importante: todo o conjunto.

A questão está mal formulada, porque essas qualidades admiráveis não se excluem. Elas devem ser consideradas concretamente em um homem, e não abstratamente.

Ou seja, no Imperador do Sacro Império, tais qualidades formam um todo que o representa. Uma totalidade que fez com que os dois nomes “Carlos” e “Magno” adquirissem som de prata e de bronze, que ecoa pelos séculos.

Esse é a característica própria de Carlos Magno, que é muito maior do que a soma daquelas qualidades.

Considerando o unum de um homem, podemos melhor compreender como as várias qualidades resultam, de fato, numa beleza maior, pois o conjunto é mais belo que as partes. Mas isto, na medida em que as qualidades isoladas forem muito boas.

Exemplo: um vitral em que cada pedacinho de vidro de má qualidade reflete mediocremente a luz, deixando-a transparecer de forma embaçada e em cores indefinidas, dá um conjunto inexpressivo num vitral ordinário.

É preciso que cada vidrinho seja de muito boa qualidade para que o conjunto fique extraordinariamente lindo.

A matéria-prima tem de ser excelente para que o conjunto seja ainda melhor.

Carlos Magno é um exemplo estupendo desse princípio!

Carlos Magno ((742-814), foi Rei dos francos de 768 a 814, dos lombardos e Imperador do Ocidente de 800 a 814 — coroado em Roma pelo Papa Leão III na noite de Natal do ano 800. Considerado protótipo de Imperador cristão, lançou as bases da Cristandade medieval.

Excertos da conferência proferida pelo Prof. Plinio Corrêa de Oliveira em 26 de outubro de 1980. Sem revisão do autor.




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Nobre ou burguês? Escolha: pagar imposto com seu sangue ou com mercadorias?

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Nobre cavaleiro medieval
Nobre cavaleiro medieval
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A imagem representa um nobre.

Alguém diria:

“Que diferença! Como é mais agradável ser este nobre!

“Olha como ele é bonitão, como ele está bem armado, como ele cerra de cima!

“Que majestade que tem esse homem! Eu gostaria de ser mais esse homem do que um burguês”.

A resposta é imediata:

“Meu caro, tem bom gosto! Mas, antes de optar, pense um pouco. Os nobres eram os guerreiros da sociedade. A Idade Média não tinha serviço militar obrigatório.

“Só quando a cidade ou a região era atacada que os habitantes da cidade deviam defendê-la. Se o inimigo fugisse, acabava a guerra para eles; se o inimigo tomasse a cidade, também os habitantes desta ficavam lá. O inimigo ia embora e eles ficavam na paz.

“Mas o nobre, não. O nobre tinha obrigação de defender o país. E quando o rei convocava para a guerra, o nobre tinha que ir, pagando de seu bolso os soldados que ele levava.

“O nobre era a classe militar – que derramava seu sangue em todos os campos de batalha da Europa.

Burguês medieval no inverno, col. Lewis E M 011-19
Burguês medieval no inverno, col. Lewis E M 011-19
“E como o sangue, mais do que uma mercadoria – mas, a ser comparado a uma mercadoria, é a mais alta das mercadorias --, ele entregava seu sangue pela pátria. Era a primeira classe social, era a classe dos sacrificados.

“Era a classe, portanto, também dos que tinham poder, dos que eram cercados de admiração e de respeito, porque eram o muro vivo da nacionalidade”.

Agora: imagine se se oferecesse aos indivíduos de hoje esta escolha:

“Vocês vão ser nobres, mas quando houver guerra, é só por cima de vocês. Nós não vamos para a guerra”. - O leitor acha que haveria muitos nobres hoje?

Quantos queriam ser nobres?

Santo Hermenegildo, Francisco de Zurbarán
Santo Hermenegildo, Francisco de Zurbarán
Quantos dos que hoje usam o título de nobres queriam continuar nobres com a condição de ir obrigatoriamente para a guerra?

Não seriam muitos.

Agora, por quê?

Porque a tarefa da guerra era dura e o nobre medieval era um esplêndido batalhador.

Então, quando dizem que os nobres sugavam o povo com impostos, perguntem isso: se eles queriam ser nobres a esse preço, e muitos vão ficar muito embaraçados.

A imagem ao lado é de um guerreiro medieval. É pintado por um pintor de um pouco depois da Idade Média, o grande pintor Zurbarán, e representa um príncipe espanhol Santo Hermenegildo (564–585), filho do rei visigodo Leovigildo.

O pintor o apresenta com suas insígnias de príncipe e com a arma de guerra usada em seu martírio, pois ele recusou aceitar a heresia ariana dominante em sua régia família.

O quadro representa muito bem a estampa de um nobre guerreiro medieval e sua disposição continuada para a guerra e para a morte pelo bem do país e da Igreja.

Junto com São Fernando III, Rei de Castela, é o santo patrono da monarquia espanhola.


(Fonte: Plinio Corrêa de Oliveira, 22.04.73. Sem revisão do autor.)



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Alguns grandes nomes da ciência medieval

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Santo Alberto Magno, St Dominic, Londres
Luis Dufaur
Escritor, jornalista,
conferencista de
política internacional,
sócio do IPCO,
webmaster de
diversos blogs




Alberto Magno (1193-1280), o Doutor Universal, foi o principal representante da tradição filosófica dos dominicanos.

Além disso, é um dos trinta e três Santos da Igreja Católica com o título de Doutor da Igreja.

Tornou-se famoso por seu vasto conhecimento e por sua defesa da coexistência pacífica da ciência com a religião.

Alberto foi essencial em introduzir a ciência grega e árabe nas universidades medievais, mas nunca hesitou em duvidar de Aristóteles.

Em uma de suas frases famosas, afirmou: a ciência não consiste em ratificar o que outros disseram, mas em buscar as causas dos fenômenos. Tomás de Aquino foi seu aluno.

Robert Grosseteste (1168-1253), Bispo de Lincoln, foi a figura central do movimento intelectual inglês na primeira metade do século XIII e é considerado o fundador do pensamento científico em Oxford.

Tinha grande interesse no mundo natural e escreveu textos sobre temas como som, astronomia, geometria e óptica.

Dom Robert Grosseteste, bispo de Lincoln,
(1168-1253). vitral de Saint Paul, Westernmost
Afirmava que experimentos deveriam ser usados para verificar uma teoria, testando suas consequências; também foi relevante o seu trabalho experimental na área da óptica. Roger Bacon foi um de seus alunos mais renomados.

Roger Bacon (1214-1294), o Doutor Admirável, ingressou para a Ordem dos Franciscanos por volta de 1240, onde, influenciado por Grosseteste, dedicou-se a estudos nos quais introduziu a observação da natureza e a experimentação como fundamentos do conhecimento natural.

Bacon propagou o conceito de “leis da natureza“ e contribuiu com estudos em áreas como a mecânica, a geografia e principalmente a ótica.

As pesquisas em ótica de Grosseteste e Bacon estabeleceram a disciplina como um campo de estudo na universidade medieval e formaram a base para uma duradoura tradição de pesquisa na área.

Tradição que chegou até o início do século XVII, quando Kepler fundou a ótica moderna.

Tomás de Aquino (1227-1274), também conhecido como o Doutor Angélico, foi um frade dominicano e teólogo italiano.

Tal qual seu professor Alberto Magno, é santo Católico e doutor desta mesma Igreja.

Seus interesses não se restringiam à filosofia; também interessou-se pelo estudo de química, tendo publicado uma importante obra química chamada “Aurora Consurgens”.

Entretanto, a verdadeira contribuição de São Tomás para a ciência do período foi ter sido o maior responsável pela integração definitiva do aristotelismo com a tradição escolástica anterior.

Frei João Duns Scot OFM
João Duns Scot (1266-1308), o Doutor Sutil, foi membro da Ordem Franciscana, filósofo e teólogo.

Formado no ambiente acadêmico da Universidade de Oxford, onde ainda pairava a aura de Robert Grosseteste e Roger Bacon, teve uma posição alternativa à de São Tomás de Aquino no enfoque da relação entre a Razão e a Fé.

Para Scot, as verdades da fé não poderiam ser compreendidas pela razão. A filosofia, assim, deveria deixar de ser uma serva da teologia e adquirir autonomia.

Duns Scot foi mentor de outro grande nome da filosofia medieval: William de Ockham.

Jean Buridan (1300-1358) foi um filósofo e padre francês. Embora tenha sido um dos mais famosos e influentes filósofos da Idade Média tardia, ele é hoje um dos nomes menos conhecidos pelo público não-especialista.

Uma de suas contribuições mais significativas foi desenvolver e popularizar da teoria do Ímpeto, que explicava o movimeto de projéteis e objetos em queda livre.

Essa teoria pavimentou o caminho para a dinâmica de Galileu e para o famoso princípio da Inércia, de Isaac Newton.

William de Ockham (1285-1350), o Doutor Invencível, foi um frade franciscano, teórico da lógica e teólogo inglês. Occam defendia o princípio da parcimônia (a natureza é por si mesma econômica), que já podia ser visto no trabalho de Duns Scott, seu professor.

Nicolás d'Oresme
William foi o criador da doutrina conhecida como Navalha de Ockham: se há várias explicações igualmente válidas para um fato, então devemos escolher a mais simples. 

Isso tornou-se parte básica do que viria a ser conhecido como método científico e um dos pilares do reducionismo em ciência.

Occam morreu vítima da peste negra. Jean Buridan e Nicole Oresme foram seus seguidores.

Nicolás d'Oresme (c.1323-1382) foi um gênio intelectual e talvez o pensador mais original do século XIV. Teólogo dedicado e Bispo de Lisieux, foi um dos principais propagadores das ciências modernas.

Além de suas contribuições estritamente científicas, Oresme combateu fortemente a astrologia e especulou sobre a possibilidade de haver outros mundos habitados no espaço.

Ele foi o último grande intelectual europeu a ter crescido antes do surgimento da peste negra, evento que teve impacto bastante negativo na inovação intelectual no período final da Idade Média.

A lista não é exaustiva. Outros nomes relevantes da ciência européia no período medieval incluem:

Beato Hermannus Contractus
-- Beda, o Venerável (672-735), monge e historiador

-- Beato Hermannus Contractus (1013–1054), matemático, astrónomo, teórico da música e compositor,

-- Jordanus de Nemore (por volta de 1200), frade dominicano e matemático, escreveu tratados sobre a ciência dos pesos; os algoritmos nos tratados de aritmética prática; aritmética pura; álgebra; geometria e projeçao estereográfica,

-- Theodoric de Freiberg (1250-1310), físico, autor de um tratado clave para o estudo do arco-irís e a difração da luz e a formação das cores

-- Thomas Bradwardine (1290–1349), matemático, físico e arcebispo de Cantuária, e

-- Nicolau de Cusa (1401-1464), cardeal, teólogo e filósofo marca o afastamento do pensamento medieval aristotélico-tomista e abre as portas para o Humanismo.

A lista foca os nomes da ciência na Europa de língua latina: não inclui, por exemplo, a ciência desenvolvida nos territórios sob domínio Árabe.

A "Idade das Trevas" deveria ser chamada de "Idade do Brilho", ela sob vários pontos de vista foi mais brilhante que a nossa época, diz Professor Anthony Esolen, do Providence College:




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Limpo como na Idade Média

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Preocupações com a qualidade dos alimentos e problemas da cozinha
Luis Dufaur
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A higiene não é uma descoberta dos tempos modernos, mas “uma arte que o século de Luiz XIV menosprezou e que a Idade Média cultuou com amor”, escreveu a historiadora Monique Closson.

Ela é autora de numerosos livros sobre a criança, a mulher e a saúde no período medieval.

No estudo de referência “Limpo como na Idade Media”, a historiadora mostra com luxo de fontes que desde o século XII são incontáveis os documentos como tratados de medicina, ervolários, romances, fábulas, inventários, contabilidades, que nos mostram a paixão dos medievais pela higiene. Higiene pessoal, da cozinha, das oficinas, etc.

As iluminuras dos manuscritos são documentos insubstituíveis onde os gestos refletem o “clima psicológico ou moral da época”.

O zelo pela higiene veio abaixo no século XVI, com a Renascença e o protestantismo.

Milhares de manuscritos, diz Closson, ilustram o costume medieval.

Bartolomeu o inglês, Vicente de Beauvais, Aldobrandino de Siena, no século XIII, com seus tratados de medicina e de educação “instalaram uma verdadeira obsessão pela higiene das crianças”.

Eles descrevem todos os pormenores do banho do bebê: três vezes ao dia, as horas, temperatura da água, perto da lareira para não pegar resfriado, etc..

As famosas Chroniques de Froissart, em 1382, descrevem a bacia para o banho de ouro e prata parte do mobiliário do conde de Flandes. As dos burgueses eram de metais menos nobres e as camponesas em madeira.

A Idade Média atribuía valor curativo ao banho, como ensina Bartolomeu o Inglês no Livro sobre as propriedades das coisas.

Na idade adulta os banhos eram quotidianos. Os centros urbanos tinham banhos públicos quentes copiados da antiguidade romana. Mas, era mais fácil tomar banho quente todo dia em casa.

Médico visitando doente.
Na época carolíngia os palácios rivalizavam em salas de banho com os mosteiros. Conventos e mosteiros muitas vezes mantinham ambulatórios para doentes e funcionavam como hospitais.

Em Paris, em 1292, havia 27 banhos públicos inscritos. São Luis IX os regulamentou em 1268.

Nos séculos XIV e XV, os banhos públicos tiveram um verdadeiro apogeu. Bruxelas, Bruges, Baden, Dijon, Digne, Rouen, Estrasburgo, Chartres... as cidades grandes ou pequenas os acolhiam em quantidade.

Eram vigiados moral e praticamente pelo clero que cuidava da saúde pública. Os hospitais mantidos pelas ordens religiosas eram exímios e davam o tom na matéria.

Regulamentos, preços, condições, etc., tudo isso ficou registrado em abundantes documentos, escreve Closson.

Farmacêutico manipulando remédios naturais
Dentifrícios, desodorantes, xampus, sabonetes, etc., tirados de essências naturais, são elencados nos tratados conhecidos como ervolários feitos nas abadias.

Historiadores como J. Garnier descreveram com luxo de detalhes os altamente higienizados costumes medievais.

As estações termais também eram largamente apreciadas. Flamenca, romance do século XIII, faz o elogio da estação termal de Bourbon-l'Archambault. Imperadores, príncipes, ricos-homens os freqüentavam na Alemanha, Itália, Países Baixos, etc.

A era do ensebamento começou com o fim da Idade Média e durou até o século XX, conclui Monique Closson.

Ao menos até que os movimentos hippies, ecologistas, neo-tribais, etc. voltaram a pôr na moda andar sujo , sem barbear, vestido com blue-jeans e outras peças que estão ou fingem estar em farrapos ou com manchas, que vemos todos os dias na rua, nos transportes, aulas e locais de festa!

(Autor: Monique Closson, "Propre comme au Moyen-Age", Historama N°40, junho 1987)





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Nobilitação do estado matrimonial e proteção da mulher e das crianças: outros legados medievais

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Cerimônia de casamento nos séculos XII e XIII
Cerimônia de casamento nos séculos XII e XIII
Luis Dufaur
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Os bispos carolíngios do século IX tentaram regulamentar o casamento cristão, redigindo uma série de tratados (espelhos).

Neles, o casamento era valorizado, a mulher reconhecida como pessoa com pleno direito familiar e em pé de igualdade com o marido e a violência sexual denunciada como crime grave e do âmbito da justiça pública .

As crianças também foram objeto de reflexão nesses espelhos: a maternidade foi considerada um valor (charitas) e o casal tinha a obrigação de aceitar e reconhecer os filhos.

Assim, a ação da ordem clerical foi dupla: de um lado, os bispos lutaram contra a prática do infanticídio, de outro, os monges revalorizaram a criança, que passou por um processo de educação direcionada, de cunho integral e totalmente igualitária.

A família von Kurneberg, manuscrito Manesse.
O casal von Kurneberg, manuscrito Manesse.
Por exemplo, as escolas monacais carolíngias davam preferência a crianças filhas de escravos e servos ao invés de filhos de homens livres, a ponto de Carlos Magno ser obrigado a pedir que os monges recebessem também para educar crianças filhas de homens livres.

Estes séculos da Alta Idade Média foram cruciais para a implantação do modelo de casamento cristão conhecido por todo o mundo ocidental, para a valorização da mulher como parceira e igual do marido e para a ideia de criança como ser próprio e com necessidades pedagógicas específicas.

Por fim, a sociedade era pensada como o conjunto de pessoas casadas (ordo conjugatorum), e a criança tinha um papel fundamental nessa estrutura, pois era o fim último da união.




(Fonte: Ricardo da Costa, Prof. Adjunto de História Medieval da Universidade Federal do Espírito Santo. Home-page: www.ricardocosta.com riccosta@npd.ufes.br. Texto completo em Mania de História).



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