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Abadias beneditinas: modelos de governo monárquico-aristocráticos-democráticos

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Luis Dufaur
Escritor, jornalista,
conferencista de
política internacional,
sócio do IPCO,
webmaster de
diversos blogs






Continuação do post anterior: Desenvolvimento medieval guiado pela sabedoria monacal




Foi na sala do capítulo, durante as reuniões quotidianas, que nasceram alguns modelos de participação política e de organização do poder ainda em vigor.

O capítulo monástico foi, sem dúvida, o primeiro lugar do Ocidente em que regularmente, diariamente, se verificou a relação dos membros com a Regra, se controlou a respectiva aplicação, se inculcou o seu conteúdo, se reforçou a coesão do grupo.

Porque a vida dos religiosos decorre num regime de direito. Léo Moulin provou, em numerosos estudos, de que forma o estudo das regras e das constituições dos estabelecimentos religiosos é fundamental para a ciência política contemporânea, sublinhando alguns aspectos:

– o carácter misto do governo dos religiosos (monarquia, oligarquia e democracia); isto pelo papel respectivamente confiado ao abade, aos decanos do mosteiro e a toda a comunidade;

– a natureza e a originalidade da sua assembleia legislativa;

– a primazia do poder executivo, primazia essa temperada pela necessidade de esse poder executivo se inclinar perante votos colegiais;

– as origens religiosas das técnicas eleitorais modernas;

– o sistema, complexo e sofisticado, que presidia à eleição do abade (com a participação da “sanior et major pars”), etc.

Lembremos apenas isto: Cister funda a sua Assembleia Supranacional em 1115, habilitando-a a legislar, a modificar ou abrogar as leis, a interpretá-las.






Só o capítulo geral da Ordem, o Parliamentum, pode conceder dispensas e absolvições; esse capítulo elege o superior geral e os seus assistentes; pode destituí-los.

A Assembleia é a fonte de todos os poderes, a Summa Potestas. Isto, repito, em 1115, um século antes da Magna Carta e do seu embrião de regime parlamentar.

Realizações materiais eram consequência da vida religiosa.
Monges rezam em enterro, Huntington Catalog Images, f 192
Comparadas com esta forma elaborada de governo, com estas assembleias regulares submetidas a um código eleitoral e deliberativo extraordinariamente minucioso, as instituições municipais e reais do princípio do século XII parecem bastante toscas.

Tudo o que temos vindo a dizer foi lapidarmente resumido por Taine:

“Pelo seu trabalho inteligente, voluntário, executado em consciência e conduzido a pensar no futuro, o monge produz mais do que o leigo. Pelo seu regime, sóbrio, concentrado, económico, o monge consome menos do que o leigo. É por isso que, aí onde o leigo tinha falhado, ele prospera.”





(Autor: (excertos de) Luís Miguel Duarte, Professor Catedrático de História Medieval na Faculdade de Letras da Universidade do Porto)


FIM



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Moeda medieval, a mais estável em séculos

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Luis Dufaur
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No dia de hoje os jornais anunciam que o real e o peso argentino se sobrevalorizam face ao dólar. Poucos anos atrás naufragavam.

O euro se desvaloriza face à moeda americana, mas até pouco todos clamavam que o euro estava nas nuvens.

Nos EUA não para o berreiro contra o dólar que eles acham "débil", mas Washington gosta assim mesmo.

Na Europa o euro "forte" arrebenta a competitividade das empresas. Xinga-se o yuan chinês supervalorizada, esperneia-se contra o yen japonês.

A ciranda universal não sossega nem para cima nem para baixo, nem na estabilidade.

Amanhã mídia e especialistas falarão o contrário de hoje. E depois de amanhã o contrário do contrário, enquanto correm trilhões de um mercado a outro como fluxos de lava furiosa. Ninguém acha um investimento rentável sossegado.

Entretanto, houve ao menos uma moeda que varou os séculos nimbada de prestigio: o luis de ouro medieval!

São Luís IX, Rei da França, viveu no século XIII e alcançou tal prestígio, que até hoje se encontram com facilidade moedas de ouro cunhadas com sua efígie, sempre bem cotadas.

O povo as respeitava e guardava como se fossem medalhas religiosas, quase como relíquias! Por isso ainda há em abundância.

O reinado do soberano cruzado, contudo, teve lugar há 700 anos!




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Os filhos de São Bento

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São Bento entrega a Regra a São Mauro, Glória da Idade Média
São Bento entrega a Regra a seus monges
Luis Dufaur
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Os resultados da obra de São Bento foram imensos. Tanto em vida como depois de sua morte, multidões de filhos das mais nobres raças da Itália e a elite dos bárbaros convertidos acorrem a Monte Cassino.

Depois eles daí saem, e descem para se espalhar por todo o Ocidente: missionários e trabalhadores, que virão logo a ser os doutores e os pontífices, os artistas e os fundadores de instituições, os historiadores e os poetas da nova sociedade.

São Bento, Lisieux, Glória da Idade Média
São Bento, imagem em Lisieux
Eles vão propagar a paz e a Fé, a luz e a vida, a liberdade e a caridade, a ciência e a arte, a palavra de Deus e o gênio do homem, as Santas Escrituras e as obras de arte, no meio das províncias desesperadas do império destruído, e até o fundo daquelas regiões selvagens que, a grande custo, se conseguiram salvar da destruição dos bárbaros.

Menos de um século depois da morte de São Bento, tudo o que a barbárie havia conquistado sobre a civilização é reconquistado.

Além disso, esses filhos de São Bento se apressam a ir pregar o Evangelho até em rincões nos quais os primeiros discípulos de Cristo não puderam chegar.

Depois da Itália, Gália e Espanha retomadas do inimigo, a Grã-Bretanha, a Germânia e a Escandinávia vão ser uma a uma invadidas, conquistadas e incorporadas à Cristandade.

O Ocidente está salvo. Um novo império é fundado. Um novo mundo começa.

Vinde agora, ó bárbaros! A Igreja nada tem a vos temer.

Reinai onde quiserdes, a civilização não fugirá de vós. Antes, sois vós que defendereis a Igreja e refareis a civilização.

Vós vencestes tudo, conquistastes tudo, revirastes tudo.

Sereis por vossa vez vencidos, conquistados e transformados.

Já nasceram os homens que serão vossos mestres.

Eles tomarão vossos filhos, e até filhos de reis, para os juntar a seu exército.

Tomarão vossas filhas, vossas rainhas, vossas princesas, para as prender em seus monastérios.

Mosteiro de St-Benoît-sur-Loire onde repousam os restos do Patriarca da Cristandade.
Mosteiro de St-Benoît-sur-Loire
onde repousam os restos do Patriarca da Cristandade.
A obra não será curta nem fácil. Mas eles chegarão à meta.

Eles dominarão os povos novos, mostrando-lhes o ideal da santidade, da grandeza, da força moral.

Eles os farão instrumentos do bem e da verdade.

Ajudados por esses vencedores de Roma (os bárbaros), eles levarão o império e as leis de uma nova Roma muito além das fronteiras que o senado fixou ou que os Césares imaginaram.

Eles irão vencer e benzer, lá onde não penetraram nem as águias romanas nem mesmo os apóstolos.

Eles serão os benfeitores de todas as nações modernas.

Serão vistos, ao lado dos tronos de Carlos Magno, de Alfredo, de Othon o grande, criarem com eles a realeza cristã e uma sociedade nova.

Enfim, eles subirão com São Gregório Magno e São Gregório VII até a Sé Apostólica, de onde presidirão, durante séculos de luta e de virtude, os destinos da Europa Católica e da Igreja.

(Fonte: Montalembert, “Les moines d’Occident” - 1878, t. II, p. 74)



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A placidez operosa do copista

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Luis Dufaur
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Um medieval está copiando certo livro. Deveria ser desses copistas profissionais, dos quais alguns eram artistas verdadeiros.

Sentado numa mesa junto à janela, ele está vestido com uma roupa que podemos imaginar de cor entre marrom e preto, ampla, na qual se percebe que ele se movia completamente à vontade, e que o agasalhava bem.

À sua direita, uma janela com vidros de fundo de garrafa, tal vez de cor verde, um pouco dado ao claro, fechada de tal maneira que a luz penetrava da direita para a esquerda, portanto iluminando o trabalho como deveria fazê-lo.

Ele, sentado com rosto plácido, escreve com uma pena de pato grande.

E o copista faz tranquilamente seu trabalho; um trabalho belo, para o qual — percebe-se — ele tem habilidade.

Sem pressa, sem angústia, sem cansaço. Vê-se que está ali sumamente entretido. Ganhando a vida e entretido.

Mas entretido com o quê? Com aquele ambiente que exprimia determinados valores morais.

Por exemplo, o seguinte valor: placidez operosa. A placidez em si é uma qualidade moral.

Uma placidez operativa reúne duas perfeições opostas — porque aparentemente a placidez é o contrário da ação — mas harmônicas.

Não tem noção de que o dia se passou extraordinariamente bem. Para ele foi um dia normal.

Essa normalidade não foi deliciosa, foi apenas deleitável.

A diversão e o prazer são uma exceção na vida. O normal é essa deleitabilidade de cada dia.

É o verdadeiro entretenimento da normalidade, da tranquilidade, da placidez.



(Fonte: “A inocência primeva e a contemplação sacral do universo no pensamento de Plinio Corrêa de Oliveira”, Instituto Plinio Corrêa de Oliveira, São Paulo, 2008, p. 50.)



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São Tomás: segunda e terceira vias para demonstrar a existência de Deus

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Deus Pai, Gar 09, 4v
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SEGUNDA VIA: A CAUSALIDADE EFICIENTE
Uma estátua, ou uma ponte, por exemplo não se fazem sozinhas. Alguém as fez: o escultor ou o engenheiro. Esses são a causa eficiente da estátua ou da ponte.

Eficiente = que faz, como o pai é a causa eficiente do seu filho. Nada aparece por magia.

E quem fez ao escultor, o engenheiro ou o pai do exemplo acima?

Procurando logicamente achamos alguém ou algo que foi o primeiro a fazer algo ou alguns. Essa causa eficiente primeira é Deus.

Assim explica São Tomás de Aquino (“Suma Teológica”, I 2,3):

“Vemos que no mundo do sensível há uma determinada ordem entre as causas eficientes; mas não achamos e não é possível achar alguma coisa que seja sua própria causa, pois em tal caso teria que ser anterior a si mesma, e isto é impossível.

“Ora bem: também não se pode prolongar de modo indefinido a série das causas eficientes, porque, em todas as causas eficientes subordinadas, a primeira é causa da intermediária e esta é causa da última, sejam poucas ou muitas as intermediárias.

São Tomás de Aquino, priorato de São Domingos em Londres
“E já que, suprimida uma causa, se suprime o seu efeito, se não existisse entre as causas eficientes uma que seja a primeira, também não existiria a última nem a intermediária.

“Logo, se se prolongasse indefinidamente a série de causas eficientes, não haveria causa eficiente primeira, e, portanto, nem efeito último nem causa eficiente intermediária, coisa inteiramente falsa.

“Por conseguinte, é necessário que exista uma Causa Eficiente Primeira, à qual chamamos Deus.”


TERCEIRA VIA: A CONTINGÊNCIA DOS SERES

Os seres que vemos são limitados ‒ contingentes ‒ inclusive no tempo e acabam morrendo e se desfazendo. Portanto todos os seres que vemos não existem desde sempre e um dia vão deixar de existir. E portanto houve um momento em que nada existiu.

Se nada existiu, alguém criou.

Esse alguém deve estar desprovido de toda contingência, vive desde sempre e nunca morrerá: é eterno. Esse ser necessário para que qualquer coisa exista, causa de todos os seres contingentes, é Deus.

Assim ensina São Tomás (“Suma Teológica”, I 2,3):

“A terceira via considera o ser possível ou contingente e o necessário, e pode formular-se assim:

“Encontramos na natureza coisas que podem existir ou não existir, pois vemos seres que se engendram ou produzem e seres que morrem ou se destroem, e, portanto, têm possibilidade de existir ou de não existir.

Santíssima Trindade, col. De Ricci
“Ora bem: é impossível que os seres de tal condição tenham existido sempre, já que o que tem possibilidade de não ser houve um tempo em que de fato não existiu.

“Logo, se todas as coisas existentes tiveram a possibilidade de não ser, houve um tempo em que de fato nenhuma existiu.

“Mas, se isto fosse verdade, agora também não existiria coisa nenhuma, porque o que não existe não começa a existir a não ser em virtude do que já existe, e, portanto, se nada existia, foi impossível que começasse a existir alguma coisa, e, consequentemente, não existiria nada agora, coisa evidentemente falsa.

“Por conseguinte, nem todos os seres são meramente possíveis ou contingentes, mas forçosamente há de haver entre os seres algum que seja necessário.

“Mas de duas uma: este ser necessário ou tem a razão da sua necessidade em si mesmo ou não a tem.

“Se a sua necessidade depende de outro, como não é possível admitir uma série indefinida de coisas necessárias cuja necessidade depende de outras ‒ segundo vimos ao tratar das causas eficientes ‒ é forçoso chegar a um Ser que exista necessariamente por si mesmo, ou seja, que não tenha fora de si a causa de sua existência necessária, mas que seja causa da necessidade dos demais.

“E a este Ser absolutamente necessário chamamos Deus.”

Que o ser necessário se identifica com Deus é coisa clara e evidente, tendo em conta algumas das características que a simples razão natural pode descobrir com toda a certeza nele.





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Devoção muito medieval: a Via Sacra meditando a Paixão de Jesus em Jerusalém

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Luis Dufaur
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A Via Sacra‒ também conhecida como Via Crucis, Estações da Cruz ou Via Dolorosa ‒ é uma devoção que consiste numa peregrinação feita em oração e ajudada por uma série de quadros ou imagens que representam cenas da Paixão de Cristo.

A Via Sacra mais conhecida hoje é a rezada no Coliseu de Roma, na Sexta-Feira santa, com a participação do próprio Papa.

As imagens representando as cenas da Paixão podem ser de pedra, madeira ou metal, pinturas ou gravuras.

Elas estão dispostas a intervalos nas paredes ou nas colunas da igreja.

Mas, às vezes podem se encontrar ao ar livre, especialmente nas estradas que conduzem a uma igreja ou santuário. Uma Via Sacra muito conhecida é a do santuário de Lourdes, França.

Nos mosteiros as imagens são muitas vezes colocadas nos claustros.

O exercício da Via Sacra consiste em que os fiéis percorram espiritualmente o percurso de Jesus carregando a Cruz desde o Pretório de Pilatos até o monte Calvário, meditando à Paixão de Cristo.


Dados históricos da devoção

A tradição afirma que a Virgem Santíssima costumava visitar diariamente os locais da Paixão de Cristo.

A Via Dolorosa de Jerusalém foi reverentemente sinalizada desde os primeiros tempos e foi uma meta dos piedosos peregrinos desde os dias do imperador Constantino.

São Jerônimo fala das multidões de peregrinos de todos os países que costumavam visitar os lugares santos e percorriam piedosamente a Via da Paixão de Cristo.

O desejo de reproduzir os lugares sagrados em outras terras, a fim de satisfazer a devoção daqueles que estavam impedidos de fazer a verdadeira peregrinação, apareceu muito cedo.

No século V, São Petrônio, bispo de Bolonha erigiu no mosteiro de São Estévão (Santo Stefano em italiano) um conjunto de capelas com as estações.

O mosteiro ficou familiarmente conhecido como “Hierusalem”.

Tal exercício, muito usual no tempo da Quaresma, teve forte expansão na época das Cruzadas (do século XI ao século XIII).

O romeiro inglês William Wey que visitou a Terra Santa em 1458, em 1462 descreveu a maneira usual para seguir as pegadas de Cristo em Sua jornada de dores redentores.



As 14 Estações

A Via Sacra se tornou uma das mais populares devoções católicas.

O exercício da Via Sacra tem sido muito recomendado pelos Sumos Pontífices, pois ocasiona frutuosa meditação da Paixão do Senhor Jesus.

O número de estações, passos ou etapas, da dolorosa procissão do Bom Jesus, nosso Redentor, foi definido paulatinamente chegando à forma atual, de quatorze estações, ou passos, no século XVI.

As 14 estações são as seguintes: (CLIQUE PARA VER)



1ª Estação: Jesus é condenado à morte


2ª Estação: Jesus carrega a cruz às costas


3ª Estação: Jesus cai pela primeira vez


4ª Estação: Jesus encontra a sua Mãe


5ª Estação: Simão Cirineu ajuda a Jesus


6ª Estação: A Verônica limpa o rosto de Jesus


7ª Estação: Jesus cai pela segunda vez


8ª Estação: Jesus encontra as mulheres de Jerusalém


9ª Estação: Terceira queda de Jesus


10ª Estação: Jesus é despojado de suas vestes


11ª Estação: Jesus é pregado na cruz


12ª Estação: Jesus morre na cruz


13ª Estação: Jesus morto nos braços de sua Mãe


14ª Estação: Jesus é enterrado


Em cada estação é feita uma meditação sobre o passo e o costume é rezar também um Pai Nosso, uma Ave Maria e um Glória ao Padre.

O percurso da Via Sacra não deve ter interrupções. Mas é permitido assistir a uma Missa, confessar e comungar em meio ao piedoso exercício.



A indulgência plenária

Não existe uma devoção mais ricamente dotada de indulgências do que a Via Sacra.

As indulgências estão ligadas à cruz posta sobre as imagens que devem ser canonicamente erigidas.

Condições para ganhar a indulgência

Concede-se indulgência plenária a quem pratique o exercício da Via Sacra. Para que este se possa realizar, requerem-se quatorze cruzes postas em série (com alguma imagem ou inscrição, se possível) e devidamente bentas. O cristão deve percorrer essas cruzes, meditando a Paixão e a Morte do Senhor (não é necessário que siga as cenas das quatorze clássicas estações; pode utilizar algum livro de meditação). Caso o exercício da Via Sacra se faça na igreja, com grande afluência de fiéis, de modo a impossibilitar a locomoção de todos, basta que o dirigente do sagrado exercício se locomova de estação a estação.

Quem não possa realizar a Via Sacra nas condições acima, lucra indulgência plenária lendo e meditando a Paixão do Senhor pelo espaço de meia-hora ao menos.

(cfr. d. Estevão Bettencourt, Catálogo das Indulgências)

Ver também: O que é uma Indulgência, e as condições para ganhar a Indulgência Plenária.




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No início da Idade Média o analfabetismo era geral. No fim foi o triunfo das Universidades

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A barbárie e o analfabetismo foram generalizados no inicio da Idade Média na Europa
A barbárie e o analfabetismo foram generalizados no inicio da Idade Média na Europa
Luis Dufaur
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O esforço intelectual realizado pela Idade Média foi imenso. Para que se possa avaliar o que, em matéria intelectual, a Europa realizou durante a Idade Média, basta comparar a situação cultural em que ela se encontrava no início e no fim desse período histórico.

É necessário voltar sempre à mesma consideração, que é fundamental no Estudo da Idade Média.

Por isso, lembro novamente aos senhores a situação em que as invasões bárbaras e o fragoroso desabamento do Império Romano do Ocidente deixaram a Europa.

Já tive ocasião de dizer aos senhores que os bárbaros eram totalmente analfabetos, e que, na generalidade, nem sequer seus reis sabiam ler e escrever.

Os bárbaros arrasaram a civilização. Roma
Os bárbaros arrasaram a civilização. Roma
Além de analfabetos, eram de tal maneira estranhos a qualquer idéia de civilização, que não eram capazes de compreender e de velar pelos tesouros artísticos e intelectuais que a civilização grego-romana acumulara.

As invasões bárbaras foram grandes irrupções de analfabetismo, na Europa.

Depois de uma longa e penosa ascensão artística e intelectual a Europa, nos últimos séculos da Idade Média, se apresenta em situação diametralmente oposta a esta.

Numerosas e magníficas universidades se encontravam disseminadas por quase todos os países da Europa. Bastará citar as de Paris, Oxford, Cambridge, Salamanca, Heidelberz e Praga, para que os senhores possam ter uma idéia do desenvolvimento intelectual dos estudos superiores da Idade Média.

Na Idade Média a Igreja criou as Universidades. Aula em Universidade medieval. Laurentius de Voltolina
Na Idade Média a Igreja criou as Universidades.
Aula em Universidade medieval.
Laurentius de Voltolina (Bologna, segunda metade século XIV.
Grande parte, senão a quase totalidade destas universidades, ainda subsiste na Europa. E as antigas universidades medievais que ainda existem continuam a ser das mais famosas do mundo inteiro.

Deu-se com as universidades pouco mais ou menos o que se deu com as corporações. Depois de abandonadas em muitos países ‒ que as consideravam como pouco práticas ‒ começaram novamente a ser restauradas.

No Brasil, a fundação das recentes universidades entre as quais a nossa, é um índice bem expressivo de como vai conquistando terreno a idéia da formação dos grandes centros de cultura superior.

Não será ocioso que, em duas palavras, eu lhes lembre o que significa, sob o ponto de vista cultural e didático, uma universidade.

Antes da fundação da Universidade de São Paulo, que tínhamos aqui diversas escolas superiores, entre as quais a nossa Faculdade de Direito, Escola de Medicina e a Escola Politécnica.

Esses estabelecimentos de ensino superior não tinham entre si qualquer vínculo de união, vivendo cada qual sua vida própria e autônoma, sob a direção até de Poderes públicos diversos, pois que nossa Faculdade de Direito era federal e as duas demais escolas eram estaduais.

Universidade Jagellonica, Cracóvia, Polônia
Com a criação da Universidade de São Paulo, a situação se transformou. A Faculdade de Direito foi "estadualizada", isto é, deixou de ser um órgão de ensino federal, para passar a ser estadual.

E, tanto a Faculdade de Direito quanto a Escola de Medicina e a Escola Politécnica, passaram a fazer parte de um mesmo conjunto cultural, submetidas, sem prejuízo de sua autonomia, a uma alta direção comum, que é a Reitoria da Universidade.

No fundo dessa organização, há a ideia de que todos os estabelecimentos de ensino devem ter uma certa unidade de pensamento e de orientação, para que a cultura elaborada pelas escolas superiores seja homogênea nos mais diversos setores do saber humano.

Essa homogeneidade é dada à Universidade pelo estudo da filosofia.

Ora esta concepção é, na sua essência, genuinamente medieval e escolástica. As grandes universidades medievais eram grandes centros de ensino superior, onde, à sombra da filosofia escolástica, e super-entendidas por ela, todas as ciências progrediam.

Como os senhores vêem, não apenas as corporações mas também as universidades entram novamente em voga. E isto atesta mais uma vez que a Idade Média não foi a época do obscurantismo e atraso que se costuma dizer...

Universidade de Louvain, Bélgica
A criação das universidades medievais foi poderosamente estimulada pelos Papas e pelos Reis.

Especialmente os Papas trabalharam com afinco nessa obra, e grande número de universidades ainda hoje existentes foi fundado por decretos pontifícios.

As universidades deram à cultura medieval a magnífica unidade que a caracterizou.

Em lugar de termos, como hoje, uma cultura fragmentária, em que muitos juristas elaboram suas concepções com bases filosóficas que eles repudiam no terreno de suas convicções íntimas ou pessoais.

Em lugar de termos princípios reputados verídicos em Direito e falsos em Medicina, poderíamos ter uma cultura única e uniforme, se uma filosofia comum reunisse os sufrágios de todas as inteligências, como a filosofia escolástica, na Idade Média, reuniu os espíritos.





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Carlos Magno a São Leão III: o imperador protetor da Fé a serviço do Papado

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Carlos Magno, em sua primeira carta ao Papa São Leão III (eleito em 795), falou de seu próprio cargo de protetor da Fé católica nos seguintes termos, capazes de chamar muito a atenção do Sumo Pontífice.
“Conforme ao que pactuei com Vosso Predecessor, quero conservar conVosco uma aliança inquebrantável de amor e lealdade no teor seguinte: da Vossa parte me acompanhará em tudo a Bênção apostólica; e de minha parte estará protegida sempre a Santa Sé”.
À maneira de Clóvis e Pepino, Carlos propunha ao sucessor de São Pedro um verdadeiro pacto bilateral.

Segundo esse, o Papa ficava incumbido de procurar para Carlos a bênção do Céu, que – como já sabemos – significava para o franco não só a bem-aventurança eterna, mas a conquista de todos os povos bárbaros para convertê-los e a obtenção “das coisas boas deste mundo”.

E em troca de tudo isso Carlos Magno defenderia o Papa contra hereges, pagãos, bizantinos e todos os inimigos temporais.
“Meu dever é – continua Carlos – proteger-Vos em todas as partes, com as armas, contra inimigos exteriores, contra ataques dos gentios e a devastação pelos infiéis (ficavam portanto justificadas as guerras contra os bárbaros saxões); e também é meu dever robustecer, no interior, a Santa Igreja, mediante o reconhecimento da Fé católica”.
Mais adiante acrescenta, dirigindo-se ao Papa:
“Vosso dever é ajudar-me nas minhas empresas guerreiras, levantando Vossas mãos a Deus a fim de que o povo católico (a Cristandade do Ocidente) vença sempre e por todas as partes os inimigos do Nome dEle, e a fim de que se glorifique o Nome de Cristo em todo o orbe”.
Esta carta já contém toda a teoria da posição universal do Rei como protetor da Igreja; tão universal é o cargo do protetor como o do Sumo Pontífice.

Carlos Magno, coroado por São Leão III

(Fonte: Guilherme Oncken, “História Universal”, Montaner y Simón, Editores, Barcelona, Tomo XII, pp. 395 e 396.)



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Papa Celestino III: é louvável tomar armas contra os fautores do mal

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Celestino, Bispo, servo dos servos de Deus. Ao caríssimo filho em Cristo, o Rei de Portugal, saudação e bênção apostólica.

Como pelos sagrados cânones seja cominada igual pena aos autores e aos fautores do mal, e não seja menor desprezo impugnarem a fé católica os que se têm por cristãos, porque seria se a deixassem, ou a perseguissem e adotassem a superstição dos bárbaros, pareceu-nos que não deveríamos faltar com o favor apostólico à petição que fazeis, de que a vós e a todos os que fizerem guerra ao Rei de Leão sejam concedidas as mesmas indulgências que a Santa Sé Apostólica tem outorgado aos que militam contra os infiéis e defendem a Cristandade de Espanha, porquanto ele tem tomado à sua conta a defesa dos mesmos infiéis, e em companhia dos mouros luta contra os cristãos.

Nós, respeitando vossa real petição e concedendo pelo teor da presente, a vós e a todos os que fizerem guerra ao dito Rei enquanto permanecer em sua pertinácia, as graças que são concedidas aos que passam à guerra de Jerusalém, ordenamos mais, que todas as terras que vós ou outros quaisquer ganhardes àquele Rei enquanto for contumaz, fiquem livremente a quem as ocupar, sem mais se devolverem ao senhorio do mesmo Rei.

Portanto, a nenhuma pessoa seja lícito infringir ou contrariar temerariamente esta bula de indulgência. E se alguém se atrever a fazê-lo, saiba que há de incorrer na indignação de Deus todo poderoso e dos bem-aventurados S. Pedro e S. Paulo, seus Apóstolos.


(Bula dirigida pelo Santo Padre Celestino III a D. Sancho I de Portugal, a respeito de D. Afonso XII de Leão, em 10 de abril de 1197)




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Em SP: Convite lançamento do livro 'Impressões da Idade Média', do Prof. Ricardo da Costa

Hoje há mais bruxas que na Idade Média?

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Hoje há mais bruxas?
Luis Dufaur
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Na Inglaterra, segundo o censo oficial de 2001, 31.000 mulheres se declararam bruxas por profissão.

Mas, o número real hoje seria muito maior de acordo com o vaticanista de “La Stampa” Giaccomo Galeazzi, em virtude do impulso comunicado às artes diabólicas pela série de filmes e novelas do gênero Harry Potter.

Harry Potter leva ao satanismo, diz ex-bruxa.
Elizabeth Dodd, ex-bruxa de Oxford convertida ao catolicismo, denunciou que o retorno do paganismo e da magia abre as portas a um mundo obscuro do ocultismo e do satanismo, por vezes ligado ao crime ritual.

A Catholic Truth Society de Londres publicou o livrinho “Wicca and Witchcraft, understanding the dangers”, alertando os pais de família para as ameaças contidas nessas práticas condenadas pela Igreja.

Parece que o mundo laicista acabou gerando mais bruxas e contatos com o inferno dos que havia na Idade Média.





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A Igreja e o Reino de Cristo na Terra ‒ A Cristandade (1)

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Luis Dufaur
Escritor, jornalista,
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O que a Idade Média teve de original, malgrado os defeitos humanos atuantes em todas as épocas históricas, é que foi por excelência a era da “Cristandade”.

Isto é realizou o Reino de Cristo nesta terra, em toda a medida permitida pelas circunstâncias da época.

Cristandade: até hoje o termo e a realidade esplendorosa que ele exprime causam polêmica.

Tal vez ninguém a definiu melhor que o Prof. Plinio Corrêa de Oliveira no hoje histórico artigo “A Cruzada do século XX”.

Atendendo a uma intenção didática, achamos melhor apresentar o conteúdo desse ensaio na forma de perguntas e respostas em sucessivos posts.



A finalidade da Igreja vai além da Terra?

Sim. A Igreja Católica foi fundada por Nosso Senhor Jesus Cristo para perpetuar entre os homens os benefícios da Redenção.

Sua finalidade se identifica, pois, com a da própria Redenção: expiar os pecados dos homens pelos méritos infinitamente preciosos do Homem-Deus; restituir assim a Deus a glória extrínseca que o pecado Lhe havia roubado; e abrir aos homens as portas do Céu.

Esta finalidade se realiza toda no plano sobrenatural, e com ordem à vida eterna. Ela transcende absolutamente tudo quanto é meramente natural, terreno, perecível.

Foi o que N. S. Jesus Cristo afirmou, quando disse a Pôncio Pilatos "meu Reino não é deste mundo" (João, 18-36).



A Igreja quer o Reino de Cristo neste mundo?

Sim. Há nos desígnios da Providência uma relação íntima entre a vida terrena e a vida eterna. A vida terrena é o caminho, a vida eterna é o fim.

O Reino de Cristo não é deste mundo, mas é neste mundo que está o caminho pelo qual chegaremos até ele. Assim como a Escola Militar é o caminho para a carreira das armas, ou o noviciado é o caminho para o definitivo ingresso numa Ordem Religiosa, assim a terra é o caminho para o Céu.



Como chegamos ao Céu?

Tornando-nos plenamente semelhantes a Deus, somos capazes de O amar plenamente, e de atrair sobre nós a plenitude de Seu amor. Ficamos, assim, preparados para a contemplação de Deus face a face, e para aquele eterno ato de amor, plenamente feliz, para o qual somos chamados no Céu.



O que é que é a vida terrena, então?

A vida terrena é, pois, um noviciado em que preparamos nossa alma para seu verdadeiro destino, que é ver a Deus face a face, e amá-lO por toda a eternidade.



Se nós formos bons, por quê nos importarmos com a ordem temporal?

Se nossa alma é boa, todas as nossas ações devem ser boas necessariamente, pois que a árvore boa não pode produzir senão bons frutos (Mat.7,17-18).

Assim, é absolutamente necessário, para que conquistemos o Céu, não só que em nosso interior amemos o bem e detestemos o mal, mas que por nossas ações pratiquemos o bem e evitemos o mal no estado que vivemos. Assim devemos agir na ordem temporal.



O Reino de Deus se realiza nesta Terra?
Sim. O Reino de Deus se realiza na sua plenitude no outro mundo, mas para todos nós ele começa a se realizar em estado germinativo já neste mundo.

Tal como em um noviciado, já se pratica a vida religiosa, embora em estado preparatório; e em uma escola militar um jovem se prepara para o Exército... vivendo a própria vida militar.



Qual é o sentido da festa de Cristo Rei?

É a festa de Cristo enquanto Rei Celeste cujo governo já se exerce neste mundo. É Rei quem possui de direito a autoridade suprema e plena. O Rei legisla, dirige e julga.



Quando se efetiva a Realeza de Cristo Rei?

Sua realeza se torna efetiva quando os súditos reconhecem seus direitos, e obedecem a suas leis.

Ora, Jesus Cristo possui sobre nós todos os direitos. Ele promulgou leis, dirige o mundo e julgará os homens.



Qual nossa parte na construção do Reino de Cristo?

Cabe-nos tornar efetivo o Reino de Cristo obedecendo a suas leis.



O Reino de Cristo é um fato social?

O Reinado de Cristo se exerce sobre as almas. Então, a alma de cada um de nós é uma parcela do campo de jurisdição de Cristo Rei.

O Reinado de Cristo será um fato social se as sociedades humanas Lhe prestarem obediência.



Como se realiza o Reino de Cristo nesta Terra?

O Reino de Cristo se torna efetivo na terra, individual e socialmente, quando os homens no íntimo de sua alma como em suas ações, e as sociedades em suas instituições, leis, costumes, manifestações culturais e artísticas, se conformam com a Lei de Cristo.



O Reino de Cristo nesta Terra é eterno?

Não. Por mais concreta, brilhante e tangível que seja a realidade terrena do Reino de Cristo — no século XIII, por exemplo — é preciso não esquecer que este Reino não é senão preparação e proêmio. Na sua plenitude, o Reino de Deus se realizará no Céu: "O meu Reino não é deste mundo...". (João, 18-36).


(Autor: Plinio Corrêa de Oliveira, “A Cruzada do século XX”, Catolicismo nº 1, Janeiro de 1951)




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São Tomás: as vias da perfeição e da ordem do universo para provar que Deus existe

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S.Tomás de Aquino (entre Platão e Aristóteles)
esmaga Averroes. Benozzo Gozzoli.
Luis Dufaur
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QUARTA VIA: OS DIFERENTES GRAUS DE PERFEIÇÃO

Vemos que todas as coisas possuem qualidades: beleza, cor, doçura, etc. E vemos que é necessário que haja em algum lugar algum ser que possua essas qualidades na perfeição.

Procuramos o quadro perfeito, a rosa perfeita, a bebida perfeita, o amigo perfeito, etc.

Esse ser perfeito é uma necessidade. E o ser supremamente perfeito que tem em si todas as qualidades é Deus.

Explica São Tomás (“Suma Teológica”, I 2,3):

“A quarta via considera os graus de perfeição que há nos seres.

“Vemos nos outros seres que uns são mais ou menos bons, verdadeiros e nobres do que outros, e o mesmo acontece com as diferentes qualidades.

“Mas, o mais e menos se atribui às coisas segundo a sua diferente proximidade do máximo, e por isto se diz que uma coisa está tanto mais quente quanto mais se aproxima do calor máximo.



Astrônomos contemplam a esfera celeste,
Harvard University, Houghton Library.
“Portanto, deve existir algo que seja verdadeiríssimo, nobilíssimo, ótimo, e, por isso, ente ou ser supremo; pois, como diz o Filósofo, o que é verdade máxima tem o mais alto valor.

“Ora bem: o máximo em qualquer gênero é a causa de tudo o que naquele gênero existe, e assim o fogo, que tem o máximo calor, é causa do calor de tudo o que é quente.

“Existe, por conseguinte, algo que é para todas as coisas existentes causa do seu ser, de sua bondade e de todas as suas demais perfeições.

“E a esse Ser perfeitíssimo, causa de todas as perfeições, chamamos Deus”.


QUINTA VIA: A FINALIDADE E A ORDEM DO UNIVERSO

Tudo o que existe tem uma finalidade. Inclusive as coisas que não tem inteligência agem visando um fim.

E todas essas coisas agem com uma harmonia de fundo: por exemplo os insondáveis e admiráveis equilíbrios que permitem a existência da vida na Terra.

Esfera celeste, Cambridge, Harvard University,
Houghton Library, MS Typ 007
Logo há uma causa que governa todos esses fatores para que possam atingir harmonicamente o equilíbrio final.

Essa causa chama-se Deus.

Assim, o demonstra São Tomás na “Suma Teológica” (I 2,3):

“A quinta viaé tomada do governo do mundo.

"Vemos, com efeito, que coisas que carecem de conhecimento, como os corpos naturais, operam para um fim, o que se comprova observando que sempre, ou a maior parte das vezes, trabalham da mesma maneira para conseguir o que mais lhe convém; donde se deduz que não tendem a seu fim por casualidade ou ao acaso, mas operando intencionalmente.

“Ora bem: é evidente que o que carece de conhecimento não tende a um fim se não o dirige alguém que entenda e conheça, do mesmo modo que o arqueiro dispara a flecha rumo ao alvo.

“Logo existe um ser inteligente que dirige todas as coisas naturais a seu fim, e a este chamamos Deus.”


Se seu email não visualiza corretamente o vídeo embaixo CLIQUE AQUI

Vídeo sobre as provas racionais da existência de Deus.





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Igreja, Ordem, Paz e Idade Média ‒ A Cristandade (2)

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No que consiste a ordem?

A ordem é a disposição das coisas segundo sua natureza.

Assim, um relógio está em ordem quando todas as suas peças estão ordenadas segundo a natureza e o fim que lhes é próprio: apontar as horas.

Diz-se que há ordem no universo sideral porque todos os corpos celestes estão ordenados segundo sua natureza e fim. A Idade Média tendeu para implantar essa ordem em todas as coisas.

De onde provinha a paz medieval?

A paz medieval vinha do fato que a ordem engendra a tratabilidade. A tranquilidade da ordem é a paz.

Basta ter tranquilidade para ter paz?

Não. Não é qualquer tranquilidade que merece ser chamada paz mas apenas a que resulta da ordem.

Por exemplo, a paz de consciência é a tranquilidade da consciência reta: não pode confundir-se com o letargo da consciência embotada.

O que era a harmonia medieval?

Existe harmonia quando as relações entre dois seres são conformes à natureza e o fim de cada qual.

A harmonia é o operar das coisas umas em relação às outras, segundo a ordem. Essa harmonia impregnou toda a Idade Média.

Qual é a relação entre ordem social e perfeição espiritual?

Quando um ser está inteiramente disposto segundo sua natureza, está em estado de perfeição.

Assim uma pessoa com grande capacidade de estudo, posta em uma Universidade em que haja todos os meios para estudar, está posta em condições perfeitas.

A trajetória dos astros é perfeita, porque corresponde inteiramente à natureza e ao fim de cada qual.

A Idade Média visou pôr nessa perfeição em tudo. Por isso gerou muitos santos.

Qual é a condição essencial da ordem e da paz?

A posse da verdade religiosa é a condição essencial da ordem, da harmonia, da paz e da perfeição.

A vida foi difícil na Idade Média?

Sim. A fidelidade à Lei exige sacrifícios por vezes heroicos dos próprios católicos que vivem no seio da Igreja banhados pela superabundância da graça e de todos os meios de santificação.

Foi o caso da Idade Média.

Se os indivíduos praticam a Lei de Deus, o que acontece na sociedade?

Isto equivale a perguntar o que acontece num relógio em que cada peça trabalha na perfeição. Dá as horas perfeitamente.

Uma sociedade em que todos os fossem bons católicos, seria como a sociedade traçada por Santo Agostinho: imaginemos:

"um exército constituído de soldados como os forma a doutrina de Jesus Cristo, governadores, maridos, esposos, pais, filhos, mestres, servos, reis, juízes, contribuintes, cobradores de impostos como os quer a doutrina cristã!

"E ousem (os pagãos) ainda dizer que essa doutrina é oposta aos interesses do Estado!

"Pelo contrário, cumpre-lhes reconhecer sem hesitação que ela é uma grande salvaguarda para o Estado, quando fielmente observada" (Epíst. CXXXVIII al. 5 ad Marcellinum, cap. II, n. 15).



Qual é o ideal de uma sociedade cristã?

Santo Agostinho, falando da Igreja Católica, exclama:

"Conduzes e instrues as crianças com ternura, os jovens com vigor, os anciãos com calma, como comporta a idade não só do corpo mas da alma. Submetes as esposas a seus maridos, por uma casta e fiel obediência, não para saciar a paixão, mas para propagar a espé­cie e constituir a sociedade doméstica.

"Conferes autoridade aos mari­dos sobre as esposas, não para que abusem da fragilidade do seu sexo, mas para que sigam as leis de um sincero amor. Subordinas os filhos aos pais por uma terna autoridade.

"Unes não só em sociedade, mas em uma como que fraternidade os cidadãos aos cidadãos, as nações às nações, e os homens entre si, pela recordação de seus pri­mei­ros pais.

"Ensinas aos reis a velar pelos povos, e prescreves aos povos que obedeçam os reis.

"Ensinas com solicitude a quem se deve a honra, a quem o afeto, a quem o respeito, a quem o temor, a quem o consolo, a quem a advertência, a quem o encorajamento, a quem a correção, a quem a reprimenda, a quem o castigo; e fazes saber de que modo, se nem todas as coisas a todos se devem, a todos de deve a caridade e a ninguém a injustiça". (De Moribus Ecclesiae, cap. XXX, n. 63).

Seria impossível descrever melhor o ideal de uma sociedade intei­ra­mente cristã. Poderia em uma sociedade a ordem, a paz, a harmonia, a perfeição ser levada a limite mais alto?





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Igreja e Civilização Cristã ‒ A Cristandade (3)

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Se o mundo adotasse a Civilização Cristã resolveria todos os problemas?

Se todos os homens praticassem a Lei de Deus se resolveriam rapidamente todos os problemas políticos, econômicos, sociais, que nos atormentam.

Não se pode esperar uma solução enquanto os homens viverem na inobservância habitual da Lei de Deus.


A sociedade humana realizou alguma vez este ideal de perfeição?

Sem dúvida. Di-lo o imortal Leão XIII: operada a Redenção e fundada a Igreja,

"como que despertando de antiga, longa e mortal letargia, o homem percebeu a luz da verdade, que tinha procurado e desejado em vão durante tantos séculos; reconheceu sobretudo que tinha nascido para bens muito mais altos e muito mais magníficos do que os bens frágeis e perecíveis que são atingidos pelos sentidos, e em torno dos quais tinha até então circunscrito seus pensamentos e suas preocupações. Compreendeu ele que toda a constituição da vida humana, a lei suprema, o fim a que tudo se deve sujeitar, é que, vindos de Deus, um dia devamos retornar a Ele.

"Desta fonte, sobre este fundamento, viu-se renascer a consciência da dignidade humana; o sentimento de que a fraternidade social é necessária fez então pulsar os corações; em consequência, os direitos e deveres atingiram sua perfeição, ou se fixaram integralmente, e, ao mesmo tempo, em diversos pontos, se expandiram virtudes tais, como a filosofia dos antigos sequer pôde jamais imaginar.

"Por isto, os desígnios dos homens, a conduta da vida, os costumes tomaram outro rumo. E, quando o conhecimento do Redentor se espalhou ao longe, quando sua virtude penetrou até os veios íntimos da sociedade, dissipando as trevas e os vícios da antiguidade, então se operou aquela transformação que, na era da Civilização Cristã, mudou inteiramente a face da terra". (Leão XIIIEncíclica "Tametsi futura prospiscientibus", I-XI-1900).

Casimiro III, o Grande, rei da Polônia

O que é a civilização?

Civilização é o estado de uma sociedade humana que possui uma cultura, e que criou, segundo os princípios básicos desta cultura, todo um conjunto de costumes, de leis, de instituições, de sistemas literários e artísticos próprios.



O que é uma civilização católica?

Uma civilização é católica, se for a resultante fiel de uma cultura católica e se, pois, o espírito da Igreja, for o próprio princípio normativo e vital de seus costumes, leis instituições, e sistemas literários e artísticos.



O que é então a Civilização Cristã e a cultura cristã?

A civilização cristã é uma luminosa realidade feita de uma ordem e uma perfeição antes sobrenatural e celeste do que natural e terrestre, produto da cultura cristã, a qual por sua vez é filha da Igreja Católica.



O que é a cultura católica?

A cultura católica é o cultivo da inteligência, da vontade e da sensibilidade segundo as normas da moral ensinada pela Igreja.

Ela se identifica com a própria perfeição da alma.

Se ela existir na generalidade dos membros de uma sociedade humana, ela será um fato social e coletivo.

E constituirá um elemento — o mais importante — da própria perfeição social.


(Autor: Plinio Corrêa de Oliveira, “A Cruzada do século XX”, Catolicismo nº 1, Janeiro de 1951)



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A civilização cristã e a sociedade perfeita ‒ A Cristandade (4)

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A civilização cristã é a sociedade perfeita?

Sim. Se Jesus Cristo é o verdadeiro ideal de perfeição de todos os homens, uma sociedade que aplique todas as Suas leis tem de ser uma sociedade perfeita, a cultura e a civilização nascidas da Igreja de Cristo tem de ser forçosamente, não só a melhor civilização, mas, a única verdadeira. Di-lo o Santo Pontífice Pio X:

"Não há verdadeira civilização sem civilização moral, e não há verdadeira civilização moral senão com a Religião verdadeira". (Carta ao Episcopado Francês, de 28-VIII-1910, sobre "Le Sillon"). 

De onde decorre com evidência cristalina que não há verdadeira civilização senão como decorrência e fruto da verdadeira Religião.



A ação da Igreja sobre os homens é só individual?

Não, Ela forma também povos, culturas, civilizações.



Por quê?

Porque Deus criou o homem naturalmente sociável, e quis que os homens, em sociedade, trabalhassem uns pela santificação dos outros.



Os demais homens nos influenciam?

Sim. Temos todos, pela própria pressão do instinto de sociabilidade, a tendência a comunicar em certa medida nossas ideias aos outros, e, em certa medida, em receber a influência deles. Isto se pode afirmar nas relações de indivíduo a indivíduo, e do indivíduo com a sociedade.



As leis, costumes, culturas nos influenciam?

Os ambientes, as leis, as instituições em que vivemos exercem efeito sobre nós, têm sobre nós uma ação pedagógica.

Resistir inteiramente ao ambiente ruim, cuja influência nos penetra até por osmose e como que pela pele, é obra de alta e árdua virtude.

E por isto os primitivos cristãos não foram mais admiráveis enfrentando as feras do Coliseu, do que mantendo íntegro seu espírito católico embora vivessem no seio de uma sociedade pagã.



A cultura e a civilização são meios de salvação da alma?

Sim. A cultura e a civilização são fortíssimos meios para agir sobre as almas. Agir para a sua ruína, quando a cultura e a civilização são pagãs.

Para a sua edificação e sua salvação, quando são católicas.

Por isso, a Igreja não pode desinteressar-se em produzir uma cultura e uma civilização, e se contentar em agir sobre cada alma a título meramente individual.



Todo cristão é um foco de Civilização Cristã?

Sim. Toda a alma sobre a qual a Igreja age, e que corresponde generosamente a tal ação, é como que um foco ou uma semente da civilização cristã, que ela expande ativa e energicamente em torno de si.

A virtude transparece e contagia. Contagiando, propaga-se. Agindo e propagando-se tende a transformar-se em cultura e civilização católica.



A Igreja pode não produzir uma Civilização e uma cultura católicas?

Não. O próprio da Igreja é de produzir uma cultura e uma civilização cristã. É de produzir todos os seus frutos numa atmosfera social plenamente católica.



O fiel deve desejar a Civilização Cristã?

Sim. O católico deve aspirar a uma civilização católica como o homem encarcerado num subterrâneo deseja o ar livre, e o pássaro aprisionado anseia por recuperar os espaços infinitos do Céu.



Qual é, em resumo, o ideal católico hoje?

E é esta nossa finalidade, nosso grande ideal. Caminhamos para a civilização católica que poderá nascer dos escombros do mundo de hoje, como dos escombros do mundo romano nasceu a civilização medieval.

Caminhamos para a conquista deste ideal, com a coragem, a perseverança, a resolução de enfrentar e vencer todos os obstáculos, com que os Cruzados marcharam para Jerusalém.

Porque, se nossos maiores souberam morrer para reconquistar o sepulcro de Cristo, como não queremos nós filhos da Igreja como eles lutar e morrer para restaurar algo que vale infinitamente mais do que o preciosíssimo sepulcro do Salvador, isto é, seu reinado sobre as almas e as sociedades, que Ele criou e salvou para O amarem eternamente?


(Autor: Plinio Corrêa de Oliveira, “A Cruzada do século XX”, Catolicismo nº 1, Janeiro de 1951)



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Cristandade e Idade Média ‒ A Cristandade (5)

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Coroacão do imperador do Sacro Império em Frankfurt,
pelos bispos de Mainz, Colonia e Trier
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Existiu a Cristandade?

Sim. Sob o influxo de todas as energias naturais e sobrenaturais entesouradas nas nações cristãs, foi emergindo lentamente do caos da barbárie na alta Idade Média, a sociedade civil cristã, A Cristandade.

Sua beleza, de início indecisa e sutil, mais promessa e esperança que realidade, foi se afirmando a medida que, com o escoar dos séculos de vida cristã, a Europa batizada "crescia em graça e santidade".


O que nasceu na Idade Média?

Nasceram os reinos, e as estirpes fidalgas, os costumes corteses, e as leis justas, as corporações e a cavalaria, a escolástica e as universidades, o estilo gótico e o canto dos menestréis, por exemplo.


A Idade Média atingiu o máximo da Civilização?

Não. Ela não atingiu o máximo de seu desenvolvimento. Muito ainda haveria que progredir.


Então, de onde vem o encanto da Idade Média?

O encanto grandioso e delicado da Idade Média não provém tanto do que ela realizou, como da harmonia profunda e da veracidade cintilante dos princípios sobre os quais ela construiu.

Áustria
Ninguém possuiu como ela, o conhecimento profundo da ordem natural das coisas; ninguém teve como ela o senso vivo da insuficiência do natural — mesmo quando desenvolvido na plenitude de sua ordem própria — e da necessidade do sobrenatural; ninguém como ela, brilhou ao sol da influência sobrenatural com mais limpidez e na candura de uma maior sinceridade.


Como eram os homens que fizeram a Idade Média?

Eram homens que lutaram e sofreram na realização do ideal da Civilização Cristã, e que na sua caminhada muitas vezes recuaram ou desfaleceram ao longo do caminho; mas de homens que sempre continuaram fiéis ao seu ideal, ainda mesmo quando dele se afastavam por seus atos.

E dai uma consonância profunda de todas as instituições, de todos os costumes, de todas as tradições nascidas nessa época, não só com as circunstâncias contingentes e transitórias do tempo em que surgiram, mas com as exigências genéricas da alma humana "naturaliter christiana" e as tendências espirituais peculiares aos povos do Ocidente.


A Civilização Cristã é igual por toda parte?

Sim na essência, não na concretização em cada país.

Toda a civilização cristã há de ser inteiramente cristã, católica, universal, mas há de se ajustar, há de respeitar, há de desenvolver e estimular as características de cada região, e de cada povo.


Então deve respeitar as características locais?

Sim. A sociedade cristã vive de acordo com a ordem natural. E, por isto, ela há de respeitar integralmente as características regionais de cada povo ou região.

Budapest, Hungría.
Respeitar e desenvolver, porque essas características são dons de Deus, e todos os dons de Deus merecem desenvolvimento.

Nos séculos de civilização cristã, cada povo teve, pois, suas características próprias, bem definidas.


Onde a alma nacional se encontra melhor?

A alma nacional, em todas as suas aspirações universais e humanas, em todas as suas aspirações nacionais e locais, encontra plena e ordenada expansão dentro da civilização cristã.

Dai a enorme variedade de formas de governo e de organização social ou econômica, de expressões artísticas e de produções intelectuais, nas varias nações da Europa medieval.


Do que servem os símbolos e a cultura nacional?

Os símbolos são um patrimônio nacional, uma condição essencial para a sobrevivência e progresso espiritual da nação.

Eles tem uma consonância indefinível e profunda com a mentalidade nacional, uma consonância que é natural e verídica, e não puramente fictícia e convencional.

Por isto, em via de regra, cada povo elabora uma só arte, uma só cultura e nela caminha enquanto existe.

O maior tesouro natural de um povo é a posse de sua própria cultura, isto é, quase a posse de sua própria mentalidade.

Escudo do Reino das Duas Sicílias


Quem pode admirar a Civilização Cristã?

Fora da Igreja uma civilização cristã só pode ser admirada pelas almas que tendem para o Catolicismo.

Dentro da Igreja só pode ser admirada e vivida pelas almas que vivem do Catolicismo.

Ela é incompreensível, é cheia de tédio, é odiosa até em sua superioridade solar, para as almas que começam a abandonar a Igreja, ou que, do lado de fora, blasfemam contra ela.

A civilização cristã só viveu plenamente, enquanto a Europa foi sincera e profundamente católica.


Qual é a grande tragédia da civilização?

A grande tragédia da civilização ocidental foi precisamente a ruptura com o Catolicismo que, no século XVI, arrebatou ao grêmio da Igreja as nações protestantes.

Essa apostasia foi aprofundada no terreno civil pela Revolução Francesa de 1789 e a Revolução comunista de 1917. Essas revoluções foram completadas pela Revolução da Sorbonne de Maio de 1968.

Todas elas somadas em cadeia formam uma só Revolução com R maiúsculo. A Revolução é a causa do caos de hoje e, portanto da grande tragédia da civilização.


(Autor: Plinio Corrêa de Oliveira, “A Cruzada do século XX”, Catolicismo nº 1, Janeiro de 1951) 




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Elogio dos Templários feito por São Bernardo de Claraval

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São Bernardo de Claraval. Francesco di Antonio del Chierico,
Biblioteca Apostolica Vaticana, ms urb lat 93 f 7v
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De uma carta de São Bernardo a Hugo, templário. Estas palavras iniciam o famoso panegírico "Em louvor da Nova Milícia" (De Laude Novae Militiae) composto pelo santo:

Pediste-me uma, duas ou três vezes, se não me engano, Hugo caríssimo, que fizesse uma exortação para ti e teus cavaleiros.

E como não me era permitido servir-me da lança contra as agressões dos inimigos, desejaste que, pelo menos, empregasse minha língua e meu gênio contra eles, assegurando-me que eu te faria um favor se animasse com minha pena aqueles que não posso animar pelo exercício das armas.

Voa por todo o mundo a fama do novo gênero de milícia que se estabeleceu no país em que o Filho de Deus encarnou-se e expulsou pela força de seu braço os ministros da infidelidade.

Este é um gênero de milícia não conhecido nos séculos passados, no qual se dão ao mesmo tempo dois combates com um valor invencível: contra a carne e o sangue e contra os espíritos de malícia espalhados pelos ares.

Em verdade, acho que não é maravilhoso nem raro resistir generosamente a um inimigo corporal somente com as forças do corpo.

Tampouco é coisa muito extraordinária, se bem que seja louvável, fazer guerra aos vícios ou aos demônios com a virtude do espírito, pois se vê todo o mundo cheio de monges que estão continuamente neste exercício.

Mas quem não se pasmará por uma coisa tão admirável e tão pouco usada como é ver a um e outro homem poderosamente armado dessas duas espadas, e nobremente revestido do caráter militar?

Certamente esse soldado é intrépido e está garantido por todos os lados. Seu espírito se acha armado do elmo da fé, da mesma forma que seu corpo da couraça de ferro.

São Bernardo de Claraval. Vicente Berdusán Osorio (1671-1673).
Estando fortalecido por essas duas espécies de armas, não teme nem aos homens nem aos demônios.

E digo mais: não teme a morte, posto que deseja morrer.

Com efeito, o que pode fazer temer, seja a morte ou a vida, quem encontra sua vida em Jesus Cristo e sua recompensa na morte?

É certo que ele combate com confiança e com ardor por Jesus Cristo, entretanto deseja mais morrer e estar com Jesus Cristo, porque este é seu fim supremo.

Eia, pois, valorosos cavaleiros, marchai com segurança, expulsai com uma coragem intrépida os inimigos da Cruz de Nosso Senhor, e estai certos de que nem a morte nem a vida poderão separar-vos da caridade de Deus, que está em Jesus Cristo.

Pensai com frequência, durante o perigo, nestas palavras do Apóstolo: "Vivamos ou morramos, somos de Deus".

Oh! Com quanta glória voltam do combate esses vencedores!

Oh! Com quanta ventura morrem esses mártires na peleja!

Regozija-te, campeão valoroso, de viver no Senhor, mas regozija-te ainda mais de morrer e ser unido ao Senhor. Sem dúvida tua vida é frutuosa e tua vitória gloriosa, mas tua morte sagrada deve ser preferida com justa razão a uma e a outra.

Pois se os que morrem no Senhor são bem-aventurados, quanto mais não o serão aqueles que morrem pelo Senhor?

Em verdade, de qualquer maneira que se morra, seja no leito, seja na guerra, a morte dos santos será sempre preciosa diante de Deus. Mas a que ocorre na guerra é tanto mais preciosa, tanto maior é a glória que a acompanha.

Oh! Que segurança, repito, há na vida que espera a morte sem temor nenhum!

Oh! Deseja-a com ânsia e recebe-a com devoção!

Oh! Quão santa e segura é esta milícia, e quão livre e isenta está desse duplo perigo em que se acham ordinariamente as gentes de guerra, que não têm Jesus Cristo por fim de seus combates!

Porque tantas vezes como entras na peleja — tu, que não combates senão por um motivo temporal — deves ter temor de matar a teu inimigo quanto ao corpo, e a ti mesmo quanto à alma, ou talvez de ser morto por ele quanto ao corpo e quanto à alma juntamente.

Pois o perigo ou a vitória do cristão se deve considerar, não pelo sucesso do combate, mas pelo afeto do coração. Se a causa daquele que peleja é justa, seu êxito não pode ser mau, assim como o fim não pode ser bom se é defeituoso o motivo e torta sua intenção.

Se, com a vontade de matar a teu inimigo, tu ficas estendido, morres fazendo-te homicida. E se ficas vencedor, e fazes perecer a teu contendor com o desígnio de triunfar dele e de vingar-te, vives homicida.

Pois quer morras, quer vivas, quer sejas vitorioso ou vencido, de nenhum modo te é vantajoso ser homicida.

Quartel geral do Templários, profanado e transformado
na atual mesquita de Al Aqsa, na Esplanada do Templo, Jerusalém
Desgraçada vitória a que te faz sucumbir ao vício, ao mesmo tempo que triunfar de um homem. Em vão te glorias de ter triunfado de teu inimigo, quando a cólera e a soberba te reduzem à escravidão.

A milícia secular

Qual é o fim e o fruto, não digo desta milícia (o Templo), mas da milícia secular, quando aquele que mata peca mortalmente, e aquele que é morto perece por uma eternidade?

Servindo-me das palavras do Apóstolo: "Aquele que semeia o grão deve fazê-lo na esperança de gozar de seu fruto".

Mas dizei-me, valentes do século: que ilusão espantosa é esta e que insuportável furor é este, de combater com tantas fadigas e gastos, sem outro salário que o da morte e o do crime?

Cobris os cavalos de belos ornamentos de seda, forrais as couraças com ricas fazendas, pintais as lanças, os escudos e as selas, levais as rédeas dos cavalos e as esporas cobertas de ouro, de prata e de pedrarias, e com toda essa pompa brilhante vos precipitais na morte, com furor vergonhoso e com uma estupidez que não tem menor discernimento.

São equipagens de guerra ou são o adorno de mulheres? Pensais que a espada do inimigo terá respeito ao ouro que levais? Que preservará vossa pedraria, e que não será capaz de transpassar essas belas fazendas de seda?

Enfim eu julgo, e sem dúvida vós o experimentais com bastante frequência, que há três coisas que são inteiramente necessárias: é mister que o prudente e valoroso cavaleiro tenha muito domínio sobre si, para enganar os golpes do adversário; que tenha iniciativa e habilidade, para mover-se de qualquer lado; que esteja sempre preparado para carregar sobre o inimigo.

Mas vós fazeis tudo ao contrário: levais, como as damas, grandes cabeleiras, que vos atrapalham para atingir o que tendes em volta; embaraçais as pernas com vossas longas vestimentas; envolveis vossas fracas e delicadas mãos com grandes véus.

Mas acima de tudo isso, o que deve assustar mais a consciência dos combatentes é que ordinariamente se empreende uma guerra muito perigosa por motivos muito ligeiros e de nenhuma importância.

Efetivamente, o que suscita os combates e as querelas entre vós não é, o mais das vezes, outra coisa senão um movimento de cólera pouco razoável, um certo apetite de vanglória ou o avaro desejo de possuir um pedaço de terra.

Com semelhantes causas, não há nenhuma segurança em matar um homem ou em ser morto.

continua no próximo post: São Bernardo: "muito mais justo é combatê-los agora do que sofrer sempre o jugo dos pecadores"



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São Bernardo: "é muito mais justo combater agora o jugo dos pecadores do que sofré-lo sempre"

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São Bernardo de Claraval fez alto elogio  dos cavaleiros que empunham as armas por Cristo
São Bernardo de Claraval fez alto elogio
dos cavaleiros que empunham as armas por Cristo
Luis Dufaur
Escritor, jornalista,
conferencista de
política internacional,
sócio do IPCO,
webmaster de
diversos blogs




continuação do post anterior: Elogio dos Templários feito por São Bernardo de Claraval

A milícia do Templo

Mas o mesmo não se dá com os Cavaleiros de Jesus Cristo, pois combatem somente pelos interesses de seu Senhor, sem temor de incorrer em algum pecado pela morte de seus inimigos e sem perigo nenhum pela sua própria, porque a morte que se dá ou recebe por amor de Jesus Cristo, muito longe de ser criminosa, é digna de muita glória.

Por um lado se adquire em ganho para Nosso Senhor, por outro é Jesus Cristo mesmo que o adquire; porque Ele recebe com gosto a morte de seu inimigo em seu desagravo, e se entrega com mais gosto ainda como consolo de seu soldado fiel.

Assim, o soldado de Jesus Cristo mata com segurança o seu inimigo e morre com maior segurança.

Se morre, faz o bem para consigo; se mata, o faz para Jesus Cristo; porque não é em vão que ele leva ao lado a espada, pois é ministro de Deus pata tirar vingança sobre os maus e defender pela virtude os bons.

Certamente, quando se mata um malfeitor, não se passa por homicida. Antes, se me é permitido falar assim, por malicida. Passa por ser o justo vingador de Jesus Cristo na pessoa dos pecadores, e por ser o legítimo defensor dos cristãos.

E quando ele perde a vida, é antes uma vantagem do que uma perda. Pois a morte que dá a seu inimigo é um ganho para Nosso Senhor, e a que recebe é sua ventura verdadeira.

 Um cristão se glorifica na morte de um pagão, porque Jesus Cristo é glorificado nela; e a liberalidade do Rei dos Reis se torna manifesta na morte de um soldado cristão, porque ele é levado da terra para o prêmio.

À vista do mau, o justo se regozijará vendo a vingança executada nele. Do bom, dirão os homens: "Ficará o justo sem recompensa? Não há Deus que é seu juiz sobre a terra?"

É certo que não se deveria exterminar os pagãos se houvesse algum outro meio de punir e evitar os maus tratos e opressões violentas que eles exercem contra os cristãos.

Mas é muito mais justo combatê-los agora do que sofrer sempre o jugo dos pecadores sobre os justos, assim os bons não cometerão iniqüidades com os pecadores.

Com efeito, se de nenhum modo fosse permitido a um cristão fazer guerra, por que teria o precursor do Salvador declarado no Evangelho que os soldados devem estar contentes com seu pagamento, e não proibiu toda sorte de guerra?

Se, como é certo, este é um emprego lícito para todos aqueles que Deus destinou a ele, e não estão empenhados em outra profissão mais perfeita, quem — vos pergunto — o pode servir com mais vantagens do que nossos valorosos cavaleiros, que pela força de seu braço e de sua coragem conservam generosamente a cidade de Sion como o baluarte mais forte de toda a Cristandade, a fim de que, expulsos dele os inimigos da lei de Deus, possam as nações fiéis, que guardam a verdade, entrar ali com toda segurança?

Dispersai, pois, e dissipai com firmeza os infiéis que buscam a guerra, e sejam exterminados aqueles que nos conturbam continuamente; lançai fora da cidade do Salvador todos os ímpios que cometem a iniqüidade, que desejam roubar os inestimáveis tesouros do povo cristão dos quais a cidade de Jerusalém é o sagrado depósito, os que desejam profanar as coisas santas e possuir o santuário de Deus, como se fosse herança sua.

Sejam vibradas as duas espadas dos fiéis contra as cervizes dos inimigos, a fim de destruir toda cultura que queira elevar-se contra a ciência de Deus, que é a fé dos cristãos, para que os gentios não digam um dia: onde está o Deus destas nações?

Então, expulsos os inimigos de sua casa, Nosso Senhor mesmo voltará à sua herança, da qual predisse em sua cólera: "Vede que vossa casa ficará desamparada como um deserto"; e à qual se refere, pela boca de seu profeta, nestas palavras: "Desejei minha casa e abandonei minha herança".

Será cumprida esta profecia de Jeremias: "O Senhor resgatou seu povo e o libertou; e eles virão e se regozijarão sobre a montanha de Sion, e gozarão com prazer dos bens do Senhor".

Alegra-te, ó Jerusalém, e reconhece o tempo de tua visita. Regozijai-vos e entoai cânticos de gratidão, desertos de Jerusalém, porque Deus consolou seu povo, livrou Jerusalém e mostrou a força de seu braço santo à vista de todos os gentios.

A vida dos cavaleiros templários

É mister agora que, para exemplo ou confusão de nossos soldados, digamos umas palavras da vida e dos costumes dos cavaleiros de Jesus Cristo, e de que maneira se portam na guerra e em sua vida particular, a fim de fazer conhecer melhor a diferença que há entre a milícia de Deus e a do século.

Primeiramente, quer na guerra, quer na paz, guarda-se perfeitamente a disciplina e a obediência exata, porque, segundo o testemunho da Escritura, "o menino que vive sem disciplina perecerá".

E também: "é um crime de magia resistir, e um pecado de idolatria não querer obedecer".

Vai-se e vem ao primeiro sinal daquele que manda, veste o que se dá e não ousa buscar em outra parte nem a vestimenta, contentando-se em satisfazer apenas as necessidades.

Todos vivem em comum, em uma sociedade agradável e modesta; sem mulheres e sem filhos, a fim de que nada falte à perfeição evangélica; moram todos juntos numa mesma casa, sem propriedade alguma particular, tendo um cuidado muito grande em conservar a unidade de espírito no laço da paz.

Dir-se-ia que toda essa multidão de pessoas não tem senão um coração e uma só alma. Cada um procura com cuidado não seguir sua própria vontade, mas sim obedecer pontualmente à ordem do superior.

Não estão jamais ociosos nem correm daqui para lá, desejando satisfazer sua curiosidade. Mas quando não estão em marcha, o que sucede raras vezes, estão sempre ocupados, para não comer ociosamente seu pão, em refazer o que estragou-se de suas armas e de seus hábitos, em reparar o que está demasiadamente velho ou em colocar em ordem o que está fora do lugar.

Enfim, em trabalhar em tudo aquilo que a vontade do Grão-Mestre ou a necessidade comum prescreve.

Entre eles não há acepção de pessoas. Tem-se consideração pela generosidade, e não pela maior nobreza. Apressam-se em honrar-se mutuamente e em carregar as cruzes do próximo, a fim de cumprir por este meio a lei de Jesus Cristo.

Hábito e armas de um templário
Hábito e armas de um templário
Uma palavra insolente, uma ação inútil, um risco imoderado, uma leve queixa ou a menor murmuração não ficam jamais sem castigo neste lugar.

Desprezam e têm horror aos cômicos e aos mágicos, aos contos de fantasias, às canções burlescas e a toda sorte de espetáculos e de comédias, como vaidades e loucuras falsas.

Levam seus cabelos curtos, sabendo que, segundo o Apóstolo, é vergonhoso a um homem cuidar de sua cabeleira.

Quando estão prestes a entrar em guerra, fortificam-se por dentro com a fé e por fora com as armas de aço não douradas, para, assim armados sem ornamentos preciosos, infundir terror aos inimigos, em vez de excitar sua avareza.

Cuidam muito de ter bons cavalos, fortes e ligeiros, e não reparam que sejam de pelagem bonita ou estejam ricamente ajaezados. Pensam mais em combater do que em apresentar-se com fausto e pompa.

Aspirando à vitória e não à vanglória, procuram fazer-se mais respeitar do que admirar por seus inimigos.

Jamais marcham em confusão e com impetuosidade, nem se precipitam às pressas nos perigos, pelo contrário estão sempre em seus postos com uma precaução e prudência inimagináveis.

Entram em batalha na mais bela ordem, segundo o que está escrito do povo de Deus: "Os verdadeiros israelitas marcham para a batalha com o espírito pacífico.

Mas chegados ao embate, põem de lado a mansidão costumeira, como se dissessem: ‘Não é certo que eu aborreço a todos que vos aborrecem, Senhor, e que me consumo de cólera contra vossos inimigos?’"

Lançam-se como leões sobre seus adversários, olhando as tropas inimigas como rebanhos de ovelhas.

Mesmo que muito poucos em número, não temem de maneira alguma a multidão de seus soldados nem sua crueldade bárbara.

Estão igualmente ensinados a não confiarem em suas próprias forças, mas a esperam do poder do Deus dos Exércitos, ao qual é fácil, segundo a sentença do generoso Macabeu, entregar as numerosas fileiras inimigas nas mãos de um punhado de pessoas, não fazendo, para Deus do céu, nenhuma diferença em livrar seu povo com muita ou pouca gente.

Video: Montgisard: um punhado de templários mas o rei Balduíno IV o leproso derrotam a Saladino




Porque a vitória da guerra não vem do grande número de soldados, mas de um favor do céu. Isto eles têm experimentado frequentemente, até ter visto muitas vezes um milhar de homens posto em fuga por um só, e dez mil por dois somente.

Enfim, vê-se todavia no dia de hoje, por uma graça singular e admirável, que eles são mais mansos que cordeiros e mais ferozes que leões.

De tal forma que, de boa fé, fico indeciso em dizer se deve-se qualificá-los com o nome de monges ou de cavaleiros, e me pergunto se não seria melhor chamá-los com um e outro nome, posto que têm a mansidão dos monges e a força dos soldados.

O que se pode dizer aqui, senão que é Deus mesmo o autor dessas maravilhas que vemos com pasmo diante de nossos olhos?

É Deus, volto a dizer, quem escolheu para si tais servos e os juntou de todas as extremidades da terra, dentre os mais valentes de Israel, para guardar animosamente o leito do verdadeiro Salomão, isto é, o Santo Sepulcro, com a força de suas armas e com sua destreza nos combates.

FIM




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Ordens religiosas: austeridade, estudo e trabalho manual

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Monges cantando o Ofício Divino
Monges cantando o Ofício Divino
Luis Dufaur
Escritor, jornalista,
conferencista de
política internacional,
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A imagem do clero na Idade Média correspondia à categoria dessa classe social. Quer dizer, a classe superior.

Na imagem aparece figuras mais magras do que as outras que podemos ver na iconografia medieval do povo.

Positivamente era a classe social onde mais se jejuava e onde mais se sentia fome na Idade Média.

As regras das Ordens religiosas eram muito severas e apresentavam exigências de jejuns enormes, cumpridos muito à risca pelos sacerdotes e pelos religiosos, em geral verdadeiros ascetas.

Os monges usavam tonsura, um modo de cortar o cabelo que formava uma aureóla, ou algo parecido.

O hábito dos monges tonsurados é branco, sem nenhuma pretensão humana.

Eles não são homens com a saúde destroçada, mas o jejum está na cara.

Eles, que tanto jejuam, está cantando o Ofício divino.

O estudo era o companheiro inseparável do jejum.

Frei Gonzalo de Illescas, Francisco de Zurbarán,
claustro mercedário de Sevilha
Num retrato do religioso mercedário Frei Gonçalo de Illescas, pintado por Francisco de Zurbarán (Badajoz 1598 — Madri 1664), famoso pintor espanhol.

O frade está no seu quarto, estudando, em longas horas de isolamento, de vida intelectual.

Um detalhe no quadro nos apresenta o mesmo religioso fazendo caridade com pobres, velhos e doentes na porta do mosteiro.

Não se tratava de um religioso que se refugiava no estudo esquecendo dos demais.

O clero foi a classe intelectual por excelência na Idade Média.

Todos os historiadores, mesmo os mais superficiais, reconhecem que se a cultura clássica não morreu, é porque foi recolhida nos conventos medievais.

Neles, os grandes escritos da Antiguidade foram assiduamente estudados pelo clero, que comunicou a sua cultura à classe universitária.

A classe dos professores universitários antes nunca existiu.

Ela nasceu do zelo do clero e contou, durante toda a Idade Média e especialmente nos primeiros séculos da era medieval, com muitos clérigos como professores e alunos.

Monges trabalhando a horta do mosteiro
Monges trabalhando a horta do mosteiro
Numa outra foto podemos perguntar: Quem são esses? São camponeses plebeus?

Não. São clérigos. Percebe-se, pelo fato de usarem um escapulário que desce a partir de uma espécie de pelerine.

Eles estão com um capuz, ceifando o trigo na plantação da abadia que está perto.

“Ora et Labora”, diz a regra de São Bento, a mais acatada na Idade Média: “reza e trabalha”.

Muitas Ordens religiosas impunham ao religioso, como elemento para a formação, ao lado do estudo, da penitência e da oração, o trabalho manual.

Então, esses homens, verdadeiros intelectuais, muitas vezes cumpriam os trabalhos da terra com satisfação. Essa tradição, aliás, se mantém ainda hoje em inúmeras Ordens religiosas.


(Autor: Plinio Corrêa de Oliveira, 22.04.73. Sem revisão do autor.)




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